Em meio a uma série de dificuldades impostas pela pandemia do Coronavírus, muitas famílias de Bento Gonçalves ainda estão precisando lidar com outro problema sério desde o começo deste mês: o aumento expressivo nas contas de energia elétrica. Na grande maioria das situações, conforme relatos dos consumidores, a elevação dos gastos não seria em virtude de um consumo maior, e sim de erros da concessionária responsável, a Rio Grande Energia (RGE).
No decorrer de abril, a RGE não efetuou as leituras presenciais em todas as residências, como medida de prevenção à possibilidade de contágio por Covid-19. Nesse meio tempo, a alternativa adotada, com respaldo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e "apenas em casos de extrema necessidade" – de acordo com a própria companhia –, foi calcular as faturas com base em uma média aritmética do uso ao longo dos últimos 12 meses.
Somente na última semana, o Procon local recebeu inúmeras queixas de moradores contestando as faturas com pagamento previsto para maio. O órgão tem trabalhado para buscar a revisão dos valores. A orientação é que os consumidores que se sentirem atingidos procurem o departamento para abertura de reclamações, levando cópia da fatura, de documentos pessoais e foto atualizada do medidor de energia.
Para evitar aglomerações, os atendimentos estão sendo realizados por agendamento. Os telefones disponíveis para marcar horário são o (54) 3055.8544 e o (54) 3055.8547, além do e-mail [email protected].
Do Legislativo para o Ministério Público
O tema também acabou sendo abordado no Legislativo municipal. Há cerca de 20 dias, o vereador Moisés Scussel Neto (Republicanos) já havia chamado a atenção para o caso, usando como exemplo o seu próprio boleto mensal de luz, que estava com um valor quase três vezes maior do que o habitual. Ao conferir no leitor de sua casa a quantidade de quilowatts-hora (kWh) e compará-la com o que foi efetivamente colocado na fatura, Scussel percebeu a discrepância. "Existia uma leitura na fatura e, olhando no medidor, ela estava bem abaixo. Por ali eu pude ver que tinha um erro grotesco", afirma.
Ele salienta que, até o começo do ano, chegou a utilizar equipamentos de refrigeração que geravam um gasto mais acentuado, mas que as máquinas já estavam desligadas desde fevereiro. Para tentar solucionar o impasse, o parlamentar decidiu, inicialmente, usar a via que qualquer outro consumidor utilizaria: ligou para o telefone 0800 970 0900 da RGE e informou o ocorrido, passando a leitura atual de seu contador. Como resultado, o débito baixou de R$ 436,36 para R$ 118,08. "Eles estavam me cobrando 341 kWh a mais", detalha.
Depois de tornar público o fato em uma postagem no Facebook, o vereador recebeu uma enxurrada de comentários de outras pessoas que diziam ter passado por situação semelhante. Agora, além de cobrar explicações da concessionária através de seu gabinete na Câmara, ele também estuda levar o caso ao Ministério Público (MP), por entender que a postura da empresa prejudicou muitas famílias, sobretudo pela falta de informação adequada. "Não dá para admitir que o consumidor pague a mais, por um produto ou serviço que não usou, para depois ser ressarcido. É um momento em que muita gente está sem dinheiro, está correndo atrás de auxílio emergencial e não pode passar por mais isso. Seria muito mais interessante a RGE estabelecer uma cobrança mínima e depois cobrar a diferença lá na frente", conclui.
Aos clientes que preferirem, a RGE sugere que optem pela chamada autoleitura. O passo a passo está descrito no site www.rge-rs.com.br.