
O trabalho do Projeto Salvando Vidas desempenha um papel fundamental ao resgatar animais, sobretudo aqueles que são vítimas de crimes, como maus tratos. No entanto, o significativo déficit por conta das despesas com as clínicas parceiras fez o trabalho voluntário estancar. Atualmente, o Projeto não resgata mais animais abandonados e vai priorizar somente os que forem vítimas de ações criminosas resgatados de órgãos públicos.
Desde novembro, o Projeto conta com uma nova sede, localizada no bairro São Francisco, em um amplo espaço em prol da reabilitação de cães que foram vítimas de maus tratos. Pelo fato de a prefeitura não fornecer um local adequado para esses animais, tampouco oferecer assistência, os órgãos públicos, a exemplo do 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar – PATRAM, o Projeto dá o respaldo ao abraçar o animal de estimação, inclusive se responsabilizando como fiel depositor.
O Projeto Salvando Vidas é presidido por Maria Manuel, que está há mais de 30 anos desempenhando um papel primordial na causa animal de Bento Gonçalves. Ela promove um trabalho distinto da maioria das ONGs, uma vez que se torna fiel depositária dos animas, responsabilizando-se de todos os trâmites judiciais que envolvem cães retirados de maus tratos, necessitando redobrar os seus esforços na prestação de contas. Uma dor de cabeça a mais, mas que, conforme ela, vale a pena.
“Todo meu esforço é 100% destinado para essas crianças. Sou uma funcionária pública aposentada com um salário pequeno, mas o amor pela proteção animal está no sangue”, relata.
Atualmente, o Projeto conta com três clínicas parceiras, com as quais consegue atendimento com valores significativamente reduzidos: a Centro Veterinário São Francisco, a Pró-Bem, de Caxias do Sul, que realiza castrações a preço popular, e a Clínica Lambe-Lambe, que oferece assistência veterinária diretamente no sítio.
Somente no Veterinário São Francisco, o Projeto Salvando Vidas está em débito com um valor que ultrapassa R$ 6 mil. Conforme Márcia, há 32 padrinhos que auxiliam em contribuições espontâneas, mas o dinheiro arrecadado é destinado somente para o aluguel e as demais despesas do sítio. O montante que o Projeto deve às clínicas é buscado por meio de ações das voluntárias, atrás de rifas, eventos e pedágios solidários. Os gastos mensais, levando em conta somente a assistência básica para os animais, chega a aproximadamente entre R$ 7 a 8 mil.
No sítio, o Projeto visa reabilitar os animais para que possam ser adotados de forma consciente. “Prestamos apoio à população, mas a prioridade é o que o município não atende, que são os três órgãos públicos. É uma correria, Samu Pet não atende extra comercial, se acontecer um caso 17h30 eles não atendem, e os animais não tem horário para ficarem doentes ou serem atropelados. Esses animais, quando acionados com o poder público, independente do horário a gente acolhe, estando com conta negativa ou não, fechados ou não para resgate”, comenta Márcia, que complementa:
“Eles passam por uma reabilitação para estarem aptos para doação. Sem a avaliação do veterinário me dizendo que eles estão aptos eles não saem daqui. Após todo tratamento, eles estão liberados para adoção. É uma adoção assistida, não é qualquer pessoa que vai adotar esses animais, pois são animais que aguardam deferimento judicial e fazemos vistorias dos animais para posteriormente prestarmos conta do animal”, detalha.
Impasse com moradores:
O trabalho voluntário do Projeto está causando incomodo a alguns moradores do bairro, os quais pedem a retirada dos cães do sítio. De acordo com Márcia Manuel, estão protocolando um abaixo-assinado para que o local deixe de contar com os animais, os quais, segundo o que relata a presidente do Projeto, estariam incomodando a vizinhança. “Estamos num impasse com moradores e estão tentando nos tirar, porque se disseminou informações distorcidas do que é o projeto. Os animais são calmos, não latem, pois são trabalhados. Esse “porém” dos latidos está incomodando a vizinhança”, comenta.
Como não se trata de um canil e sim de uma residência como qualquer outra, uma vez que não há CNPJ, Márcia está no seu direito como cidadã em ter os cães no local, desde que estejam bem cuidados.
“Não existe nada que impeça a Márcia de ter os animais lá, ela ou qualquer pessoa. O que está acontecendo é que pessoas próximas estão descontentes pelo ruído dos animais, mas eles estão muito bem tratados, muito bem alimentos e assistidos, até porque ela é nomeada de maneira voluntária como fiel depositária até que o juiz nos acione para realizar a prestação de contas de como está esse animal até o presente momento”, pondera o Sargento do 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar – PATRAM, Vanius Moraes.
Como ajudar?
As pessoas podem auxiliar o Projeto com doações de valores como R$ 20, R$ 30, R$ 40 ou montantes superiores por meio do PIX 572.907.760-20 (chave CPF). Doações de outros mantimentos como rações podem ser direcionadas diretamente com a presidente do Projeto pelo fone (54) 98134-6350.