Após quase quatro anos de umsilêncio praticamente absoluto em relação à imprensa, o ex-prefeito RobertoLunelli – agora pré-candidato pelo PT à prefeitura de Bento Gonçalves – retomouassuntos ligados à sua gestão e apresentou a base do que promete ser o seu novoplano de governo. Em sua casa, na localidade de São Valentim, no distrito deTuiuty, ele recebeu a reportagem do Notícias de Bento, no último sábado, dia16, para a entrevista que abre a série com os prováveis nomes que disputarão aseleições municipais de outubro.
Ao mesmo tempo em que expõe osprojetos que, nas palavras dele, terão como prioridade “terminar o quecomeçou”, Lunelli rebate as acusações de envolvimento em denúncias de desviosocorridos durante sua administração. “Demos poder para algumas pessoas que agente pensava que eram uma coisa e não foi o que demonstraram”, argumenta.
Entre os destaques daspropostas, Lunelli, que deve ter como vice o também professor Paulo Wünsch(PCdoB), garante que pretende implantar pelo menos oito novas creches parazerar o déficit na Educação Infantil, dar continuidade às obras do hospitalpúblico e ampliar significativamente a cobertura de videomonitoramento nas ruasda cidade. Fala ainda na retomada do Orçamento Participativo (OP) paradefinição de áreas de investimento, na redução e reorganização das secretariase na revisão dos contratos de terceirização na Educação e na Saúde, que serãosubstituídos gradativamente por servidores concursados. A convenção do PT, quedeve oficializar a candidatura de Lunelli, está marcada para o dia 3 de agosto.
Confira a entrevista completa:
Notícias de Bento: Como foi a decisão de concorrer novamente àprefeitura?
Roberto Lunelli: Eu perdi a eleição e voltei para o meu lugar, paraminha vida normal. Voltei a trabalhar como antes de ser prefeito, sou professordo município desde 1991 e voltei dar aula na escola Maria Borges Frota, o Caic,no Zatt, e na faculdade. Minha vida continuou normal. Nunca dei entrevista,nunca falei de nada, deixei tudo com a Justiça. Mas se ouve muita mentira, sevê e se lê muita mentira. Tem muitas pessoas interessadas em propagar mentira,principalmente nas redes sociais. E o momento da campanha vai ser importantepara mostrar a verdade para a população. Essa é a ideia, voltar para terminar oque a gente começou, o que não foi feito, o que foi perdido e o que ficou pelametade. Eram projetos decididos pela comunidade, pelo Orçamento Participativo,são coisas muito importantes que a gente trabalhou quatro anos.
Eu ia praticamente toda semanaa Brasília, com a pastinha embaixo do braço. Nunca tirei férias, porque tinhamuita coisa para fazer e eu não me arrependo. Faria tudo de novo, com algumaspessoas diferentes em alguns setores. Demos poder para algumas pessoas que agente pensava que eram uma coisa e não foi o que demonstraram. Mas a proposta,o plano de governo em si, era muito bom. Tanto que nós, hoje, se tivermos quevoltar ao governo de Bento Gonçalves, vamos retomar todos aqueles projetos. Ealguns são muito essenciais para a comunidade.
A gente foi amadurecendo aquestão desse pré-candidatura, mas é algo automático. Nosso partido seguiutrabalhando e isso é algo espontâneo, natural. Tínhamos vários nomes e opartido entendeu que eu deveria ser o pré-candidato. E eu também acho que devoconcorrer por isso, para mostrar o que ainda posso fazer.
NB: Mas não há o temor de que uma nova rejeição possa comprometer o seufuturo político?
Lunelli: O tempo foi andando e automaticamente foi mostrando asverdades. Então, muita coisa de dúvida que existia no passado foi ficando paratrás e a verdade aparecendo. Em qualquer campanha, temos que estar preparadospara mostrar o que pretendemos fazer e a ter as respostas.
Nessa eleição, eu queromostrar a verdade. E sem panfleto de madrugada, sem jornal comprado, comoacontece muito em Bento Gonçalves, sem setores da imprensa vendidos e pagospara contar mentira e esconder a verdade.
Nossa campanha vai ser olho noolho e pés no chão. Eu estou bem tranquilo sobre o que fizemos e os erros quecometemos. É um momento para corrigir esses erros. Eu aprendi muito em quatroanos e aprendi ainda mais ficando quatro anos fora. E se voltar agora, estoucom uma visão bem maior do que pode acontecer dentro de um governo.
“Nessa eleição, eu quero mostrar a verdade. E sem panfleto demadrugada, sem jornal comprado, como acontece muito em Bento Gonçalves”
NB: Um dos processos mais graves que a sua gestão passada encara dizrespeito à contratação da Fundação José Bonifácio, do Rio de Janeiro, para umserviço que ela nunca executou, mas recebeu R$ 840 mil. O que houve nesse caso?
Lunelli: A gente contratou a José Bonifácio para fazer a valoraçãoda folha de pagamento. De quanto custaria a folha de pagamento. A princípio, setratava de uma fundação altamente correta, porque é vinculada a umauniversidade federal do Rio de Janeiro, e depois descobrimos que ela nãoprestava. Eles iam fazer o edital para trazer investidores para comprar a folha:Bradesco, Itaú, Caixa, Banco do Brasil, Banrisul e tal. O que a gente tinha de mercado,se informando com outras prefeituras, era que poderia passar de R$ 10 milhões afolha.
