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Moradores da Linha Alcântara vão à Câmara para cobrar respostas da CERAN

Mais de 70 pessoas compareceram na sessão e dois representantes foram até a tribuna popular para desabafar e solicitar um posicionamento dos órgãos envolvidos na tragédia do dia 04 de setembro.

Renata Oliveira
Por: Renata Oliveira Fonte: NB Notícias
11/09/2023 às 17h55 Atualizada em 13/09/2023 às 14h45
Moradores da Linha Alcântara vão à Câmara para cobrar respostas da CERAN
Crédito: Divulgação/Câmara de Vereadores

Nesta segunda-feira, 11, a Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves ficou lotada de moradores da Linha Alcântara, do Distrito de Faria Lemos, que usaram a tribuna popular para desabafar e exigir respostas do poder público municipal e da Companhia Energética Rio das Antas (CERAN) sobre a enchente que assolou a região na última segunda-feira, 04 de setembro. Depois desse momento, foram votadas as matérias que estavam na Ordem do Dia. 

Mais de 70 moradores da Linha Alcântara, do Distrito de Faria Lemos, compareceram a sessão ordinária da Câmara de Vereadores para conversar com os parlamentares, buscando um auxílio do Poder Legislativo para conseguirem respostas da Companhia Energética Rio das Antas (CERAN) e da própria Defesa Civil Municipal. 

Um dos representantes dos residentes da localidade, Alexandre Faccin, foi até a tribuna popular e trouxe alguns questionamentos que surgiram com a tragédia. "Uma coisa que precisamos parar de fazer é diferenciar casa de morador, casa de veraneio, casa de camping, cada um comprou com seu suor, com seu dinheiro e agora nós somos um grupo de pessoas que precisam de respostas e viemos até aqui para iniciar os questionamentos. Primeiro: o que iniciou a enchente? Porque se tivéssemos uma prevenção eficiente, nós poderíamos ter pelo menos salvado nossos pertences. Ninguém daquela localidade perdeu a vida, mas nossos vizinhos lá de baixo (se referindo aos outros municípios atingidos) poderiam ter se salvado. Segundo ponto: e a CERAN? Eles tem o poder de fechar o Rio e agora eles não tem responsabilidade sobre nada? Como é feito esses alertas? Nunca fomos convidados para conhecer as barragens ou entender como elas funcionam, só as crianças. E agora que aconteceu a tragédia ninguém quer assumir a criança," destaca Alexandre. 

Faccin também fez uma analogia para explicar o que entendeu sobre o ocorrido e pergunta se a CERAN não poderia fazer uma limpeza no Rio para que ele volta ao seu curso normal. "Se derramarmos um copo da água no plano, ele se espalha, mas se derramarmos em uma escadaria, ela vai descendo os degraus e foi isso que aconteceu com o Rio das Antas. A água foi vindo com muita força, levando as árvores como se fosse pedaços de isopor. Então eu acho que sim, precisamos cobrar os responsáveis para entender se isso foi culpa da natureza ou não. Outro ponto, foi feito algum estudo para saber se o fundo do Rio não está assolado? Onde está indo todos esses barrancos? Na minha casa, a cada enchente eu perco um metro de terreno e não deve ser diferente na de vocês. Aonde está essa terra? No leito do Rio. Se tem uma empresa que explora o Rio, ganha uma fortuna com isso, eles não seriam responsáveis em fazer uma limpeza?," frisa o representante. 

Outro morador, Roque Comin, que tem a sua casa na Linha desde 1972, perdeu todos os seus pertences e presenciou o desespero das pessoas vendo suas residências sendo levadas pela água na noite da tragédia. "Estamos tristes, nunca vimos uma enchente dessa forma. Meu falecido pai quando comprou a casa em 1972, contava que a água vinha, mas não chegava lá, depois foi subindo e nessa foi uma desordem total. Subimos o morro e só ficamos vendo a água subindo. A cada hora subia quase 5 metros. Nem se São Pedro tivesse lá de cima largando as torneiras teria tanta água assim. Eu tenho certeza que a CERAN é culpada e peço para vocês que solicitem uma CPI nessa empresa, pois na época que foi construída, foi um canetaço, vários órgãos estavam contra e agora nós que sofremos. Batalhamos muito, fizemos pouco a pouco e agora estamos sem nada," desabafa Comin. 

Vários vereadores se manifestaram a favor dos moradores e irão buscar respostas para esses questionamentos. O Presidente da Casa Legislativa, Rafael Pasqualotto (PP) frisou que também irão cobrar um posicionamento da Defesa Civil Municipal. "A gente sabe que vocês não querem encontrar culpados e sim soluções, pois o temor não é reconstruir, é: vai ficar da mesma maneira? Estamos no século 21 e encaramos tragédias como se fossem em 1900, sem internet, sem tecnologia. Hoje nós conseguimos saber se vai chover em um mês, será que ninguém sabia que ia dar uma grande chuva? Será que não estávamos preparados? Eu vejo a Defesa Civil do nosso município muito mal preparada e se não fosse as pessoas individuais, a bagunça seria pior. Eu também quero explicações da CERAN e da Prefeitura Municipal. É preciso ter um alerta para pelo menos minimizar os casos, enfim, só quero destacar que essa Casa está do lado de vocês para tudo que precisarem. Vocês não deveriam ter passado o que passaram em pleno 2023," finaliza Pasqualotto. 

Em entrevista ao NB, os representantes dos moradores da Linha Alcântara destacaram que irão montar uma Comissão, dentro de todos os trâmites legais, para entrarem com um pedido de investigação e indenização da tragédia no Ministério Público. "Queremos que isso nunca mais se repita, queremos soluções rápidas e concretas. Vamos nos unir, buscar orientações jurídicas sobre o que fazer, montar uma Comissão com os moradores e depois buscar os direitos de cada um, seus direitos individuais e não coletivos. É preciso sair diversos processos e encaminhar para o Ministério Público," salienta Roque Comin. 

Nesta quinta-feira, 14, a Prefeitura Municipal irá se reunir com a comunidade para prestar esclarecimentos. Ainda não há mais informações de como nem de que horas essa reunião ocorre. 

Pautas da Ordem do Dia

Dos quatro projetos de Lei que estavam em votação, três foram aprovados por unanimidade de votos:

  1. A contratação emergencial e temporária de quatro técnicos de saúde bucal;
  2. A abertura de crédito de R$ 100 mil para a Secretaria de Agricultura e
  3. A inclusão da "Semana Municipal de Conscientização da Saúde do Cérebro" na terceira semana de setembro no Calendário Oficial de Eventos da cidade. 

Já o projeto de autoria do vereador Ari Pelicioli (CIDADANIA) sobre a criação do programa "Câmara vai à Escola" foi retirado da pauta, após um pedido de vistas do vereador Rafael L. Fantin - o Dentinho (PSD) que alegou que era preciso analisá-lo com mais calma, pois se preocupa com o impacto educacional que isso pode causar. 

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