Uma policial penal a serviço de uma facção criminosa. Isso mesmo. Essa é a investigação que está sendo feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Uma operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) buscas prova do envolvimento de uma mulher de 29 anos que é acusada de facilitar a entrada de drogas e celulares na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba (PEFG).
De acordo com o Ministério Público, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão na residência da policial penal, em Canoas, na capital Porto Alegre, na Penitenciária Feminina de Guaíba, Frederico Westphalen e em uma empresa na cidade de Palmitos, em Santa Catarina, da qual a policial é sócia. Em uma revista geral feita pela SUSEPE na PEFG, em agosto, foram apreendidos celulares, relógios inteligentes, chips, carregador e drogas. A ação ocorreu justamente na galeria onde fica a cela de uma das presas que negociava com a policial penal. Neste dia, a servidora se ausentou sem justificativa do trabalho.
Segundo a promotora de Justiça Maristela Schneider, do 2° Núcleo Regional do GAECO – Metropolitana, a policial penal era responsável pela negociação com duas detentas de Guaíba, sendo uma delas integrante de facção, líder dentro da cadeia e com condenações que somam 93 anos de reclusão por crimes graves. "A policial penal negociava via WhatsApp, por meio de bilhetes e, ainda, através de sinais corporais com as presas. Após os acordos, recebia pagamentos que eram feitos por outras pessoas, mas sempre em contas bancárias de terceiros. Por apenas uma das negociações, a investigada recebeu R$ 10 mil. Mas também havia pagamentos de boletos de uma franquia da empresa, da qual a agente é sócia em Santa Catarina", destaca a promotora.
A policial penal, que tem uma condenação em primeira instância de cinco anos de prisão por tráfico de drogas, por fato ocorrido antes de ingressar na SUSEPE, esteve associada a uma facção gaúcha, a mesma a qual pertence a detenta para quem ela encaminhava materiais ilícitos na cadeia. Além disso, recentemente, um integrante de facção criminosa catarinense portava uma arma de uso restrito das Forças Armadas – que pertence à policial penal gaúcha – quando foi baleado em Chapecó/SC, vindo a morrer posteriormente. A arma não tinha sido objeto de ocorrência de furto, roubo ou perda.
Após a quebra do sigilo telemático da policial penal, o Núcleo de Inteligência do Ministério Público (NIMP) obteve várias informações sobre o contato constante dela com apenadas em Guaíba e com pessoas ligadas às detentas. Foram comprovadas conversas da investigada em supostas negociações ilícitas, além de diversas transferências bancárias.
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