Convocado à Câmara de Vereadores para falar sobre o andamento das obras do hospital público, o secretário de Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira, apresentou um panorama da situação do empreendimento e também abordou quais devem ser os próximos passos com relação ao futuro da obra. Em sua manifestação, inclusive após questionamentos dos parlamentares sobre a viabilidade de execução do projeto e sua posterior manutenção, o representante do Poder Executivo defendeu firmemente a posição de que a instituição, quando concluída, seja referência regional em algumas especialidades, a fim de garantir um atendimento mais amplo também à comunidade bento-gonçalvense.

Siqueira ressalta que, mesmo quando planejado – há praticamente uma década – o novo hospital já era pensado para dar suporte a um contingente populacional maior do que o atual, o que garante que sua estrutura possa acolher pacientes de municípios vizinhos. "Estamos falando do segundo maior projeto em andamento no Estado em questão de Saúde (o primeiro está em Santa Maria, que também está construindo um hospital regional). Ele é pensado para 250 mil habitantes, porque a gente tem que começar a pensar como uma região, ou vai ficar cada vez mais complicado", salienta. 

Nesse contexto, o secretário destaca que a abertura às cidades do entorno viabilizaria a oferta de novos serviços, o que beneficiaria inclusive a população local. "Nós precisamos aumentar o número de cirurgias eletivas, que hoje temos uma fila muito grande. Precisamos aumentar nossa capacidade de psiquiatria, aumentar as referências que não temos em Bento Gonçalves. Traumatologia, hoje nós não temos; cardiologia e neurologia, encaminhamos tudo para Caxias do Sul, e com grande dificuldade. É importante lembrar que nós só referenciamos uma UPA de porte 3 e passamos a receber R$ 750 mil mensais do Governo Federal porque, lá atrás, incluímos a região", complementa.

O fechamento das portas a outros municípios, contudo, poderia ter um impacto extremamente negativo nesse cenário regionalizado. "E quando o nosso paciente de Bento Gonçalves tiver que ser atendido em Porto Alegre, por exemplo, a gente vai aceitar que ele seja bloqueado?", questiona.

Gestão do futuro hospital
Indagado sobre como será a gestão do hospital público quando estiver finalizado, Siqueira aponta que os caminhos mais prováveis a serem considerados sejam uma Parceria Público-Privada (PPP) ou um contrato de gestão com uma Organização Social (OS). "Principalmente, por dois motivos: em função da porcentagem de endividamento da receita líquida corrente e também do know-how, da capacidade técnica", explica. Além do formato de administração, também será estudada a criação de um conselho deliberativo e de câmaras técnicas internas, para aprimorar constantemente o gerenciamento da nova casa de saúde.

Venda de terrenos
No próximo dia 9, a prefeitura realizará um procedimento inédito no Rio Grande do Sul, que é a venda de terrenos do município para aplicação dos recursos na continuidade da construção do complexo. A expectativa do Poder Público é arrecadar R$ 727 mil na negociação de três imóveis – os valores serão destinados ao revestimento externo e à instalação de esquadrias na unidade de internação, que está localizada atrás da UPA 24h, tem quatro andares e terá 160 leitos. Se o teste funcionar, esta modalidade será repetida em outras ocasiões para levantar novos fundos que permitam dar prosseguimento aos trabalhos.

Por fim, o secretário ainda rebateu críticas de que o projeto esteve parado ao longo dos últimos anos, evidenciando que, após a UPA, e já foram entregues espaços como o Centro de Especialidades em Odontologia e o Laboratório de Patologias e Análises Clínicas. Além disso, duas fases do bloco cirúrgico estão sendo executadas, com investimento de R$ 4,5 milhões e uma delas já na marca dos 90% prontos. "Também está prevista uma grande reforma de toda a área do antigo Hospital Galassi", finaliza o secretário.