A prática de anunciar aos pais que não há vagas no ensino médio da Escola Municipal Alfredo Aveline vem sendo praticada há pelo menos dois anos na instituição. A denúncia foi feita na tarde desta quinta-feira, 10, por uma servidora municipal que trabalhou nos últimos 15 anos na instituição de ensino. A ação, segundo ela, era realizada com base nas orientações da diretoria da escola. Devido ao horário avançado, a reportagem irá questionar a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e a direção da escola na manhã desta sexta-feira, 11.

Anita de Souza, de 70 anos, se aposentou em dezembro de 2015 e trabalhou na Alfredo Aveline por mais de 15 anos. Ela era servidora concursada para trabalhar na Biblioteca, mas atuou na secretaria e também cuidando de salas de aula na falta de professores. Nos últimos anos, ela fazia parte da equipe que atendia os pais nos dias de matrícula no estabelecimento de ensino. Anita esteve na tarde desta quinta-feira, 10, na Via del Vino, para apoiar a manifestação dos estudantes da escola contra o fechamento do ensino médio noturno.

Anita denuncia que pelo menos nos últimos três anos, mas principalmente em 2014 e 2015, foi montado um esquema para que em um prazo de quatro anos o ensino médio noturno fosse desativado na escola. Ela revela que, no período de matrículas, a direção da escola reunia os funcionários antes do atendimento aos pais e deixava claro que era para fazer o mínimo de matrículas possíveis para o ensino médio, informando que não havia vagas. Com isso, ao longo dos anos, o número de estudantes seria irrisório, o que justificaria o fechamento das turmas. A servidora declara que a ação visa também terminar com o ensino médio diurno na escola em no máximo três anos. "Quem olhar o número de alunos que estudam no último ano do ensino fundamental e os que entram no ensino médio vai entender o que eu estou falando. O segundo ano da manhã em 2016 tem apenas 11 alunos. Alguém acredita que os pais não iam querer que seus filhos continuassem estudando na escola mais procurada do município? O Ministério Público precisa analisar com urgência estes números e eu estou à disposição para testemunhar sobre este crime que foi cometido contra a nossa escola", denuncia a servidora.

Presidente do CPM não tem filhos na escola

Um grupo de pais faz outra denúncia grave contra a direção da escola Alfredo Aveline. Segundo eles, o presidente do CPM da Escola Alfredo Aveline, Amir Ismael, não tem filhos matriculados na escola. Uma reunião realizada na escola na noite desta quarta-feira, 9 de novembro, confirmou a suspeita. A justificativa da direção era de que o encerramento das turmas tinha sido votado pelo conselho escolar. Porém, os pais dos alunos sustentam que a decisão foi tomada diretamente pela Smed e querem a anulação da votação, pelo fato do presidente do CPM não ter filhos na escola.

A vereadora Neilene Lunelli (PT) solicitou a ata da reunião realizada na segunda-feira, 7 de novembro, quando foi definido que as turmas da noite seriam fechadas, o estatuto do CPM da escola, o edital e a ata da eleição do presidente. Segundo a parlamentar, até o início da noite desta quinta-feira, 10, a direção da Alfredo Aveline não tinha lhe enviado a documentação.

Prefeitura alega alto custo de manutenção do noturno

Na manhã desta quinta-feira, 10, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal enviou para os órgãos de imprensa as justificativas para o encerramento das turmas do ensino médio noturno na Escola Alfredo Aveline. O alto custo de manutenção do turno da noite fez com que a Secretaria Municipal de Educação (SMED), em conjunto com a direção da escola, o Círculo de Pais e Mestres e o Conselho Escolar, tomasse a atitude de finalizar as atividades noturnas naquele educandário. “Tivemos que analisar prós e contras, foram meses de cálculos e reuniões até que se tomasse essa atitude”, diz a secretária municipal de Educação, Ieda Luchese Gava.

Atualmente a Escola conta com 149 alunos no Ensino Médio, sendo 110 no diurno e 39 no noturno, distribuídos da seguinte forma: Diurno – 1º ano: 63 alunos, 2º ano: 11 alunos, 3º ano: 36 alunos. Noturno –1º ano: 12 alunos, 2º ano: 10 alunos, 3º ano: 17 alunos. “O custo mensal da manutenção do noturno ao município é de R$ 43.498,95, sem contar encargos patronais, férias, 13º salário, água, luz e telefone, por exemplo. Dividindo-se este valor pelo número atual de alunos, cada estudante do noturno custa ao município R$ 1.115,35. Multiplicando-se o valor mensal por 12, são R$ 521.987,40”, explica Ieda.

Ainda conforme a secretária, na decisão também pesou o fato de que a previsão de alunos para o noturno em 2017 está em 12 no 2º ano e oito no 3º, o que deverá aumentar ainda mais o custo por aluno. “É importante destacar que estamos remanejando o noturno. Todos eles já têm vaga garantida no diurno, caso decidam pela permanência na mesma Escola, ou então no noturno do Mestre Santa Bárbara. Se o interesse do aluno for em outra escola estadual, que não o Mestre, também vamos buscar esta acomodação. Ninguém vai precisar sair em busca da vaga”, garante a secretária.