
Depois de ser erradicado no Brasil, o Sarampo voltou a ameaçar o país nos últimos meses. No Rio Grande do Sul, segundo números da Secretaria Estadual de Saúde, já são 13 casos. Bento Gonçalves ainda não teve nenhum caso registrado, entretanto a Secretaria Municipal de Saúde já está encontrando soluções para impedir a manifestação do surto. Em agosto, será promovida no município uma campanha de vacinação contra o Sarampo e contra a Poliomielite.
Os postos de saúde de Bento Gonçalves são regularmente abastecidos com as vacinas do Programa Nacional de Imunizações, as quais são direcionadas principalmente para as crianças de um ano de idade. O município vai receber novas doses a partir do dia 6 de agosto, quando inicia a campanha de vacinação contra o sarampo. Os adultos de até 29 anos devem receber duas doses da vacina, enquanto as pessoas de 30 a 49 anos devem tomar uma dose. A população acima de 50 anos não precisa se vacinar.
O secretário-adjunto da saúde Marlon Pompermayer explica que a campanha terá como público-alvo crianças de até 5 anos de idade e adultos que ainda não efetuaram a vacinação, alertando sobre a importância do documento de vacinação para o acompanhamento das vacinas. Dentro da campanha, a qual terá como objetivo vacinar 95% de todas as crianças na idade de um ano até quatro anos 11 meses e 29 dias (menores de 5 anos), a Secretaria Municipal de Saúde também realizará o dia “D”. “Dia 18, num sábado, teremos o chamado dia “D”, onde se faz um intensivo e as unidades ficam abertas durante todo o dia (8h às 17h, sem fechar ao meio-dia). É uma força-tarefa para a vacina do sarampo e da poliomielite, é a estratégia que nós temos no próximo mês em relação a essas duas doenças”, afirma o secretário-adjunto.
De acordo com Marlon, os casos de sarampo no Brasil são oriundos de casos importados, principalmente pela migração de pessoas da Venezuela para o país. Além disso, ele afirma que, por conta de ser uma doença erradicada, as pessoas acabam não buscando a proteção necessária. “Quando nós temos uma erradicação de uma doença, é natural que as pessoas acabem até relaxando um pouco, e acabam não buscando a proteção. A partir do momento que a doença se instala e ela não está protegida, começa a disseminação”, explica o secretário.
Segundo o enfermeiro e Coordenador da Vigilância Epidemiológica, José Antônio Rosa, a procura da vacina triviral entre adultos se manteve estável. “Segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, no primeiro semestre de 2017 foram aplicadas 277 doses da vacina entre jovens e adultos em Bento Gonçalves. Na comparação com o mesmo período de 2018, foram aplicadas cerca de 206 doses. A maioria dos adultos que tem procurado a vacina refere-se àqueles que irão viajar para países europeus (Itália, França, Alemanha, por exemplo) onde está ocorrendo uma grande epidemia de sarampo”, comenta o coordenador.

No ano passado, as Unidades de Saúde de Bento Gonçalves aplicaram 1.650 doses da vacina nas crianças de um ano de idade, número que correspondeu a 102% de cobertura vacinal para essa faixa etária. De acordo com José, a Secretaria Municipal de Saúde investiga todos os casos de doença exantemática febril notificados para a Vigilância Epidemiológica. “Entre 1998 a 2018, foram investigados 276 casos de doença exantemática febril em nosso município. Não houve nenhum caso de sarampo confirmado até a presente data”, comenta José.
Divergência no sistema do município resulta em números errôneos quanto à cobertura de vacinação da Poliomielite
O Ministério Público alertou 17 municípios gaúchos quanto à baixa porcentagem de cobertura de vacinação da Poliomielite. Dentre as cidades, Bento Gonçalves foi uma das oficiadas pelo Ministério Público a tomar medidas necessárias para a adequada cobertura vacinal da pólio. De acordo com números levantados pelo Ministério, Bento Gonçalves teria apenas 33,52% de cobertura de vacinação.
Segundo o secretário-adjunto, a justificativa pela baixa porcentagem seria uma divergência no sistema do município. “O sistema do município não está sendo reconhecido pelo sistema do Ministério. Os dados coletados aqui não estão sendo captados de forma fidedigna. Nossos números oficiais são 92,59% de cobertura. Historicamente vínhamos sempre acima dos 90%. Em 2018, já estamos na metade do ano e já passamos os 80% de cobertura”, afirma Marlon.