A falta de respostas quanto ao futuro do Ensino Médio no Colégio Estadual Landell de Moura tem deixado os estudantes da instituição pública bastante apreensivos. Na última quarta-feira, dia 4, uma turma de 1º ano do turno da tarde, com mais de 30 alunos, foi fechada, obrigando que as famílias buscassem alternativas às pressas para matricular os filhos.
Enquanto Estado e prefeitura negociam uma possível ocupação da estrutura do Landell para abertura de novas turmas do Ensino Fundamental pela rede municipal, os jovens do Médio estão em meio a uma série de incertezas. Sem informações concretas, eles deram início nesta semana a uma mobilização para, em primeiro lugar, buscar a verdade dos fatos e, junto a isso, lutar para que a escola não perca o segundo grau.
A situação ainda é bastante confusa e pouco transparente: os próprios alunos e a direção do colégio tomaram conhecimento das tratativas entre os entes governamentais por meio da imprensa, na matéria publicada pelo NB no dia 27 de fevereiro. Na ocasião, tanto a 16ª Coordenaria Regional de Educação (CRE) quanto a Secretaria Municipal de Educação (Smed) trataram a questão como algo que ainda estava na etapa inicial, e que dependeria de muitos trâmites burocráticos.
Com apoio da União dos Estudantes Secundaristas de Bento Gonçalves (Uesb), os jovens formaram a Comissão Estudantil do Colégio Landell para liderar o movimento. Nesse meio tempo, passaram a conviver com rumores como a possível transferência do Ensino Médio do Landell para o prédio do Colégio Bento, no Centro, medida fortemente questionada por eles. A maior preocupação, além de todos os transtornos com deslocamentos, diz respeito à infraestrutura, já que eles atualmente dispõem de um espaço físico que recentemente foi reformado – com banheiros e refeitórios novos, por exemplo – e que oferece condições consideradas por eles muito boas para o aprendizado diário.
O grupo até avalia como positiva a chegada de novas turmas do Fundamental, pois isso poderia contribuir para que a escola voltasse a ter uma ocupação maior, como ocorreu em outros anos. Na visão deles, Estado e município poderiam tranquilamente compartilhar a área, o que beneficiaria ambos. No passado, o Landell chegou a ter 1.200 alunos e, hoje, o grande questionamento é justamente esse: por que não manter as turmas já existentes e trazer outras novas para utilizar a estrutura disponível?
Em comunicado entregue à imprensa, a comissão também lamenta o descaso com a identidade de um educandário que está prestes a completar 45 anos na cidade. “Escolhemos fazer parte dessa escola. Não admitimos que digam que a escola está sucateada ou que não há alunos suficientes. As turmas estão cheias, nós vivemos essa realidade, sabemos do que acontece aqui e não há nada de errado”, diz o texto.
Se não obtiverem respostas efetivas ao longo dos próximos dias, os estudantes pretendem recorrer ao Ministério Público Estadual (MP-RS). Eles também devem se mobilizar junto aos pais de todos alunos para propor uma atividade simbólica de valorização e divulgação do Colégio, com o objetivo de tentar sensibilizar o Estado e evitar as alterações que parecem estar sendo encaminhadas. Para dar visibilidade à causa, o grupo criou uma página no Instagram intitulada “Somos todos Landell”. O perfil pode ser acessado neste link: www.instagram.com/somos_todoslandell/.
Modificações
Ao que tudo indica, a intenção da prefeitura é fazer com que a Escola Fenavinho, que fica a 500 metros do Landell, “suba” para a estrutura do colégio, onde ao todo devem ser implantadas ao menos sete novas turmas. No lugar da Fenavinho, deve ser instalada uma Escola Municipal Infantil, na tentativa de minimizar o constante déficit de vagas em creches públicas.
Moeda de troca?
Tanto em comentários publicados nas redes sociais, nas reportagens que tratam do tema, quanto em conversas de bastidores, surgiu a informação de que a ocupação do Landell pela prefeitura seria uma espécie de “moeda de troca” pelas dívidas que o Estado tem com o município. Os débitos, sobretudo na área da Saúde, com repasses atrasados ao longo dos últimos anos, já estariam beirando os R$ 6 milhões. Nos próximos dias, a reportagem do NB tentará esclarecer essa questão para a comunidade bento-gonçalvense.