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Cidadãos invisíveis: o amor de mãe que faz brilhar os olhos de quem, aos poucos, foi esquecida

Mesmo sem poder ouvir, falar e com poucos movimentos no corpo, a ex-professora, acometida pela meningite, esbanja um largo sorriso e o amor no brilho dos olhos para cada visita que recebe em sua casa.

Kevin Sganzerla
Por: Kevin Sganzerla Fonte: NB Notícias
13/04/2023 às 00h09 Atualizada em 14/04/2023 às 13h33
Cidadãos invisíveis: o amor de mãe que faz brilhar os olhos de quem, aos poucos, foi esquecida
Foto: Kévin Sganzerla

Um beijo no rosto, um aperto de mão, um carinho na bochecha: esses simples gestos, por vezes, deixamos de lado no dia-a-dia com quem amamos. Para pessoas como Silvia Bortolini Mesquita, um ato como esse significa muito e a enche de felicidade. Acometida pela meningite bacteriana, a ex-professora de literatura da Escola Mestre Santa Bárbara, de 41 anos, teve sequelas significativas e não consegue ouvir nem falar, e conta com poucos movimentos. Porém, isso não a impede de esbanjar um largo sorriso com quem a ama e quem a visita.

Há oito anos, Silvia teve o diagnóstico grave de meningite. Ela sobreviveu, porém com sequelas, uma vez que a doença atinge o sistema nervoso e o cérebro. Ela mora com o seu filho, de 10 anos, e com a sua mãe, Dona Gema Bortolini, a qual cuida integralmente de ambos. Mesmo com dificuldades por conta da idade e com limitações financeiras, Gema não mede esforços para tomar todos os cuidados necessários que Sílvia precisa no dia-a-dia: uma verdadeira batalhadora.

Inicialmente, Silvia recebia visitas de colegas de profissão e de alunos. No entanto, com o passar dos anos, os encontros foram cada vez mais raros. Sem poder sair da cama, Sílvia passa praticamente todos os seus dias no seu quarto, com a companhia de sua mãe, do seu filho e da televisão, que a diverte. Os livros, embora não deixa emprestar nenhum de sua coleção, também não fazem mais parte de sua rotina como antes.

“Muitas pessoas conhecem ela, alunos, a comunidade em si. Vieram muitos alunos aqui em casa, mas agora todo mundo esqueceu. A vida segue e quem está doente fica. A visita para ela é muito importante, porque ela gosta muito, faz muito bem para ela. Apesar de tudo ela tem a cabeça muito boa, ela lê, não empresta nenhum um livro, é a sua preciosidade, ela faz as unhas, é vaidosa”, comenta a mãe.

No entanto, sejam vizinhos ou pessoas que fazem parte de entidades assistenciais, como a Anjos Unidos, Silvia é abraçada por meio da solidariedade, sobretudo por conta das dificuldades financeiras que a família possui para o seu sustento e, principalmente, para pagar as necessidades da filha.

Conforme a mãe, os principais gastos são com fraldas, as quais são doadas pela prefeitura de Bento Gonçalves, mas que não são suficientes para suprir a demanda mensal, remédios e alimentos. “Pago aluguel, plano de saúde todo mês para ela. A comunidade tem me ajudado muito, são maravilhosos, mas mesmo assim não consigo dar conta. As fraldas são caras, ela usa óleo espessante para se alimentar, outros alimentos que gasto mais do que medicamentos”, explica.

Para complicar ainda mais a situação da família, Silvia segue lutando na justiça pelo IPE Saúde, Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul, que a auxiliava no pagamento de medicamentos, fraldas e atendimentos diversos como fonoaudiologia, nutrição e fisioterapia. “Eles cortaram esse benefício para ela e agora ficamos a zero quase. Ela precisa muito da fonoaudióloga, é indispensável para ela continuar comendo. Mas não ganhamos o suficiente para pagar a diferença que o auxílio pagava para ter tudo isso”, comenta Dona Gema.

Além de perder o IPE Saúde, a família foi obrigada a pagar todos os benefícios recebidos por Silvia desde o mês de dezembro, ou seja, um montante exorbitante. Se somar todas as vezes que Silvia utilizou dos serviços, o valor se mostra totalmente fora da realidade na qual vive a família. Gema ainda gasta com honorários com advogados para exigir a pensão que é de direito de Silvia, cujo valor também pouco auxilia nos custos de casa.

É com essas dificuldades e significativas limitações financeiras que mais de 8.800 famílias de Bento Gonçalves vivem, conforme os últimos números divulgados do CadÚnico. No caso de Gema, não se trata de falta de vontade de trabalhar e de oferecer o melhor para a sua família. Uma circunstância que mudou completamente a sua vida e da sua filha implicara em desafios, os quais são vencidos todos os dias por meio do amor de mãe, no beijo na testa, no abraço, no aperto de mão, que faz florescer o sorriso que demonstra reciprocidade e, sobretudo, esperança.

Como ajudar?

Uma visita basta. Silvia se alegra ao ver pessoas novas, com um largo sorriso no rosto, no aperto de mão. Ela não deixa de pedir um carinho no rosto, um beijo ou um abraço, pois esses gestos, para Silvia, significam viver.

A família aceita qualquer auxílio, seja em fraldas, óleo espessante, lençóis ou outros mantimentos, os quais podem ser doados diretamente na residência onde moram, na Rua Fioravante Pozza, n° 36, bairro Maria Goretti. Também podem ser realizadas doações em dinheiro via PIX por meio da chave (CPF) 594562130-72, no nome de Gema Bortolini.

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