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Setor hoteleiro em alerta para nova onda de demissões

Tanto para o sindicato patronal como para o de trabalhadores, número de rescisões de funcionários deve se intensificar ainda mais nos próximos dias

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Jorge Bronzato Jr.
21/04/2020 às 20h46 Atualizada em 18/05/2020 às 13h01
Setor hoteleiro em alerta para nova onda de demissões

Em uma reunião realizada no dia 20 de março, os dois sindicatos ligados ao setor da hotelaria em Bento Gonçalves e região – patronal e de trabalhadores – sentaram à mesa e ajustaram algumas medidas para tentar evitar demissões em meio à crise que começava a ganhar força. Naquele momento, uma das principais definições foi a de adiantar ao máximo as férias dos empregados, inclusive dos que ainda não tinham alcançado o período aquisitivo – nestes casos, um banco de horas extraordinário funcionaria para compensação futura do tempo parada.

Um mês depois, o segmento amarga uma drástica redução no fluxo de clientes e, na própria análise interna, não deve voltar tão rápido à normalidade, mesmo com a retomada de atividades comerciais. Com o fim das férias que foram antecipadas e as equipes tendo que retornar ao trabalho, os desligamentos de funcionários se tornaram, em muitos casos, inevitáveis.

Mesmo com a possibilidade de as empresas aderirem ao pacote previsto na Medida Provisória 936, do Governo Federal, e suspenderem contratos ou reduzirem jornadas temporariamente, não há uma confiança de que essas possam ser soluções definitivas para os problemas enfrentados. Um dos motivos é justamente a "garantia provisória no emprego" estipulada na MP, que deve vigorar, após o reinício, pelo prazo igual ao da paralisação. Sem saber se terão como sustentar a "estabilidade" apontada na norma, vários empregadores estão se antecipando e promovendo as demissões agora.

Semanas cruciais
Ainda não há um panorama fiel do total de desempregados no ramo hoteleiro na cidade, mas, tanto para o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (SEGH) como para o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro, Meios de Hospedagem, Gastronomia, Turismo e Hospitalidade (Sintrahtur), uma certeza está desenhada: as duas próximas semanas tendem a ser bastante preocupantes com relação à piora deste quadro. "O enxugamento vai ser natural, infelizmente. Além das demissões, também teremos fechamentos. Praticamente todos estão fazendo desligamentos, exceto as pequenas pousadas mais familiares. O movimento está forte e, pelo comportamento, nessa semana e na próxima vamos ter isso mais claro", afirma a diretora executiva do SEGH, Marcia Ferronato. Ao longo dos últimos dias, o SEGH já tem coletado informações mais precisas junto aos seus associados.

Na avaliação da dirigente, a recuperação dos emprendimentos de hospedagem tende a ser bastante lenta, principalmente pelo fato de eles dependerem do turismo de lazer e de negócios. "Sabemos que vão ficar cicatrizes bem profundas. O normal que nós conhecíamos não existe mais e isso está gerando uma insegurança, mas tenho certeza de que vamos nos reinventar e voltar a crescer com responsabilidade", ressalta. Uma das iniciativas que, na visão de Marcia, contribuirá para que esta retomada possa ser conduzida de forma mais consistente é a união do setor turístico, que começa a se fortalecer com a recente criação do Comitê Pró-Turismo local.

De olho nos direitos
O Sintrahtur tem se mantido atento ao volume de demissões e, sobretudo, à maneira como elas tem sido feitas neste contexto de crise gerado pela pandemia do Coronavírus (Covid-19). Nos últimos dias, a entidade tem sido acionada por muitos trabalhadores que estão questionando a forma de pagamento dos valores a que têm direito. O sindicato contesta alguns atrasos e parcelamentos que, segundo os representantes dos ex-funcionários, impostos pelos empregadores à margem da lei.

Conforme o presidente Jair Ubirajara da Silva, no caso de alguns desligamentos encaminhados por uma rede regional, por exemplo, haveria inconsistências como a redução de 50% do aviso prévio e das verbas rescisórias. Como justificativa, a empresa teria apresentado o chamado "fato do príncipe", princípio do Direito Administrativo que tem sido debatido também nas relações trabalhistas: em resumo, o entendimento seria de que, em função dos descretos municipais, estaduais e federais que restringiram a atividade econômica, à empresa não teria condições de manter integralmente os compromissos trabalhistas. "O cálculo inicial estava correto, mas nós não concordamos com essa dedução usando o fato do príncipe como motivo. Isso não tem cabimento, não é válido nesta situação, e nós não vamos ceder nenhum milímetro no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores. Eles tiveram que assinar para ao menos poder receber o FGTS e o Seguro-Desemprego, mas as coisas não andaram da forma correta", afirma Silva, adiantando que o sindicato reivindicará, inclusive, o pagamento de multa pela demora no acerto.

Em comum, em uma previsão um pouco mais otimista no horizonte, SEGH e Sintrahtur entendem que, tão logo a crise se dissipe, o caminho das recontratações seja novamente trilhado na hotelaria. Até lá, contudo, o cenário de incertezas ainda deve permanecer instaurado por alguns meses para quem atua e investe no setor.

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