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Táxi, ônibus ou transporte particular? As dificuldades dos moradores de Bento para andar na cidade sem carro

Residentes contam os perrengues que passam para conseguirem chegar no trabalho, voltarem para casa ou até mesmo de uma festa, dependendo do transporte público e privado.

04/05/2022 às 17h12 Atualizada em 11/05/2022 às 10h58
Por: Renata Oliveira
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Falta de fiscalização faz com que os moradores fiquem a mercê das empresas Foto: NB Notícias
Falta de fiscalização faz com que os moradores fiquem a mercê das empresas Foto: NB Notícias

As questões de mobilidade urbana em Bento Gonçalves são um grande problema na cidade. As reclamações sobre o transporte coletivo são quase que diárias, principalmente, com a falta de horários e pontos de parada escassos. Mas agora, com a alta dos preços dos combustíveis outro problema aparece: a dificuldade em conseguir uma corrida com os motoristas por aplicativos de Bento. 

O serviço do Uber chegou na cidade em fevereiro de 2017 e foi a febre do momento. Alguns meses depois, chegou o aplicativo gaúcho Garupa e em um curto período de tempo os motoristas de Bento se uniram e montaram o Mobi Bento. A partir daí, muitos serviços entraram em funcionamento nesta cidade. Com todas essas opções é possível imaginar a facilidade de se locomover pelas ruas, porém, não é bem isso que acontece. 

Muitas pessoas, principalmente os que dependem mais desse meio, estão sofrendo com a escassez. “Eu não gosto de depender de app’s, mas quando saio para beber acabo precisando chamar alguém e pelos aplicativos é sempre um estresse diferente, pois ninguém aceita e se vou de táxi pago muito mais caro,” conta Jonathas Barcellar, morador do bairro Aparecida. 

Captura da tela de um dos moradores que tentava uma corrida em um sábado à noite.

Outra moradora, M.D (não quis se identificar), que reside no bairro Botafogo desistiu dos aplicativos. “Demoravam demais para aceitar e quando aceitavam, cancelavam, acabei desistindo e voltando a usar táxi, pelo menos garanto a corrida”, destacou a usuária dos serviços.

Nos dias de chuva a situação dos usuários das plataformas piora ainda mais, com preços dinâmicos e com muitas pessoas solicitando, o valor das corridas pelos app’s triplica de valor e mesmo assim não garante que o passageiro consiga um motorista. A jovem Ana Oliveira, moradora do bairro Maria Goretti conta que esperou por mais de 20 minutos para alguém aceitar a corrida, acabou desistindo e chamou um transporte particular. “Minha última experiência foi mês passado. Minha mãe e eu decidimos chamar um carro pelo app, porque estava chovendo bastante e como nos duas vamos trabalhar a pé ou de ônibus (o que complica também, pois não temos uma parada próxima da nossa casa), achamos a melhor alternativa. 30 minutos para uma resposta no Garupa (já desisti da Uber faz tempo) e a corrida aceita demoraria mais meia hora. Acabou que chamamos uma motorista conhecida, que atende por app também, mas temos o contato privado, e, mesmo assim, ela demorou uns 20 minutos para conseguir atender. As gurias que trabalham comigo e usam bastante o aplicativo comentam sobre isso também, sobre a necessidade de chamar 40 minutos antes do que precisaria sair pra conseguir uma corrida”, conta Ana. 

Gisele Camargo, de 19 anos, trabalha no bairro Cidade Alta até às 21h30min, mora no São Francisco e necessita de caronas ou solicitar uma corrida pelo app para chegar em casa. “Não tem nenhum ônibus que passa nesse horário, liguei na empresa Santo Antônio e me informaram que o último transporte que faz esse trajeto é às 18h. Fica impossível para mim, então preciso sempre que alguém da minha família venha me buscar ou chamar um Garupa, o que vai se tornando inviável depois de um certo tempo já que as corridas também não são muito baratas nesse horário”, destaca a jovem. 

Contudo, muitas pessoas ainda optam pelos apps devido ao alto valor das corridas de táxi e a dificuldade de conseguir o transporte coletivo. Barcellar conta que por muitas vezes pagou o dobro do valor em plena luz do dia. “Teve um dia que precisava ir para casa e até fiquei na parada de ônibus, mas esperei mais de meia hora e desisti, então acabei indo de táxi, contudo não uma opção que gosto, pois já andei com motoristas que cobravam bandeira 2 no meio da tarde. Depois de várias situações, consegui um contato de confiança que agora faz um preço mais aceitável, só assim para usar o táxi na cidade” destacou o morador.  

Horários de transporte coletivo escassos

Moradores reclamam da falta de horários de ônibus nas empresas de transporte da cidade nos três turnos do dia

 

No final do mês de abril, muitos usuários de ônibus da cidade reclamaram da falta do transporte, relatando que não passavam nos horários que divulgaram no site. Em nota, a empresa Bento Transportes diz que isso ainda são reflexos da pandemia e da alta dos combustíveis. "A grande maioria dos horários ofertados de 2ª a 6ª antes da pandemia retornaram em 75%, aos sábados 65%, e aos domingos 43% pois ainda a demanda é pouca para que volte a sua normalidade. As causas do não retorno em sua totalidade são óbvias, a pandemia dá sinais de sua "normalidade", porém os passageiros não aderiram, ou seja, voltar a totalidade sem passageiro não é viável economicamente, tendo aumento do diesel toda a semana, não temos aumento de tarifa para que se acompanhe a realidade. Diversas linhas deficitárias já em 2019, não temos como manter no momento."

