Uma estranha operação realizada pela Delegacia Fazendária do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) na manhã desta segunda-feira, 10, prendeu o prefeito eleito de Monte Belo do Sul, Adenir José Dallé, de 52 anos. A ação seria para cumprir um mandado de busca referente a um suposto desvio de verba pública, mas Dallé acabou preso por portar uma antiga espingarda calibre 36 sem registro. Ele foi liberado após pagar fiança de R$ 1,5 mil.
Cerca de 15 policiais cumprem, na manhã desta segunda-feira, três mandados de busca e apreensão — dois no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, na casa e escritório de um ex-procurador do município, cujo nome não foi divulgado, e um em Bento Gonçalves, na residência do prefeito eleito Adenir José Dallé (PMDB), que havia sido prefeito até 2012. Um delegado e cinco policiais saíram ainda na madrugada desta segunda-feira, 10, de Porto Alegre e chegaram até a casa de Dallé por volta das 6h50min.
Os policiais procuraram documentos, mas não encontraram nada no local. Durante a revista do imóvel, os policiais encontraram uma espingarda calibre 36 e alguns cartuchos da arma. Com isso, foi dada voz de prisão em flagrante ao prefeito eleito por porte ilegal de arma. Dallé foi levado para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). O titular da DPPA, delegado Arthur Reguze, arbitrou fiança de R$ 1,5 mil, que foi paga por ele. Adenir José Dallé responderá ao processo em liberdade.
Oficialmente, a operação buscava documentos que comprovem uma suposta fraude na Prefeitura de Monte Belo do Sul. Em 2009, a cidade entrou com uma ação trabalhista contra o INSS e ganhou, mas o ex-procurador do município recebeu diretamente em sua conta bancária o dinheiro dos honorários, que deveria ter sido repassado para os cofres do município. Os policiais investigam se há algum tipo de associação entre o ex-procurador e Adenir José Dallé e se o desvio foi feito com a conivência do prefeito eleito na antiga administração.
A reportagem do Notícias de Bento tentou contato várias vezes na manhã desta segunda-feira, 10, com o delegado Daniel Mendelski, responsável pela operação para esclarecer algumas questões da ação e o seu modus operandi, mas não obteve sucesso. Na única vez que atendeu nossa ligação, o delegado disse apenas estar muito ocupado e que não poderia falar no momento.
Dallé ficou surpreso com ação policial
O prefeito eleito de Monte Belo do Sul, Adenir José Dallé, afirma ter sido pego de surpresa com a ação policial. Ele alega que levou um susto ao ver o aparato policial que estava em sua residência. Para ele, a situação sobre os recursos dos honorários da ação trabalhista estavam resolvidos desde o mês de abril deste ano, quando teve cerca de R$ 14 mil bloqueados e retirados de sua conta corrente por determinação judicial. Dallé perdeu uma ação feita pelo Tribunal de Contas do Estado, que exigia a devolução dos recursos aos cofres da Prefeitura de Monte Belo do Sul.
Em relação à investigação policial, Dallé afirma desconhecer o andamento do inquérito. O prefeito eleito de Monte Belo do Sul revela que desde 2009 nunca recebeu uma intimação policial para prestar depoimento sobre o caso e nem tinha sido comunicado do andamento de qualquer tipo de investigação a respeito do fato. "Meus advogados entraram com recurso apenas na ação impetrada pelo Tribunal de Contas. Achei muito estranho porque nunca fui chamado para prestar depoimento pelo delegado e nem tomei conhecimento de que existia um inquérito policial sobre este processo. Apesar de tudo, estamos tranquilos, porque esta questão para mim já estava encerrada", afirma o prefeito eleito.
Sobre a arma apreendida em sua residência e provocou a prisão em flagrante, Adenir José Dallé explica que ela é uma espingarda com quase 50 anos e que era de seu pai, que faleceu há três anos. Ela estava na casa de seu pai, que não é mais habitada, por isso, recentemente foi até o imóvel e pegou o armamento, trazendo para sua casa, para posterior entrega na Polícia Federal. "Como estava envolvido com as questões eleitorais, a arma acabou ficando lá em casa por mais tempo do que devia. Mas de nenhuma foram ela era utilizada por ninguém da minha família", declara Dallé.
O titular da DPPA, delegado Arthur Reguze, afirma que é comum serem encontradas armas antigas em residências do interior do município. Normalmente, este armamento era de um pai ou um avô e acaba ficando na casa dos familiares. Reguze alerta que para garantir a própria segurança das famílias, o indicado é fazer a entrega do armamento na Polícia Federal, a fim de evitar problemas como o ocorrido com o prefeito eleito de Monte Belo do Sul.