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Estudo coloca Bento entre as piores cidades para ser mulher no Brasil

Levantamento foi feito pela consultoria socioambiental Tewá 225 e desigualdade salarial e presença na política pesaram na classificação.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio
26/07/2025 às 08h54 Atualizada em 28/07/2025 às 11h15
Estudo coloca Bento entre as piores cidades para ser mulher no Brasil
O levantamento pretende ser um ponto de partida para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e ações afirmativas voltadas às mulheres - Foto: Freepik/Especial

Um estudo desenvolvido pela consultoria socioambiental Tewá 225, de São Paulo, apontou Bento Gonçalves como uma das cidades com piores indicadores de igualdade de gênero no Brasil. A pesquisa, que ranqueou 319 municípios com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, foi divulgada nesta semana e considera dados públicos compilados no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC).

No ranking, Bento Gonçalves ocupa a 220ª posição, com nota 37,63, sendo enquadrada na faixa de avaliação “muito baixa” — a pior entre as cinco faixas do índice. Entre os principais fatores que influenciaram a posição de Bento está a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Segundo os dados analisados, as mulheres que trabalham no município recebem, em média, apenas 75% dos salários dos homens. O parâmetro ideal para uma avaliação positiva é de pelo menos 85% de paridade.

Outro ponto negativo foi a baixa representatividade feminina na Câmara de Vereadores. No período analisado (2020 a 2024), nenhuma mulher ocupava cadeira no legislativo municipal. Atualmente, há duas vereadoras em Bento, o que corresponde a 11,77% de presença feminina, ainda distante da meta de 30% estabelecida para uma boa pontuação.

Feminicídios e vulnerabilidade

O número de feminicídios também impactou negativamente a nota do município. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do RS, dois casos de feminicídio foram registrados em Bento Gonçalves em 2023. Pela metodologia do estudo, cidades com mais de 100 mil habitantes que registram três feminicídios têm nota zerada nesse quesito. Com dois crimes, a cidade teve pontuação muito baixa também nesse item.

Como o estudo foi feito

A Tewá 225 utilizou como base o IDSC, ferramenta que mede o desempenho de cidades brasileiras nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU em 2015. Para este levantamento, foram considerados cinco indicadores específicos ligados à igualdade de gênero:

  1. Mulheres jovens de 15 a 24 anos que não estudam nem trabalham

  2. Presença de vereadoras na Câmara Municipal

  3. Desigualdade salarial por sexo

  4. Diferença percentual entre jovens mulheres e homens que não trabalham e nem estudam

  5. Taxa de feminicídio

Cada indicador recebe uma nota de 0 a 100, classificada em cinco faixas:

  • Muito alto: 80 a 100 pontos

  • Alto: 60 a 79,99 pontos

  • Médio: 50 a 59,99 pontos

  • Baixo: 40 a 49,99 pontos

  • Muito baixo: 0 a 39,99 pontos

Bento se saiu bem em apenas um quesito

Dos cinco indicadores avaliados, apenas um obteve nota muito alta em Bento Gonçalves: o de mulheres jovens que não estudam nem trabalham, mostrando que o município tem bons índices de inserção dessa faixa etária no sistema educacional ou no mercado de trabalho.

Porém, os outros quatro fatores — salário, participação política, desigualdade entre jovens e feminicídios — apresentaram desempenho entre muito baixo, baixo e médio, o que resultou na nota final de 37,63.

Desafio nacional

Embora a colocação de Bento Gonçalves cause preocupação local, olevantamento mostra que nenhuma cidade brasileira atingiu patamar considerado satisfatório na igualdade de gênero. O levantamento é apoiado por entidades como a Unesco, ONU Mulheres e o Instituto Votorantim, e pretende ser um ponto de partida para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e ações afirmativas voltadas às mulheres.

 

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Geneci Há 3 meses Bento Gonçalves Acho essas pesquisas desnecessária deixem as mulheres em paz e incentivem os homens a trabalhar mais não precisamos ser iguais oque precisamos é ser amadas cuidadas e respeitadas...
Mauro César NoskowskiHá 3 meses Bento GonçalvesOs 30% de mulheres na Câmara de Vereadores se dará quando os 30% exigido para concorrer, sejam mulheres Empoderadas, sem os machistas as cercando já dentro de casa e dizendo que não podem Trabalhar, Estudar, e serem Políticas. Muitas empresárias bem sucedidas, não querem ir para a Política, não querem ir pedir votos nas Vilas, pois, além de medo, não vivem está realidade, são "chiques". Mas na frente do Quartel, muitas estavam lá ajudando até chegar na tentativa de GOLPE. Chega de Feminicídio.
Consuelo Baccega Há 3 meses Bento Gonçalves, RSPesquisa tendenciosa, qualquer mulher forte de verdade vence. Acho que estes “pesquisadores” não tiram a bunda da cadeira para ir a campo ver de perto a vida antes de divulgar baboseiras!
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