Eles fizeram o levantamento e,naquele meio tempo, aconteceu a portabilidade, então, com isso aí despencou,ninguém mais queria comprar a folha. Banrisul caiu fora, Bradesco não quis maisconversa, o próprio Santander, que era deles a folha, não quis mais nemrenovar. E a Caixa Federal tinha feito uma proposta, não me lembro o valorexato, acho que era R$ 4.800.000,00. Então, a Caixa quis comprar, ela pagouaquilo lá e o dinheiro foi para a prefeitura, que mesmo assim acabou fazendo umbaita negócio. E estava no contrato que, caso não houvesse licitação, estavaextinto o contrato com a José Bonifácio. Para mim, estava morto aquilo lá,morto. E eu fiquei sabendo pela imprensa que tinha sido pago. Era 20% do valor,dava R$ 840 mil. Isso, na época, alguém das Finanças pagou. Não tem minhaassinatura em momento algum. Essa é a maior prova. Então, nós demitimos osecretário (Olívio Barcelos de Menezes) e a contadora (Luana Della ValleMarcon). Claro que, como eu era prefeito, respondo por isso, mas aquilo lá a JoséBonifácio vai ter que responder para onde foi aquele dinheiro.
Não sei se foi para a Fundaçãotambém. Saiu da prefeitura, mas não sou eu que vou julgar, é a Justiça. AJustiça me intimou, nós demos todos os documentos, pegamos testemunhas daprefeitura, servidores, secretários, que colocam toda a verdade. Nós só pagamosa parcela de contrato com a Fundação, que era de R$ 30 mil. Eu sou o maiorinteressado em querer saber como foi pago aquilo e para quem foi aqueledinheiro. E que a Justiça seja feita para mostrar para onde foi e, se temalguém que tem que devolver o dinheiro, é quem recebeu, e esse alguém não soueu.
NB: Outra situação que é frequentemente mencionada diz respeito aosdesvios que foram descobertos durante o seu governo...
Lunelli: Eu não desviei um centavo da prefeitura. Quando a gentedescobriu que estava acontecendo isso, a gente demitiu ela (a ex-contadoraLuana Della Valle Marcon, acusada de articular o esquema) na hora e apurou. Naquelaépoca, conseguimos calcular desvios em torno de R$ 360 mil.
Ela usava empresas fantasmas,era feito pelo sistema, ela empenhava e pagava. Ela, e outras pessoas também,se for o caso, vão ter que responder. Nós levamos todos os documentos, todas asnotas falsas, que geralmente eram peças de máquinas, e os chefes de oficina eos mecânicos foram testemunhas de que aquilo nunca existiu, nunca chegou peçanenhuma daquelas. Essas peças nunca vieram para Bento. Ela emitia empenhos,recebia e sacava. E, certamente, a gente até conseguiu desbancar uma redetalvez a nível estadual ou até nacional. É tudo feito online e difícil dedescobrir. Nós descobrimos porque começamos a ver um monte de peças estranhas. Realmente,tudo se confirmou e provou. E tudo isso a gente encaminhou para a Justiça paradeixar esclarecido.
NB: A dívida ao final de seu governo, que seria de R$ 51 milhões, foiargumento utilizado em vários momentos da atual administração, para justificardificuldades de investimento em novos projetos. Que análise você faz dessasituação?
Lunelli: Alguémviu os números oficiais, eles mostraram alguma vez? Não tem. O que acontece:nos quatro anos de nosso governo, nós fomos buscar projetos, projetos eprojetos. Nós entregamos, na transição, aquela mesa de reuniões do prefeitocheia de pastinhas de projetos prontos, executivos. Acho que totalizou, entreprontos, andando, começando, finalizando ou a buscar, de R$ 310 milhões a R$315 milhões, em todas as áreas. E tinha uma boa parte de projeto andando anível federal. Geralmente, era pago 10% para iniciar a obra, uns 20% ou 25% nomeio e o resto quando entrega a chave, no final.
Então, tinha um monte de coisa andando que não tinha sido paga ainda, óbvio queera dívida, mas ia receber quando fosse andando a obra. Tinha R$ 11 milhões sódo Municipal, por exemplo, e nós gastamos R$ 400 mil, porque estava começando.Mas estava empenhado R$ 11 milhões para pagar.
Foi criada toda aquela história de rombo, mas eu quero ver os números.Inclusive, me colocaram que nos R$ 51 milhões tinha até a dívida da Todeschini,de precatórios. O cálculo que eles fizeram é o mesmo dos R$ 97 milhões agora?Tem que analisar e fazer o comparativo. Não temos números oficiais, então sou oque mais quero ver isso passado a limpo e tem um pessoal que agora estájuntando todos os números. É um grande ponto de interrogação, não temtransparência, é tudo escondido. Eu queria ter recebido a prefeitura com todosos projetos que eu deixei. É isso que vamos discutir na campanha, de maneiraclara e limpa.
NB: Mas não houve algum momento em que o planejamento deu errado?
Lunelli: Não, estava tudo equilibrado, tudo previsto. Tanto que,para conseguir aprovar o projeto, tem que mandar a situação financeira, senão aCaixa não libera. Se não tiver condições, não libera, tem que mostrar isso. Oque pode ter acontecido é depois de ter perdido a eleição, mas antes estavatudo em dia. Por isso, eu sou da opinião de que perdeu a eleição no domingo, nasegunda de meio-dia deveria assumir o novo prefeito.
NB: Como você trabalha essa questão do desgaste da sigla, essa ideiaque surgiu em alguns setores da sociedade de “PT em Bento nunca mais”?
