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Deputados e senadores ocupam Congresso Nacional com fitas na boca

Ato foi um protesto silencioso contra a prisão de Bolsonaro e paralisou as sessões legislativas.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio
06/08/2025 às 07h56
Deputados e senadores ocupam Congresso Nacional com fitas na boca

A retomada das atividades no Congresso Nacional após o recesso parlamentar foi marcada, nesta terça-feira (5), por um episódio inédito: deputados e senadores da oposição, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, utilizando fitas adesivas na boca como sinal de protesto, e obstruíram os trabalhos legislativos. A ação foi uma reação direta à prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A mobilização visou pressionar pela votação da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, além do impeachment de Moraes e do fim do foro privilegiado. O movimento, que envolveu cerca de 40 parlamentares, gerou uma crise entre Legislativo e Judiciário e obrigou os presidentes das Casas a cancelarem as sessões plenárias.

“Exercício arbitrário das próprias razões”

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), classificou o ato como um "exercício arbitrário das próprias razões" e criticou duramente a ocupação das tribunas. “A ocupação das Mesas Diretoras das Casas, que inviabilize o seu funcionamento, constitui exercício arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios democráticos”, declarou Alcolumbre em nota oficial.

Ele anunciou que convocará uma reunião de líderes partidários para restabelecer a normalidade institucional na manhã desta quarta-feira, 6 de agosto.

Câmara também paralisada

Na Câmara dos Deputados, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) também suspendeu as sessões e convocou reunião com os líderes para esta quarta-feira (6). Em nota, Motta afirmou que o Parlamento deve ser a ponte para o entendimento e defendeu que as pautas da Casa sejam conduzidas com base no “diálogo e no respeito institucional”. “Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã chamarei reunião de líderes para tratar da pauta”, escreveu Motta em publicação nas redes sociais.

Estratégia de pressão

Entre os principais articuladores da ação está o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que defendeu a aprovação da anistia aos réus do 8 de janeiro, a tramitação de pedidos de impeachment contra Moraes e o fim do foro privilegiado. Segundo ele, a oposição só aceitará a realização de sessões deliberativas se essas pautas forem colocadas em votação. “Basta o presidente Alcolumbre não continuar com o seguro que faz a Moraes. Já passou da hora de o Senado fazer sua parte”, afirmou Flávio, criticando a postura do presidente do Senado.

Clima tenso nos bastidores

O protesto escancarou o isolamento da oposição no Congresso. Líderes de partidos do centro e da base governista reagiram negativamente. Para Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do MDB na Câmara, “não há chance de as pautas da oposição avançarem com esse tipo de pressão”. Já o deputado Mario Heringer (PDT-MG) classificou a estratégia como "totalmente fora da realidade".

Parlamentares do PSD, PT e demais partidos do centro também indicaram que a ação não deverá surtir efeito prático, especialmente por se tratar de uma semana considerada esvaziada, com poucas votações relevantes previstas.

Impactos na pauta do governo

Apesar do descrédito em relação às demandas bolsonaristas, a obstrução preocupa o Planalto. O governo Lula pretende aprovar, nas próximas semanas, pautas prioritárias como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, a PEC da Segurança Pública, que amplia os poderes da União, e medidas provisórias que impactam diretamente o orçamento e a saúde pública.

Nota oficial de Davi Alcolumbre

“Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo, para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa população”, escreveu o presidente do Senado, que prometeu “agir com serenidade” para restaurar o funcionamento do Legislativo.

A crise escancara as fissuras institucionais e a tentativa da oposição de utilizar o Congresso como campo de batalha política em defesa de Jair Bolsonaro. A estratégia, contudo, parece encontrar resistência tanto na cúpula legislativa quanto entre os principais partidos do centro. Resta saber se o protesto será apenas um ruído momentâneo ou se marca o início de uma nova escalada de tensões entre os poderes.

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