Dia desses fui até uma Unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF) em busca da vacina contra a gripe. Como sempre, fui muito bem recebido e atendido, dentro das possibilidades impostas a esses tão importantes equipamentos públicos, destinados ao atendimento das comunidades.
Como de costume, sentei para aguardar o chamado para a aplicação da dose, essas doses que estão disponíveis de forma gratuita para toda a população da cidade, em especial para idosos, gestantes e crianças.
Mas o que me motiva a escrever sobre as banalidades do cotidiano?
Na sala de espera da ESF, havia algumas pessoas que, ao ouvirem a minha solicitação, iniciaram comentários como:
“Eu não faço essa vacina. Fiz uma vez, quase morri.”
“Essa vacina traz complicações piores que a gripe.”
“Tu viu que teve gente que morreu depois de fazer a vacina.”
“Ficam colocando coisas dentro da gente que eles nem sabem o que é.”
Reservei-me ao silêncio enquanto aguardava minha vez de ser "invadido" por uma substância que, segundo alguns, ninguém sabe de onde vem, para que serve ou com que intenção é aplicada.
Ao ser chamado na sala de vacinação, fui recebido por uma enfermeira que, com cuidado, explicou que aquela era uma vacina contra variantes da gripe. Ela as citou, mas eu não lembro dos nomes. O que ficou claro, ainda que não dito diretamente, é que não se tratava da vacina contra a Covid, e sim da vacina contra a gripe que já é aplicada há muitos anos, acredito que desde antes dos anos 2000.
Fiz a vacina. E, por incrível que pareça, estou bem. Assim espero continuar, assim espero que estejam todos os que se vacinaram, e os que ainda irão se vacinar. Espero que, com isso, possamos ficar longe das filas das ESF, UBS, UPA, dos prontos-socorros e hospitais.
Costumo passar em frente à UPA com frequência. É normal haver movimento, alguns dias mais, outros menos. Mas, de um tempo pra cá, a sala de espera está sempre lotada. Estamos com o sistema de saúde do município e do estado, talvez até de outros estados, superlotados. Em alguns casos, a ocupação ultrapassa os 200%, ou seja, o dobro de pacientes para a capacidade de atendimento. Isso significa que muitas pessoas preferiram remediar em vez de prevenir.
Vacina é prevenção. Previna-se!
Não corra o risco de ser hospitalizado — e, aí sim, ficar exposto a diversas outras doenças e a tratamentos mais invasivos. Isso se conseguir um leito, que anda tão disputado nos últimos dias.
Ah, antes que eu me esqueça, vale lembrar de coisas que ainda são ditas por aí:
“A gripe está dentro de nós, e isso é natural.”
“Precisamos ter gripe pra limpar a sujeira por dentro.”
“Só pegamos gripe porque não nos cuidamos no frio.”
Esses são pensamentos equivocados, não precisamos enfrentar uma doença que já foi comprovada cientificamente que pode ter seus efeitos atenuados e até ser evitada.
Sementes de falsas notícias, entre elas as relacionadas às vacinas, estão sendo lançadas diariamente em nossas mentes.
Quem as semeia?
E o que pretendem colher?