Lunelli: No geral, a situação político-partidária no Brasil estámuito desgastada. O Brasil vive um caos político e não é só com o PT, é comtodos os partidos. Isso é péssimo para o Brasil, péssimo para o Rio Grande epéssimo para Bento Gonçalves. Não é o partido, são algumas pessoas do partido,do meu e dos outros, que cometeram erros e falhas e que têm que ser levadas àJustiça. A mesma energia que é utilizada para fiscalizar e condenar o PT queseja usada também com os outros partidos. Óbvio que quem está no poder tem maisdesgaste. A nível nacional, eu, particularmente, gostaria que a Dilma nãovoltasse agora, porque ela não vai ter condições de governar. Que se faça umanova eleição, com um governo democrático, não esse governo ilegítimo que temosaí. A melhor proposta é mesmo uma nova eleição e um comprometimento de umareforma político-partidária, porque a corrupção está em todos os partidos. Sefor analisar nome por nome, salvamos poucas pessoas. Isso mostra que o sistemaestá errado e tem que ser revisto urgentemente.
“A mesma energia que é utilizada para fiscalizar e condenar o PT queseja usada também com os outros partidos”
NB: Voltando aos temas locais, na Educação Infantil, qual seria suaestratégia, caso eleito, para lidar com o déficit de vagas?
Lunelli: Fizemos uma análise agora e nós precisamos, urgentemente,de mais oito creches em Bento. Estava em nossa proposta, mais duas creches porano. Isso é prioridade número um e não vamos abrir mão desse projeto, para quea mãe e o pai possam trabalhar tranquilos e deixar seus filhos em um lugar comcondições. E nossas são creches são muito boas, superequipadas e comprofissionais maravilhosos. Nós queremos zerar essa defasagem. E também temmuita reclamação de pais com boas condições que têm filhos em creches públicas.Então, teremos que ter uma fiscalização maior e regras mais claras noacolhimento. Mas eu não me importaria, se tivermos vagas, em atender filhos deuma família que tenha mais condições que as outras. Mas, primeiro, para quemtem menos condições. Já temos um mapeamento de oito creches pela demanda de vagasque a comunidade nos traz.
NB: E para os jovens, em especial na preparação ao mercado de trabalho,o que podemos esperar?
Lunelli: Um projeto que estaremos lançando é do Centro de AltaTecnologia para jovens de escolas públicas e particulares de Bento, paracapacitação desses alunos, de todas as idades. Com informática, dança, música,cursos técnicos e várias atividades científicas e intelectuais. Vamos terapenas que alinhar as demandas que vêm da comunidade. É algo que o jovem estáprecisando, porque o mercado é exigente. Junto a isso, vamos criar um programapara garantir que nenhum bento-gonçalvense esteja fora do Ensino Médio, umamplo monitoramento, que também vai abranger as demais faixas etárias. Aeducação de Bento é muito boa, só temos que melhorar e, principalmente,modernizar.

NB: E como poderia ocorrer essa modernização?
Lunelli: Um exemplo são os laboratórios de informática que fizemose, depois, acho que não foi feito mais nenhum, e nem mesmo colocadas máquinasnovas. Também vamos trabalhar na implantação de um sistema 100% digital deconfecção e emissão de diários de classe, relatórios, boletins. Além disso, nósretomaremos o projeto da educação de tempo integral com todos os nossos alunosda rede municipal. Por fim, algo que beneficiará a todos estudantes e também acomunidade, criaremos praças de leitura e uma biblioteca móvel.
NB: Seguindo nessa linha, existe a possibilidade de tentar, mais umavez, construir uma sede para a Biblioteca Pública, a exemplo do projeto queestava pronto e cuja verba foi perdida?
Lunelli: Com certeza, vamos tentar buscá-la novamente, porque alémde biblioteca, ela seria um centro cultural. E para a cultura também vamosampliar o apoio aos artistas em geral, através do aumento de valores do fundoda cultura. E precisamos abrir ainda mais a Casa das Artes ao povo, com shows,apresentações, mostras, cursos, oficinas e outras atividades. Além disso, nesse campo da cultura, também resgataremos a nossa Fenavinho.
NB: Ainda em termos de Educação, há tempo de trazer o campus da Ufrgspara Bento?
Lunelli: Vai ser uma briga, mas eu considero uma retomada. Foi umaluta enorme, nós trabalhamos muito por isso com a campanha “Vem, Ufrgs, vem”. AUfrgs era nossa, ela era de Bento. Nós tínhamos um projeto bem encaminhado como Ministério da Educação. Se eleito, no dia 2 de janeiro terei reunião com oreitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Nóssabemos que houve um grande desinteresse local para que a Ufrgs não fossetrazida para Bento. Eu falava na época para os universitários: ‘nós vamosperder uma das maiores obras de Bento Gonçalves para o resto de todos os tempos’.E não seria só para Bento, mas para toda região.
Então, nós tivemos umretrocesso muito grande nesses quatro anos. Esses jovens que estão pagandofaculdade privada em Bento foram enganados. Foi mentido para eleseleitoralmente e eu quero que essa mentira venha à tona e quero ver a Ufrgs emBento Gonçalves. Naquele momento, o povo foi iludido por alguns interesses queagora não vêm ao caso, mas que virão. Há tempo de reverter e há condições. Oacadêmico que está pagando R$ 2.000,00, R$ 3.000,00 por mês, sempre que ele vaipagar essa conta, tem que se lembrar disso.
“Nós sabemos que houve um grande desinteresse local para que a Ufrgsnão fosse trazida para Bento”
NB: Também no que se refere ao EnsinoSuperior, sua proposta é auxiliar nos gastos com transporte dos estudantes queviajam para estudar em outras cidades?
Lunelli: Com certeza, vamos retomar o diálogo com os universitáriosque estudam fora de Bento para voltar com o pagamento de auxílios para aspassagens. É um gasto muito grande que eles têm e vamos encontrar uma forma devoltar a ajudar.
No Ensino Superior, outroprojeto muito importante que vamos criar é uma espécie de “ProuniMunicipal”, que estabelecerá critériospara beneficiar famílias de baixa renda com bolsas de estudo e, dessa forma,facilitar o acesso à universidade.
NB: Qual é a bandeira principal na saúde?
