A cidade de Bento Gonçalves, próspera em investimentos e em negócios na Serra Gaúcha, não transparece, sobretudo aos olhares dos turistas, a desigualdade social presente no município. No entanto, ela existe e contou com crescimento no ano de 2022. O número de famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) aumentou em 33% em 2022, sobretudo no que tange àquelas que se encontram em situação de extrema pobreza.
O Cadastro Único é o instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, desta forma, proporcionando que o governo conheça a realidade socioeconômica da população. Em dezembro de 2021 haviam 6.633 pessoas cadastradas no CadÚnico. No final de 2022, esse número aumentou consideravelmente, com uma elevação de 33%, correspondendo a 8.839 famílias. O crescimento foi significativamente maior se comparado à elevação registrada de 2020 a 2021, que contou com um crescimento de 23%.
Famílias caracterizadas em situação de “extrema-pobreza”, que vivem com renda mensal de até R$ 105 por pessoa, contaram também com um aumento significativo em 2022. Em dezembro de 2021, o CadÚnico contava com 1.265 famílias. No ano passado, no mesmo mês, esse número cresceu para 1.546, ou seja, uma elevação de 22,2%, que se mostra ainda mais considerável quando comparado ao aumento de 2021 em relação a 2020, que registrou um crescimento de apenas 4,4%.
O número total de pessoas inscritas em 2022 foi de 21.527. Destas, 2.263 se encontram em situação de pobreza e 3.104 em extrema pobreza. Em 2021, o total de pessoas cadastradas no CadÚnico foi de 16.724. “As famílias cadastradas em situação de pobreza ou pobreza extrema são as que se autodeclaram desempregadas ou com fontes de renda precárias no mercado informal de trabalho em sua maioria”, relata a Coordenadora do Cadastro Único, Adriane Lazzarotto.
Conforme Adriane, a demanda de atendimentos acompanhou a tendência de alta com 18.993 atendimentos em 2022, praticamente 40% superior em relação ao período de 2021, que registrou 13.972 atendimentos.
“É importante compreender que no período da pandemia da COVID-19 a Assistência Social como um todo foi responsável por importantes contingenciamentos, muitos em caráter emergencial que difundiram o acesso a políticas públicas. No período pós-pandêmico, o fluxo de cidadãos que continuaram a buscar algum tipo de apoio manteve-se em alta, isso em relação a todos os programas, projetos, serviços e benefícios da Assistência”, salienta.
A coordenadora relata que os atendimentos mais recorrentes foram de famílias que mesmo contando com alguma fonte de renda, a perda de poder aquisitivo se agravou entre 2021 e 2022, tratando-se de famílias que passaram a buscar a assistência na perspectiva de acessar programas de transferência de renda para complementar o sustento familiar.
Além disso, também se acentuaram os atendimentos de pessoas em situação de migração. “Também esteve em evidência nos atendimentos a migração de pessoas para Bento Gonçalves, seja de países como Venezuela e Haiti, bem como de vários estados brasileiros, especialmente da região norte e nordeste”, pondera.
Famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa podem se cadastrar no CadÚnico. Já famílias com renda acima deste perfil podem se cadastrar, desde que vinculadas ou pleiteando acesso a um programa com critérios específicos e que tenham a inscrição no Cadastro Único como requisito.
Conforme Adriane, a inscrição no Cadastro Único coloca a família em vias de concorrer a diversos programas sociais. “O acesso a cada programa depende que o cadastro da família atenda aos critérios da lei do programa pretendido e que seja selecionado pelo órgão responsável pela sua execução”, explica.
Dentre os programas sociais vinculados ao Cadastro Único estão o Programa Auxílio Brasil, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Auxílio Gás, Carteira do Idoso para Transporte Interestadual, Distribuição de conversores de TV Digital, Facultativo de Baixa Renda (5% INSS), Identidade Jovem (ID Jovem), Isenção de taxas de inscrição em concursos públicos, Isenções na taxa de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Programa Criança Feliz, Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, Programa Minha Casa Minha Vida/ Casa Verde Amarela, Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (CEACRIs), Sistema de Seleção Unificada - Sisu/Lei de cotas, Tarifa Social de Energia Elétrica, Devolve ICMS, Todo Jovem na Escola, entre outros nas esferas municipal, estadual e federal.
Luta contra a fome:
Dentre os programas de assistências dispostos a combater a Insegurança Alimentar, fato que impacta a vida de diversas famílias que se encontram principalmente em situação de extrema pobreza, está o Benefício Eventual de Alimentos.
Em 2022, os Centros de Referência de Assistência Social concederam mais de 4 mil cestas básicas às famílias atendidas nas três unidades em Bento Gonçalves. “O município, através da Assistência Social, dispõe do Benefício Eventual de Alimentos disponibilizado às famílias em situação de vulnerabilidade social que não possuem condições de atender sua necessidade de alimentação sozinha. Este benefício é ofertado pelos CRAS – Centro de Referência de Assistência Social”, comenta a Coordenadora da Proteção Social Básica da Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social, Lisia Daros.
Além do poder público, a Ação Social São Roque é a única entidade presente na rede socioassistencial, a qual desenvolve o projeto de Atendimento no Enfrentamento à Pobreza no âmbito da Política de Assistência Social, inscrita no Conselho de Assistência Social.
O município conta com três Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), e em cada CRAS há um setor de Cadastro Único.
CRAS I
3771 4240
Cadastro Único - CAD I
3771 4243
Rua Callisto Oreste Sganzerla, 70, Ouro Verde
CRAS II
3055 7013
Cadastro Único - CAD II
3055 8537
Rua Luiz Giardini, 10, Juventude da Enologia
CRAS III
3771 4220
Cadastro Único - CAD III
3771 4222
Rua Carlos Dreher Neto, 650, Vila Nova