Um incêndio na madrugada desta quarta-feira, 4, causou a morte do babalorixá Paulo Fernando Rosa, conhecido como Pai Paulinho do Xoroquê, em Porto Alegre. Ele tinha 57 anos e era figura respeitada nos cultos de candomblé e umbanda no Rio Grande do Sul.
O fogo começou por volta das 3h30, em uma casa de madeira localizada na esquina da Avenida Cristóvão Colombo com a Rua Dr. Eduardo Chartier, no bairro Higienópolis. Segundo o Corpo de Bombeiros, quatro pessoas estavam na residência no momento do incêndio. Três delas conseguiram escapar com ferimentos. Não há informações atualizadas sobre o estado de saúde dos sobreviventes.
Pai Paulinho, conforme relataram os bombeiros, enfrentava dificuldades de locomoção após sofrer um AVC e utilizava cadeira de rodas, o que pode ter impedido sua fuga a tempo. As chamas teriam começado na parte da frente da casa, mas apenas uma investigação oficial poderá confirmar as causas do incêndio.
A morte de Pai Paulinho gerou comoção entre líderes religiosos e praticantes das religiões de matriz africana. A Federação Afro-Umbandista Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers) publicou uma nota de pesar nas redes sociais. “A manhã de quarta-feira amanhece triste. A religião de Matriz Africana perde um dos babalorixás que fez sua história no Rio Grande do Sul”, diz o comunicado.
Em Bento Gonçalves, representantes religiosos também se manifestaram. Em nota, destacaram o papel de Pai Paulinho como mestre e referência: “Hoje, todos que têm raízes na Família Ogunjá Agada e na Quimbanda de Kibala Nago choram a partida daquele que foi mais que um líder, foi um guerreiro, um exemplo de humildade, força e dedicação ao sagrado.”
O sacerdote foi responsável por importantes conquistas, como a instalação do espaço sagrado dedicado ao Orixá Bara no Mercado Público de Porto Alegre, atualmente reconhecido como patrimônio religioso e cultural da cidade.
A residência em que ele realizava os atendimentos espirituais, vizinha ao imóvel atingido, não foi afetada pelas chamas. O caso será investigado pelas autoridades para apurar as causas do incêndio.
Com trajetória marcada pelo compromisso com a preservação das tradições afro-brasileiras, Pai Paulinho deixa um legado que seguirá vivo nos terreiros, nas práticas espirituais e nas lutas por respeito e reconhecimento da fé de matriz africana.