Lunelli: Em primeiro lugar, que não falte o básico, nem aspirina,como está acontecendo. A nossa rede de saúde é muito complexa, muito ampla, équase uma outra prefeitura, que envolve muito trabalho e depende de muitosprofissionais. Nós montamos uma estrutura maravilhosa, completa, com todasequipes trabalhando. Nós assumimos com 4.200 cirurgias eletivas na fila eentregamos sem nenhuma, zerada, além de fazer as outras. Queremos retomar isso,mas não se sabe quantas cirurgias têm.
O Centro de Oftalmologia foimandado embora de Bento. Era um centro 100% SUS, onde a população não gastavaum real e nem a prefeitura, e eram realizadas centenas de consultas e cirurgiaspor mês. Foram milhares nos três anos em que esteve aqui e, de uma hora paraoutra, simplesmente mandaram embora, foi para Nova Prata. E o povo não estáindo para lá. Hoje, nós não sabemos quantas pessoas estão na fila daoftalmologia. Isso é muito grave e faremos licitação urgente para um Centro deOftalmologia em Bento para voltar a ser referência regional. É muita demanda eo povo acaba tendo que pagar do próprio bolso, sendo que, pelo SUS, ela égratuita.
A marcação de consultas tambémestá caótica, fecharam posto em Tuiuty, em São Valentim, tiraram médicos daqui,tiraram médicos de lá. Tem que ter o número mínimo de profissionais paraatender a comunidade, disso não se abre mão. Saúde em primeiro lugar, e com umatendimento rápido. Quem tem dor tem pressa. E na questão de medicamentos, queremosa farmácia aberta o máximo possível, e, principalmente, que não falte remédios.
NB: Mas, nesse sentido, seria necessário contratar mais pessoas ouremodelar o sistema?
Lunelli: Remodelar, porque hoje estão com muito mais servidoresterceirizados do que na nossa época. E melhorou o serviço? Não. Tem algumacoisa errada aí, tem que analisar.
NB: Mas a ideia é manter a terceirização como está hoje?
Lunelli: A terceirização tem que ser revista. Nós temos que compararos valores do final de 2012 e atualmente. Os valores das terceirizações subirammuito, extrapolaram, tanto com a Fundação Araucária quanto com a CCS, épraticamente o dobro da quantidade de pessoas e o dobro dos valores pagos, e osserviços não apareceram. Então, a terceirização tem que ser revista item poritem, detalhe por detalhe.
NB: Então, ela deve ser substituída, gradativamente, por servidores decarreira?
Lunelli: Sim, e vamos valorizar nossos servidores concursados cadavez mais, além de fazer novos concursos e capacitações. Se tivermos queterceirizar, eu partiria para a criação de uma fundação pública municipal. Queela faça o gerenciamento disso. Mais do que nunca, se faz necessário. Temvários municípios que tiveram experiências maravilhosas com terceirização, mascom a fundação própria. Tipo a Codeca com o lixo em Caxias.
“Hoje, estão com muito mais servidores terceirizados do que na nossaépoca. E melhorou o serviço? Não
NB: E o projeto do Hospital do Trabalhador, agora Hospital do Povo, serámantido como o original?
Lunelli: O projeto é aquele que nós apresentamos e ele vai serretomado. Bento Gonçalves vai ter e precisa ter um hospital público. Tem muitagente que não quer? Tem. Tem muito político que não quer? Tem. Mas o povo quere vai receber. Enganaram o povo mais uma vez, mais uma vez foi contada amentira de que não era um hospital, era a UPA. Claro, a UPA está lá, é a portade entrada, mas lá atrás teríamos 122 leitos que estão parados, está tudoabandonado. E pelo nosso levantamento precisaríamos de mais dois andares, e seder aumentaremos, se a estrutura de engenharia aguentar, para terminar osleitos e, quando estiver pronto, toda a parte velha seria reformada. E atrás daUPA já tem o projeto pronto do centro cirúrgico. Então, a UPA é só o começo,mas mesmo assim não é uma ‘upinha’, é uma UPA tipo 3. É uma obra completa eforam achar problema no rodapé, para atrasar a obra. Então, a ideia é que oprojeto vai ser retomado, nós teremos o hospital público em Bento. Fui eleitocom essa proposta, e nós começamos. E, depois disso, colocaram na cabeça dopovo que não era um hospital, e o povo sofrendo e pagando plano de saúde. Opovo de Bento vai receber seu hospital, falem o que falar, podem largarpanfleto, mentir, mas o hospital vai sair.
NB: Qual a prioridade para a área da segurança que, recentemente,sofreu bastante com uma grande onda de assaltos?
Lunelli: Nesse período, não dá nem para dizer que se trabalhou zeroem segurança, porque acho que foi -1. Teve alguma atividade em segurança daprefeitura? Se encontrarem uma, eu autorizo a colocarem nessa entrevista. Nósmontamos, no nosso governo, o melhor projeto de segurança que um município podeter, mesmo que não fosse dever do governo municipal, e sim do estadual e dofederal. Na época, o ministro da Justiça era o Tarso Genro e Aírton Michels erasecretário do Pronasci, e foi com ela que montamos o projeto de SegurançaCidadã em Bento Gonçalves. E depois o Tarso foi eleito governador e o Michelsvirou seu secretário, veio inaugurar o projeto conosco no Salão Nobre e elogiou como o melhorprojeto de segurança de um município.
Nós abrangemos todas as áreas,trabalhando a questão dos Cras e da Assistência Social, nós criamos a Casa dePassagem, para ajudar essas pessoas com dificuldades, e a Casa foi fechada. Nósinauguramos a clínica para tratamento de dependentes químicos com 32 leitos,100% SUS, e a nossa proposta, que agora vamos retomar, era dobrar os leitos emquatro anos. Tem muita família sofrendo e muitos cidadãos de Bento que queremse curar desse mal.
