A semana começa ainda mais sob tensão após o anúncio do governador Eduardo Leite, em entrevista à Rádio Gaúcha, de que irá endurecer as regras que definem a bandeira vermelha nesta semana. A decisão será tomada para evitar que os prefeitos das cidades gaúchas possam liberar inteiramente as atividades comerciais nos municípios com o retorno da cogestão, que deve ser liberada a partir da segunda-feira, 22.
A cogestão significa gestão compartilhada entre Estado e municípios. Neste modelo, as prefeituras e associações regionais podem adotar regras menos restritivas, equivalentes às da bandeira imediatamente anterior — no caso do modelo estadual, as da bandeira vermelha. Na entrevista, o governador adiantou que o Rio Grande do Sul deve continuar em bandeira preta também durante o mês de abril. Desta forma, Eduardo Leite entende que uma liberação das atividades, seguindo as determinações atuais, deve dificultar ainda mais as condições de atendimento nos hospitais. "Estamos analisando a possibilidade de elevarmos as restrições da bandeira vermelha, que é o limite de até onde podem ir os prefeitos na cogestão. Subir esta régua. Significa termos, na semana que vem, uma possível retomada de atividades, mas com restrições bastante fortes. Além disso, está mantido até o final de março, pelo menos, nossa restrição geral de atividades às 20h (até as 5h). Possivelmente, estenderemos isso aos fins de semana como forma de reduzir a circulação de pessoas", destacou o governador.
Segundo Leite, os estudos indicam que são necessárias pelo menos três semanas com regras mais rígidas para que os resultados comecem a aparecer. Assim, a liberação de parte das atividades na próxima semana teria como objetivo a "sobrevivência" dos negócios, já que todos deverão, de alguma forma, ser impactados. No entanto, o governador ressalta que a cogestão poderá ser suspensa a qualquer momento. "Se não houver engajamento e processo de fiscalização para garantir que medidas restritivas sejam cumpridas, a suspensão da cogestão pode ser exigida a qualquer momento. Vamos contar com a parceria do Ministério Público para que promotorias estejam atentas, acompanhando ações dos prefeitos. Fiscalizar não é uma opção, é uma obrigação", ressaltou Leite.
A previsão do Estado é de que, até o final de março, ainda haverá aumento do número de pacientes em UTIs e em leitos clínicos. Apenas em abril é que o cenário deve começar a mudar: "No final de março, início de abril, é que começa a ceder este aumento, mas ainda lentamente ao longo do mês de abril. Se tiver engajamento de todos, a gente vai ver, em abril, uma redução da ocupação de leitos de forma lenta. No ano passado, no momento mais crítico, tivemos cerca de 500 mortes por semana. Já estamos em 1,2 mil por semana, e isso infelizmente vai aumentar", finalizou o governador do Estado.