A prefeitura pretende lançar em cerca de 30 dias o edital de licitação para a instalação de uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil no Distrito Industrial. O objetivo é, além de garantir o grande reaproveitamento deste tipo de material em Bento Gonçalves, evitar situações de descarte irregular, criando uma alternativa mais próxima para as empresas do ramo darem a destinação correta aos detritos.
Há poucos dias, o Legislativo municipal aprovou a concessão de uso de um terreno para a implantação da estrutura, pelo prazo de cinco anos e possível prorrogação pelo mesmo período. Após a definição da empresa responsável – que deverá apresentar como requisito uma proposta financeira para ocupação da área –, caberá a ela a construção da planta e a completa operação do sistema, sem participação do Executivo.
Atualmente, de acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Bertolini Pasin, a maioria das companhias do ramo, através do serviço de “tele-entulho”, envia os resíduos resultantes das obras para um aterro em Carlos Barbosa. “É uma solução que está dentro da lei, mas hoje sabemos que não é a melhor prática. Estamos pensando no meio ambiente e na economia circular, fazendo com que esses recursos retornem para outra finalidade. E assim também permitimos o uso inteligente de um patrimônio público que está lá parado, como é o caso deste terreno”, explica.
Bertolini entende que, em virtude da grande movimentação da construção civil em Bento, a proposta deve ser bem recebida por interessados em assumir a tarefa. Ficará a cargo de um deles estabelecer soluções para o correto encaminhamento de materiais como brita, concreto, gesso, ferro, madeira e vidro, dentro dos critérios apontados no edital. “É uma questão de mercado, uma atividade comercial, mas acredito que, pelo potencial da cidade, tanto em construções como reformas, não faltarão postulantes”, projeta. Não há, contudo, uma estimativa do volume gerado mensalmente na cidade.
O secretário também ressalta que, em determinadas condições, o índice de reciclagem pode chegar a 100%, mas, em outras, ainda pode ser necessário encaminhar algum resíduo para o aterro. “Pode acontecer, mas será em uma quantidade menor, minimizando o impacto ao meio ambiente”, salienta. Por fim, ele destaca que o valor a entrar no caixa da prefeitura com a concessão onerosa do lote público será direcionado, prioritariamente, para as áreas de Saúde, Educação e Segurança.
No país
Segundo dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), há pelo menos 350 usinas mapeadas em todo o Brasil. Conforme relatório setorial de 2017-2018, 83% são privadas, e o restante se divide entre públicas (10%) e público-privadas (7%). Aproximadamente 74% delas são fixas, mas há também as móveis (21%) e as que abrangem os dois modelos (5%).
São Paulo é o estado que concentra o maior número destas estruturas, com 54% delas instaladas em seu território. No Rio Grande do Sul, que empata em segundo lugar com Paraná e Rio de Janeiro, esse percentual alcança 7%.