Lutamos também para trazer a Delegacia da Mulher e somosuma das poucas cidades que a têm. Junto com isso, criamos a CTEC, acoordenadoria de tecnologia, para depois instalarmos as câmeras devideomonitoramento, em convênio com a Brigada. E instalamos 29 câmeras em pontosestratégicos de Bento. Mas o projeto era chegar a 110 câmeras em mais quatroanos, foi licitado e seria por etapas, porque tem que levar a fibra ótica. Nãosei nem se as câmeras estão funcionando e se estão monitorando. Ficou nas 29mesmo, parou aí e não foi colocada mais nenhuma por esse governo. Nós vamoschegar às 110 e talvez precise mais. É importante, porque o a população ecomércio têm que ter mais tranquilidade.
NB: E quanto à Guarda Municipal, que foi deixada de lado pelo atualgoverno?
Lunelli: A proposta está pronta. Nós criamos todo o processo decomo seria a Guarda, levamos uns dois anos montando todo o procedimento. Deutudo certo e criamos a lei, que foi aprovada. Agora é só realizar um concursopúblico e colocar em prática, capacitar, treinar. Nossa proposta é de 80homens, com oito viaturas, 24 horas por dia. Não deu tempo em função daeleição, mas ela já estaria em funcionamento em Bento Gonçalves.
NB: Mas ainda há quem se manifeste contra a implantação, em função dasdúvidas quanto ao preparo desse efetivo e se, de fato, ele traria uma solução.Como esse projeto aborda essa questão da qualificação da Guarda?
Lunelli: Nós visitamos muitos municípios, convidamos chefes deguardas municipais de outras cidades. Foi tudo feito detalhadamente, dentro dalei, com profissionais da área de segurança. Em momento algum, se esqueceualgum detalhe. Os brigadianos fazem concurso e levam vários meses decapacitação e treinamento, e vai ser a mesma coisa. E depois a Guarda nas ruas,girando nos bairros, protegendo o patrimônio público e a comunidade.
NB: No caso do Policiamento Comunitário, sempre há o questionamento seo valor investido nele pela prefeitura dá o retorno esperado. Qual é a ideiacom relação a esse convênio?
Lunelli: A ideia é, juntamente com a comunidade, em especial asassociações de moradores, ampliar o Policiamento Comunitário. Sempre tivemosuma relação muito positiva com os órgãos de segurança, uma parceria muito boa eque tem que ser retomada.
NB: E a perda do dinheiro para a construção do presídio? O que houvenaquela época e o que pode ser feito nesse sentido?
Lunelli: Naquela novela, na época nós recebemos a área que foicomprada pelo município. Não era uma área ideal, isso dito pelos técnicos, masestava lá. Tudo que o município podia fazer, licenciamento ambiental, medidasmitigatórias, estava tudo certo. O que aconteceu foi que o Governo Federalretirou o dinheiro da rubrica, porque estava lá parado há sete, oito anos, umvalor muito alto e voltou para o caixa único. Agora, é retomar o processo ebuscar o dinheiro, Mas quem constrói é o Estado, não o município. A nossa partefoi cumprida e ainda tem validade, é só os governos estadual e federal tocaremadiante.
NB: Um dos grandesentraves para administração pública tem sido a mobilidade urbana. Quais os seusprojetos para esta área tão necessitada de nossa cidade?
Lunelli: Temos a certeza de que a saída para resolver o problema damobilidade urbana é o investimento no transporte coletivo. Queremos que alicitação do transporte coletivo possa ser retomada, pois encaminhamos oprocesso licitatório durante a nossa administração. Nosso projeto é de quepossamos construir uma nova realidade com as empresas do transporte coletivo. Épreciso que os usuários tenham ônibus de qualidade e mais horários, para quemais pessoas possam utilizar este tipo de serviço. Uma das alternativas é opagamento de um subsídio na passagem para os trabalhadores, um projeto queprecisa ser discutido com as empresas de transporte e os empresários bento-gonçalvenses.O benefício seria diferenciado por faixas salariais, podendo chegar a 50% desubsídio para aqueles que ganham menos. Teríamos uma redução considerável deveículos no nosso trânsito.
Também iremos retomar com força os projetos de mobilidade que projetamos emnossa administração e que o atual prefeito deu continuidade. Temos umplanejamento para a ligação da cidade como um todo, para fazer com que osmotoristas não precisem utilizar as vias centrais para atravessar a cidade.Todas as pavimentações que ocorreram na cidade nos últimos anos foram feitas outiveram seus recursos captados pela nossa administração.Queremos retomar a ideia de investir no transporte coletivo por meio doVeículo Leve sobre Trilhos (VLT). Nosso projeto é fazer uma parceriapúblico-privada, que aproveitaria a malha ferroviária levando o VLT de Tuiutyaté Tamandaré, na divisa com Bento Gonçalves e Garibaldi. Este trajeto, além deservir como mobilidade para os trabalhadores, também poderia ser utilizadopelos turistas. Também queremos aproveitar a malha para criar uma nova rotaturística para a Maria Fumaça, que fosse até o Rio das Antas.
“A licitação dotransporte coletivo precisa ser retomada, para que a população tenha ônibus dequalidade e mais horários de coletivos passando nos bairros”
NB: A questãoenvolvendo os taxistas tem sido um problema crônico, alvo de liminaresjudiciais. Qual o projeto que está sendo preparado para esta categoria?
