Morreu na madrugada deste sábado, 2 de agosto, aos 82 anos, o jornalista José Roberto Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo, um dos nomes mais influentes e controversos do jornalismo brasileiro nas últimas décadas. Ele foi vítima de um infarto fulminante por volta das 5h. A informação foi confirmada por familiares e veículos da imprensa nacional. Segundo a família, o jornalista sofria de problemas crônicos coronários, pulmonares e dos rins.Guzzo deixa a esposa, quatro filhos e cinco netos.
Com uma carreira iniciada nos anos 1960, Guzzo consolidou-se como colunista, editor e diretor de grandes veículos de imprensa, sendo lembrado pela escrita incisiva, opiniões firmes e uma defesa contumaz do liberalismo econômico e da crítica à classe política. Ao longo de mais de meio século de atividade, passou por veículos como Veja, Exame, O Estado de S. Paulo, e mais recentemente pela revista Oeste, da qual foi um dos fundadores, e os jornais Gazeta do Povo e Zero Hora, onde continuava publicando suas colunas mesmo após os 80 anos.
Formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), J.R. Guzzo começou sua trajetória no extinto Jornal da Tarde, um dos mais inovadores veículos da imprensa brasileira à época. Posteriormente, assumiu cargos de direção na Editora Abril, onde comandou por anos as redações das revistas Veja e Exame, tornando-se uma das figuras centrais na estrutura editorial do grupo.
Reconhecido por seu texto ágil e por análises cortantes, Guzzo era tido como um mestre da crônica política e econômica, com capacidade de sintetizar cenários complexos com clareza e contundência. Seu estilo direto, muitas vezes irônico, conquistou leitores fieis, ao mesmo tempo em que despertava críticas de opositores por suas posições conservadoras.
A morte de Guzzo repercutiu entre jornalistas, políticos e leitores. Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) destacou sua contribuição para o fortalecimento da imprensa opinativa no Brasil. Colegas de profissão também prestaram homenagens nas redes sociais, ressaltando sua ética profissional e independência editorial.
“O Brasil perde um jornalista que nunca teve medo de dizer o que pensava. Concordar ou discordar dele era parte do jogo democrático que ele tanto valorizava”, escreveu Augusto Nunes, colega de longa data.
Mesmo com a idade avançada, Guzzo seguiu escrevendo colunas semanais. Nos últimos anos, sua produção se intensificou em veículos alinhados à direita política, onde abordava temas como liberdade de expressão, corrupção, ativismo judicial e os rumos da democracia no Brasil.
Suas colunas frequentemente figuravam entre os textos mais lidos e compartilhados das plataformas digitais dos jornais onde atuava, refletindo sua relevância duradoura no debate público nacional.
Com mais de 60 anos dedicados ao jornalismo, J.R. Guzzo deixa um legado marcado pela coragem de opinião, pelo rigor analítico e pela defesa intransigente da liberdade de imprensa. Sua produção seguirá como referência para estudantes de jornalismo, profissionais da comunicação e leitores interessados em compreender a política e a sociedade brasileira através do olhar crítico de um de seus maiores intérpretes.