O que dizem os trabalhadores dos táxis e app's

De acordo com o Presidente do Sindicato dos taxistas de Bento Gonçalves, Elmar Cainelli, foi notado um crescimento na busca pelo serviço. "Esse ano com a retomada geral da população depois da pandemia, notamos um aumento de 60% na procura pelas corridas na cidade, a maioria justamente por essa dificuldade com os app's e também preocupados com a própria segurança já que o táxi oferece uma identificação mais visível do transporte." 

Um dos relatos de um dos taxistas da cidade, que preferiu não se identificar, é que a demanda continua alta. "A procura pelas corridas não diminuiu, pois tento manter meus clientes dando um desconto no valor e a maioria dos contatos é pelo WhatsApp." Quando questionado sobre as questões de aceitar ou não as solicitações à noite, explicou que depende quem solicita. "Como já fui assaltado procuro cuidar as localizações nos horários da noite, só vou em determinados bairros se eu já conheço a pessoa que solicitou, pois está muito perigoso." 

Também falamos com um motorista do app Garupa, João*, que contou que com o preço dos combustíveis, grande parte dos trabalhadores dos app's estão escolhendo as corridas. "Ainda vejo muita demanda pelo aplicativo, mas a maioria dos motoristas estão escolhendo as corridas por motivos de distância, se for menos de 3 km não estão aceitando, os motivos são de que não compensa pelo valor da gasolina e outra porque está muito perigoso andar em algumas localidades depois de um certo horário", destacou.

Outro fator que João* destacou é de que a maioria está criando a própria clientela por fora dos app's. "Boa parte está trabalhando particular, pois assim conseguem trabalhar com uma agenda mais programada e com mais segurança já que conhecem os clientes além de receberem mais." Contudo, em sua opinião, é mais vantajoso trabalhar na plataforma. "Pelo app garanto com mais facilidade as corridas e trabalho a hora que quiser, sem ficar preso aos horários dos cliente", explicou. 

*(Nome fictício - não iremos divulgar o nome por questões de segurança)

Fiscalização da Prefeitura

Em março deste ano, a Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves flexibilizou a prestação de serviços para transporte particular, sendo assim, o passageiro pode solicitar a corrida por qualquer meio seja ele por aplicativo de mensagens ou outras plataformas. 

O secretário de Mobilidade Urbana, Henrique Nuncio, explica como funciona a fiscalização destes motoristas. “Fazemos as abordagens em conjunto com o Departamento Municipal de Trânsito (DMT), solicitando que o condutor apresente o documento chamado de ‘carteirão’ emitido pela Prefeitura de Bento Gonçalves comprovando a função de transporte particular, assim conseguimos garantir a segurança de quem dirige e de quem necessita do serviço.” 

Porém, de acordo Elmar, essas ações não estão funcionando da maneira que deveriam. " Os taxistas são obrigados a seguir diversas regras e pagar impostos para o Governo, mas não vemos de fato esses motoristas de aplicativo seguindo as mesmas normas dado que não vemos uma fiscalização mais incisiva da Prefeitura."

O presidente dos taxistas da cidade também traz que existe uma grande falta de respeito dos motoristas de app. "Eles sabem que não podem desembarcar passageiros em paradas de Táxi, mas continuam fazendo porque sabem que não há consequências." 

Muitos motoristas dos app's acabam deixando os passageiros em frente ao ponto de táxi do Shopping Bento, o que gera muitas discussões. Crédito: Renata Oliveira

Afinal, ainda vale a pena usar os aplicativos de transporte na cidade?

De acordo com a maioria das pessoas entrevistadas, sim. A tarifa do táxi em Bento Gonçalves se torna cara para algumas pessoas e pelos app’s o valor ainda é mais em conta, porém se torna um estresse diário para aqueles que dependem do transporte. Uma das soluções apresentadas pelas pessoas é conseguir um contato de táxi de confiança para ter um valor mais baixo e uma corrida garantida. 

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María s.valle Há 2 anos BGEmpresários de coletivos. Resolvem mudar,investir em outros projetos..E deixam trabalhadores que nescessitam usar ônibus coletivos , são deixados a ver navios na s paradas de ônibus .. Cadê a administração de BENTO. OU COLOQUEM MICRO ÔNIBUS E MAIS HORÁRIOS ..(OU ABRAM CONCESSÃO ,PARA OUTRAS EMPRESAS) TÁXI EM BENTO E IMPOSSÍVEL,CARROS A GÁS. DA SALDANHA MARINHO ATÉ A CAMARA DE VEREADORES VALOR (15.00). AGORA ENTENDO O MOTIVO DA FALTA DE MÃO DE OBRA EM BG. CIDADE MAIS CARA DO BRASIL PRA SE
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