Lunelli: Mexer de forma errada com os taxistas é uma ofensa com acategoria. O projeto apresentado recentemente é um desrespeito com aquelesprofissionais que estão há 30, 40 anos trabalhando em nossa cidade. Em nossaadministração, sempre foi feito um trabalho de integração e aproximação com ostaxistas. Dezenas deles participaram dos cursos de táxi-turista e sempreestavam abertos às mudanças que nós apresentávamos. Com certeza, se voltarmos aadministrar a prefeitura, um novo projeto será implantado, discutido e definidopela categoria, a fim de não prejudicar este grande número de trabalhadoresdeste setor tão imprescindível para a nossa mobilidade urbana.
NB: A questão da acessibilidade ainda é um problema crônico na cidade. O quevocê pretende fazer neste sentido?
Lunelli: A acessibilidade é uma questão delicada, mas que precisa serdiscutida abertamente. Temos muitas obras antigas no município, que precisam deadequação. Será preciso reunir as entidades dos deficientes para saber quaissão as suas principais reivindicações. Ninguém melhor que os deficientes paranos dar o feedback para a realização das obras necessárias. Todas as obrasrealizadas em nossa administração já previam acessibilidade. Precisamos é defiscalização constante para que as novas obras levem em conta toda aacessibilidade que a lei prevê. Quandofizemos a revitalização da Via del Vino, construímos um modelo deacessibilidade aos deficientes, tirando os postes da área central e colocando afiação subterrânea. Nossa ideia era fazer o mesmo que fizemos na Via del Vinoem todo o quadrilátero central, até a igreja Santo Antônio e depois até aescadaria próximo à Escola Bento. Porém, não sei por que, a atual administraçãoabandonou o projeto, que já tinha dinheiro em caixa para ser realizado. Fizemostudo em sintonia com a Aearv e a Ascon para que possamos fazer o melhor para anossa comunidade.
NB: Uma polêmica em sua administração foi a construção da Rua Coberta. Comovocê vê esta situação e o que faria diferente?
Lunelli: Infelizmente, o projeto da Rua Coberta foi desperdiçado pelo PoderPúblico. Tínhamos um projeto que seria referência no Estado. Nosso projeto seria na área central, junto à praçaWalter Galassi, acabando com a necessidade de locação de barracas eequipamentos para a realização de atividades na Via del Vino. O que a atualadministração fez nem de longe é uma Rua Coberta. Está escondida e o projetofora do que nós tínhamos feito quando fomos captar os recursos. As pessoas quemoram nos bairros, para ir até lá, precisam pegar dois ônibus, o que torna aida inviável. Além disso, nosso projeto previa cafés, restaurantes e um localcom música ao vivo, que iria atrair os turistas para área central novamente. Seformos eleitos e tivermos a chance de buscarmos recursos junto ao GovernoFederal, vamos lutar para que o Centro tenha uma Rua Coberta de verdade, nãoaquilo que foi feito no bairro Planalto.
“Vamos lutar para queo Centro tenha uma Rua Coberta de verdade, não aquilo que foi feito no bairroPlanalto”
NB: Na questão dedesenvolvimento econômico, quais os projetos que você pretende apresentar?
Lunelli: Primeiramente, temos que cuidar do que temos em casa, para depoiscuidar do resto. Nossas empresas tinham apoio de maquinário para terraplenageme a criação de legislação para que elas pudessem ampliar suas áreas físicas egerar mais empregos. Vale lembrar, que nossa administração fomos uma dasprimeiras cidades gaúchas a implantar o MEI (Microempreendedor Individual) etirar centenas de pessoas da informalidade, além de trazermos a Junta Comercialdo Rio Grande do Sul (Jucergs). Vamos criar uma incubadora tecnológica paraempresas de tecnologia interessadas em se instalar em Bento Gonçalves. Serãoespaços de 700 metros quadrados para que eles possam se estruturar e montar oseu negócio. Queremos que venham mais empresas para o município, sem esquecer onosso empresário que é responsável por sermos uma das cidades que mais atraemmão de obra no interior do Estado. Nossas empresas locais precisam servalorizadas sempre em primeiro lugar.
NB: A questãoambiental sempre é um problema em todas as cidades. Quais as suas propostaspara cuidar do meio ambiente?
Lunelli: Nos últimos anos, o desmatamento tem sido acentuado em váriasáreas e isso não pode acontecer. Se está sendo autorizado o corteindiscriminado de árvores, também é preciso providenciar o replantio em outroponto. Isso precisa ser moralizado e feito de forma ordenada. Em nossaadministração, plantamos centenas de árvores. Trouxemos as cerejeiras japonesaspara o município, árvores que servem de cenário para fotos dos turistas e dacomunidade.
Outro problema de Bento é o esgoto. Fizemos um convênio com a Corsan e emdois anos foram feitos projetos e feitas várias obras, principalmente nosbairros Santa Helena e Santa Marta. Em quatro anos, as obras pararam e nada foifeito. Não há cobrança por parte da prefeitura. Conseguimos R$ 86 milhões pormeio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as obras não andam.Depois que eu saí da prefeitura, acho que foram feitos poucos metros decanalização. É preciso de uma retomada urgente deste projeto e uma cobrançamais enérgica junto à Corsan.
Além do cuidado com a água, vamos retomar o projeto para fazermos um parquepúblico junto ao lago da Fasolo, no bairro Progresso. Tínhamos um projetopronto com parte da área comprada pela prefeitura, porém ele foi abandonadopela administração atual. Não sei que fim deu este projeto, só sei que eles nãose interessaram em dar continuidade à construção de um parque público que hojepoderia estar pronto e ser uma das principais atrações turísticas da região.Ele era um projeto do Orçamento Participativo e será retomado, com toda acerteza.
NB: O que pretendedesenvolver com relação à causa animal?
