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Construção Civil: Sete em cada 10 empresas têm escassez de mão de obra

Estudo aponta que empresas vem enfrentando dificuldades em contratar trabalhadores qualificados.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino
25/03/2025 às 13h26 Atualizada em 25/03/2025 às 15h09
Construção Civil: Sete em cada 10 empresas têm escassez de mão de obra
GARDER ENGENHARIA

Cerca de 71,2% dos empregadores do setor de construção civil declararam ter tido dificuldades em contratar trabalhadores qualificados entre junho de 2023 e junho de 2024 à Sondagem da Construção, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).

O estudo mostrou que 39% dos respondentes afirmaram ter muita dificuldade na contratação de mão de obra qualificada, e que os segmentos mais afetados pela escassez são os de serviços especializados na fase final do ciclo produtivo. Segundo o relatório, as empresas de obras de instalações e de acabamento são as que registram os maiores percentuais de “Muita Dificuldade”.

Daniel Fonseca Matos, engenheiro civil e sócio-diretor da Garder Engenharia, empresa localizada em Brasília - DF, explica porque a escassez de mão de obra na construção civil é preocupante. “A falta de trabalhadores pode restringir o crescimento do setor. Isso leva a prazos mais longos, aumento de custos e menor produtividade nos canteiros de obras tradicionais”.

O especialista aponta algumas causas para a situação enfrentada pelo segmento. “Com a retomada econômica e a ampliação de investimentos em infraestrutura, a demanda por trabalhadores qualificados cresceu, mas a oferta não acompanhou esse ritmo. Além disso, a migração de trabalhadores para outras áreas e a falta de incentivo à formação profissional agravam o problema”.

Já para o engenheiro Pedro Leonardo Boaventura Silva Santa, sócio e cofundador da Garder Engenharia, os principais fatores que contribuem para o quadro são o déficit de qualificação profissional, a falta de programas eficientes de formação, a baixa atratividade da profissão e a concorrência com outros setores.

“A capacitação técnica não acompanhou a evolução das tecnologias e métodos construtivos mais modernos e os programas de ensino técnico e profissionalizante não atendem plenamente às necessidades do setor. Além disso, muitos jovens preferem carreiras com menos esforço físico e melhores condições de trabalho, e trabalhadores migram para setores com salários mais atrativos ou maior estabilidade”, explica o especialista.

Apesar dos desafios, a análise do FGV IBRE pontuou que a dificuldade com a falta de trabalhadores ainda não é uma ameaça tão grande ao andamento das obras e que as empresas estão conseguindo superá-las. O artigo destacou ainda que para tentar resolver a situação, as empresas têm empreendido maiores remunerações.

Construção pré-fabricada é alternativa à escassez de mão de obra

O relatório do FGV IBRE mostrou também que, embora mudanças nos processos industrializados da construção tenham a capacidade de reduzir a demanda de profissionais nos canteiros de obra, a escassez ainda não é um fator motivador para estas transformações.

Santana destaca a construção pré-fabricada como solução. Segundo ele, a modalidade minimiza a necessidade de mão de obra altamente qualificada no canteiro de obras, porque reduz a dependência de pedreiros, carpinteiros e armadores, aumenta a industrialização do processo, diminui o tempo de obra e pode melhorar a eficiência e a segurança do trabalho.

“A montagem dos módulos exige menos trabalhadores especializados, as peças são fabricadas em ambiente controlado, com profissionais treinados para funções mais específicas. Com menos etapas no local, a necessidade de profissionais por longos períodos é reduzida e os processos industriais são mais padronizados, reduzindo desperdícios e acidentes de trabalho”, indica Santana. 

No entanto, o engenheiro ressalta que apesar das vantagens, alguns desafios dificultam a expansão das construções pré-fabricadas em grande escala, como o alto custo inicial, a resistência cultural, a falta de conhecimento técnico, uma logística complexa e as normas e regulamentações exigidas.

“A instalação de fábricas e a adaptação ao método exigem investimentos significativos. Muitos engenheiros e arquitetos ainda têm pouca experiência com esse tipo de construção, e o transporte e o içamento das peças exigem planejamento detalhado e equipamentos específicos. Uma legislação que permita maior flexibilidade e incentivo ao uso de pré-fabricados ainda está em andamento”, esclarece o sócio-diretor da Garder Engenharia.

Para Santana, a pré-fabricação deve provocar mudanças significativas no setor nos próximos anos. Ele acredita que os principais efeitos do pré-fabricado serão uma nova distribuição da mão de obra, o aumento da produtividade e uma demanda por novas qualificações.

“O foco do trabalho se deslocará dos canteiros de obras para fábricas e centros de montagem, com redução da necessidade de retrabalho e do desperdício - devido a processos mais padronizados e mecanizados – e a carência por trabalhadores com treinamento para operar equipamentos modernos e interpretar projetos modulares”, infere o especialista.

O engenheiro defende que a construção pré-fabricada é uma solução promissora para enfrentar a escassez de mão de obra e trazer mais eficiência e inovação ao setor da construção, mas reforça que a dedicação deve ser de diferentes atores. “Para sua expansão, é necessário um esforço conjunto de empresas, instituições de ensino e governo para capacitar profissionais, ajustar normas técnicas e incentivar investimentos no setor”.

Um estudo da Mordor Intelligence prevê um crescimento anual de 5,54%, entre 2024 e 2029, para o mercado brasileiro de construções pré-fabricadas. A pesquisa estimou o tamanho do mercado no Brasil, em 2024, em US$ 3,25 bilhões e concluiu que o setor deverá atingir US$ 4,26 bilhões até 2029.

Para mais informações, basta acessar: https://www.instagram.com/garder.engenharia?igsh=ZXR0MWthcnc4eDB4

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