Lunelli: Nós vamos trabalhar com castração massiva de cães e gatos,principalmente no caso das famílias mais carentes. Isso é algo que não podeparar, porque senão tudo que foi feito acaba não dando resultado. E junto comas castrações vamos fazer a chipagem dos animais, com os dados de todos osproprietários, que é mais uma forma de identificar e responsabilizar. Se oanimal estiver perdido ou abandonado e o dono for chamado e não buscar, porexemplo, temos que ter alguma punição. Também vamos colocar circulando pelosbairros o “Pet Móvel”, um veículo equipado e com veterinário, que passará pelascomunidades para consultas, orientações e castrações. E, paralelamente a tudoisso, também vamos desenvolver atividades educativas e de conscientização.
NB: O condomínio Novo Futuro tem sido um problema nos últimos anos. Apesar deser uma área privada, os moradores se sentem abandonados pelo Poder Público.Como você irá atuar caso seja eleito?
Lunelli: O Novo Futuro foi criado pela nossa administração, dando moradiadigna para pessoas que estavam à margem da sociedade, vivendo em áreas derisco. A prefeitura recebe recursos para fazer um acompanhamento por meio daAssistência Social. Infelizmente, os moradores foram deixados de lado peloPoder Público e isso não podia ter acontecido. A atenção precisa ser retomadade forma acentuada, com fiscalização e resolução dos pequenos problemas. Amaioria das pessoas que mora lá é digna e trabalhadora. Temos que conter aquelaminoria que não deixa o projeto prosperar.
Se voltarmos à prefeitura, iremos retomar o projeto do Minha Casa, MinhaVida. Temos condições de realizar esta parceria com a Caixa Federal e ainiciativa privada. Tem muita gente precisando de moradia em Bento Gonçalves eo Poder Público não pode fugir desta responsabilidade.
“Tem muita genteprecisando de moradia em Bento Gonçalves e o Poder Público não pode fugir destaresponsabilidade”
NB: Na área daagricultura, como você pretende auxiliar os produtores rurais?
Lunelli: Esta área é uma que me orgulha, pois o nosso produtor rural foisempre muito valorizado em minha administração. Com o Gilmar Cantelli comosecretário, ele que é agricultor, conseguimos atender boa parte dos anseios dosprodutores. Colocamos máquinas à disposição e as estradas vicinais eram muitobem cuidadas, ao contrário do que acontece hoje. Vale lembrar que os projetosde pavimentação nas localidades de São Miguel e Santa Lúcia, lá no 15 daGraciema, foram idealizados em nossa administração e somente executados peloatual prefeito. Tínhamos um projeto de pavimentação rural que previa mais de140 quilômetros e que será retomado se voltarmos à prefeitura.
Trabalhamos forte para que o produtor pudesse ter a sua pequenaagroindústria. Criamos o selo “Sabor de Bento”, por meio do qual o produtorpode vender o seu produto diretamente na feira e para os turistas, com muitomais qualidade e higiene. Valorizamos os agricultores comprando seus produtospara a merenda escolar das escolas municipais, o que segue até hoje. Nossosprodutores têm que ser muito bem cuidados. Puxamos a água encanada para aspropriedades, o que deu mais dignidade para quem mora no interior. A FeiraLivre e a Feira Ecológica foram reformuladas e melhoradas na nossaadministração, com a aquisição de balanças e barracas para qualificar oatendimento à comunidade.
Além disso, nosso projeto vai incentivar o plantio de mudas diversas, bemcomo reforçar o programa de construção de açudes e a criação de alevinos.Também será dada atenção aos trabalhos de inseminação e criação de animais comgenética comprovada.
“Nosso agricultorprecisar ser muito bem tratado. Ele é uma das joias que nós temos no município”
NB: Um dos grandesproblemas de qualquer prefeitura é a questão envolvendo as obras públicas. Comovocê pretende melhorar a relação entre Poder Público e os bairros?
Lunelli: Este é um problema sério e que precisamos trabalhar de formadiferente do que apenas ter uma Secretaria de Obras. Todos os projetos querealizamos em nossa administração, os milhões de reais que conseguimos emrecursos do PAC foram conquistado com projetos, ouvindo as secretarias de Obrase Mobilidade Urbana e ouvindo as associações de moradores. Nosso planejamento édividir a área urbana em oito grandes regiões, onde teremos uma espécie desubprefeituras, com uma relação direta e imediata para atender a população.Vamos utilizar a agilidade da internet para que as reclamações cheguem de formainstantânea na Secretaria de Obras. Equipes estarão instaladas nestes oitopontos para fazer os pequenos trabalhos e as ações emergenciais, para darmosuma resposta rápida à população.Quando eu fui prefeito, nós recebemos a Secretaria de Obras sem máquinas,tudo muito sucateado e sem condições de utilização. Era um verdadeiro cemitério de tétano eferrugem. Nós temos uma equipe de profissionais maravilhosos e com muita capacidadepara o trabalho. Hoje eu não sei como a coisa está, mas, pelo que soube, muitasmáquinas estão estragadas e em condições. Sem maquinário, não há como fazer aSecretaria de Obras andar.
NB: Caso seja eleito,você pretende dar continuidade aos projetos que estão em andamento pela atualadministração?
Lunelli: Tenho em mente que a administração não é para o partido A ou B,mas sim para a população de Bento Gonçalves. É só o prefeito que troca e osprojetos devem continuar. Vamos analisar tudo o que foi feito e darcontinuidade, sim, aos bons projetos. Nossa administração, por exemplo, deixoumais de R$ 300 milhões em recursos de projetos realizados e com recursos jácaptados. Todo o projeto tem um custo e não é do prefeito, mas sim dacomunidade. Nós tínhamos a melhor equipe de projetos do Brasil e utilizamos anossa equipe da Prefeitura, por isso Bento virou a cidade das obras. Fizemosmuito em nossa administração e tudo o que foi feito na atual gestão foi frutodos projetos idealizados pela equipe que nós montamos. Não interessa quem estásentado na cadeira de prefeito, ele tem que pensar no que vai ser melhor para anossa comunidade.
NB: Quais são seus planos para a área do Esporte em Bento Gonçalves?
Lunelli: A área do Esporte posso dizer que foi deixada de lado nos últimosanos. Nós conseguimos mais de R$ 4,8 milhões em projetos para a construção deum Centro de Alto Rendimento junto ao Montanha dos Vinhedos. Onde está estedinheiro? Por que a obra não foi realizada? Alguém precisa responder sobreisso. O Centro de Alto Rendimento seria um dos mais modernos e equipados doBrasil, trabalhando esportes olímpicos, especializado na formação de atletas ede cidadãos. Ele iria atender mais de mil crianças no contra turno escolar.Vamos torcer para que este recurso não tenha sido perdido e que possamosretomá-lo a partir do ano que vem.
Queremos também fortalecer os campeonatos de futebol nas comunidades dointerior. Há quatro anos, o nosso Distrital perdeu força e está acabando. Noano passado, tivemos menos times disputando o campeonato do que Monte Belo doSul, o que não pode acontecer. O nosso colono precisa ter um campeonato decentee que valorize a participação dos moradores das comunidades.
Temos um projeto para atender as necessidades dos amantes do som automotivoe também do Borrachão, para a aquisição de uma área específica, longe das áreasresidenciais para que estes eventos sejam realizados. Eles geram emprego erenda, além de se tornar um ponto de encontro de quem gosta deste tipo demodalidade. No mesmo local, queremos abrir espaço para esportes radicais, comodownhill, bicicross e quilômetro de arrancada. A área existente fica em Pinto Bandeira, que agora não pertence mais aBento, e aí faríamos um convênio para que ela fosse adquirida e viabilizássemosa construção do espaço com as entidades envolvidas.
NB: E para o Turismo, o que está programado?
Lunelli: Nessa área tão importante, vamos atuar em várias frentes e destaco algumas delas: o fomento ao setor de eventos; a criação de um centro de eventosdo Mercosul; ampliação da promoção turística; fomento ao turismoenogastronômico; programa de apoio à infraestrutura turística; qualificação dosequipamentos e serviços turísticos; aumento da competitividade das rotasturísticas e educação para o turismo.
NB: O Orçamento Participativo sempre foi uma das marcas das prefeiturasadministradas pelo PT. Caso seja eleito, você pretende retomá-lo?
Lunelli: Com certeza, ele será retomado. Todas as inúmeras obras querealizamos e os projetos que deixamos prontos vieram do OrçamentoParticipativo. Eu quero ampliar o OP e transformar em uma espécie de um“Conselhão”, com a participação das associações de moradores e entidades declasse. Teríamos uma Secretaria do OP e da Transparência, na qual teríamos umaprestação de contas contínua de todos os gastos da prefeitura, com um controleexterno da população para evitar atos de corrupção na administração. A ideia éque mensalmente possamos fazer uma prestação de contas para a comunidade. Em2012, fomos eleitos entre os 10 municípios mais transparentes do Estado e,mesmo assim, deu problema. Hoje, no site da Prefeitura, ninguém entende aprestação de contas que está lá. Temos que deixar tudo transparente e àsclaras.
“Não quero voltar aser prefeito para ser escravo de políticos, partidos e CCs. Minha coligação écom o povo de Bento”
NB: Todo o candidatoque quer ser prefeito fala que é preciso um choque de gestão. Qual seria otrabalho desenvolvido por você nesse sentido, caso seja eleito?
Lunelli: Na minha administração, nós reduzimos os CCs de 240 para 120. Acrise está aí e precisamos enxugar ainda mais a máquina pública. Não é porque apessoa votou em mim que ela vai ter direito de ter um emprego na prefeitura.Por isso a nossa coligação não vai ser com partidos, mas sim com o povo. Quantomais partido na coligação, mais gente tem que ser colocada na prefeitura. Eunão quero voltar a ser prefeito para ser escravo de partido e de CCs. Quantomais partidos coligados, mais cargos tem que ser criados. Nós vamos reduzirpara no máximo sete secretarias, que serão grupos de gestão pública. Serãonúcleos de trabalho e não pastas específicas. Também será reduzido o número decontratados e de CCs, com a contratação de pessoas qualificadas, que realmentequeiram trabalhar. Já realizamos isso no meu primeiro mandato. Quandocontratamos a secretária de Turismo Ivane Fávero, por exemplo, o nome dela foiindicado pelo trade turístico, após uma reunião com os integrantes do setor.Pergunta se eu me arrependi. Ela realizou o melhor trabalho na área da históriade Bento. Sabe qual o partido dela? O partido dela era o Turismo. O mesmoaconteceu com o Gilmar Cantelli, que era agricultor e assumiu a Secretaria daAgricultura. Cada área precisa ter um especialista para que consigamos reduzircustos e termos núcleos atuando de forma eficiente.
Profissionalização, eficiência,efetividade e transparência são as palavras que devem nortear a nova gestão.Tudo isso aliado ao incentivo da disseminação de ideias de sustentabilidade,que se mantém no tripé dos fatores econômicos, ambientais e sociais, acrescidos daresponsabilidade social. Na prática, temos que gerir com ética e moral, e complanejamentos a longo prazo voltados sempre para o bem-estar social.
Além disso, vamos rever oscontratos terceirizados e valorizar quem realmente trabalha, eliminando oscontratados amigos e políticos sem funções definidas. É preciso, principalmente, valorizaros servidores do quadro em suas funções, através de condições de trabalho eoportunidades de qualificação e uma melhor remuneração pelos serviçosprestados.