A revitalização da Praça Vico Barbieri se arrasta por mais de seis meses, mas, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Bento Gonçalves, está prestes a acabar. A previsão é de que a empresa responsável terminará o serviço até a segunda semana de julho. Agora faltam poucos ajustes para conclusão, como a aplicação do piso emborrachado, que iniciou nesta segunda-feira, 04 de julho – até então o parquinho só está com placas de concreto e os brinquedos – o totem e alguns arremates. Porém, além da demora na revitalização, moradores do entorno estão preocupados com a violência e a insegurança no local. 

Muitos moradores da região relataram estarem felizes com a revitalização na praça Vico Barbieri, contudo, acharam uma obra muito cara e demorada. “Achamos que está tudo muito bom, mas não queríamos um projeto tão caro e tão demorado,” conta uma das residentes do bairro Centro e que ocupa o local diariamente (ela preferiu não se identificar). A obra – se caso não surgir nenhum outro aditivo – irá custar R$ 272.378,22 aos cofres públicos. Inicialmente, a empresa responsável pelo projeto, EGM Construtora Ltda, receberia o valor seria R$ 224.356,62 , mas no dia 7 de junho foi anunciada a prorrogação retroativa da data de entrega e mais um acréscimo no valor de R$ 48.021,60 representando uma alta de 21,4% no custo inicialmente projetado para a reforma. 

A questão do “play pet” virou uma pauta um tanto polêmica entre os moradores. “A maioria das pessoas que veem aqui tem cachorros idosos, quando que vão usar aqueles brinquedos? Sem contar que precisa de quase um adestrador de circo para ir ali. Não achamos algo tão útil,” conta Elida Brum, residente do bairro há mais de 14 anos. O “parquinho para pets” contém uma mini rampa, mini túnel, pneu, salto simples e também terá um totem informativo para os tutores. 

Mas uma das maiores dúvidas é a manutenção do local, já que antes da reforma, não cortavam nem a grama e os próprios moradores precisavam ligar para a Prefeitura solicitando o serviço. De acordo com a diretora do IPURB, Melissa Bertoletti Gauer, a ação será feita “seguindo o cronograma organizado pela Secretaria do Meio Ambiente, e de forma periódica” frisa. 

Alta da violência na Praça Vico Barbieri assusta quem considera o local como “seu quintal”

Entretanto, outra questão está preocupando a convivência na praça. Com muitos moradores de rua e usuários de drogas habitando o local, está se tornando perigoso até para levar os animais de estimação para passear. Na semana passada, uma das residentes foi atacada por uma mulher – que segundo relato, estava bêbada e bem transtornada – a perseguindo, jogando uma lata de cerveja nela e no seu cachorro, e ainda a arranhando no rosto. “Foi uma situação terrível, ajudei a moça que sofreu o ataque, pois ela me ligou. Na hora entrei em contato com a polícia, mas acabaram demorando para vir e a mulher foi embora. Nós tínhamos medo que isso um dia iria ocorrer. Precisamos de segurança agora, não apenas depois da praça pronta” destaca a moradora que ajudou a vítima. 

A jovem Graziely de Souza, residente do bairro há quatro anos, conta que já passou por várias situações desagradáveis. “Eu sempre venho aqui duas vezes por dia e por várias vezes moradores de rua ficam me assediando, com assobios e comentários desconfortáveis,” relata. E outra situação é o medo – de agora, ser atacada – mas também assaltada. “Depois das 18h, desço aqui sem celular e sem dinheiro, pois tenho muito receio de algo acontecer, sem contar quando começam a brigar entre eles. Esses dias estava aqui e uma menina pequena também estava na Praça, mas no play pet, então eles começaram a gritar e chutar uma placa, então tive que ir ajudar a criança a sair de lá, pois estava com muito medo,” destaca Graziely. 

Segundo o secretário do Meio Ambiente, Osmar Bottega, a prefeitura já está ciente dessas reclamações e está tomando providências. “As forças de segurança municipais tem percebido e buscado acatar as demandas dos moradores do entorno da região da praça Vico, cientes da instabilidade causada pelos ocupantes da praça. São realizadas ações de intervenção com a presença da GCM no local, seguidas das abordagens e identificações destes e análise de inteligência policial a fim de buscar fontes de delitos do local. Estuda-se a colocação de uma unidade itinerante de segurança instalada no local, uma vez que assim, por um período, a praça recebe um ponto base com a presença de um agente, quase que tempo integral. Além do mais, o efetivo da GCM irá ser ampliado significativamente nos próximos meses, sendo como método de instrução e capacitação dos novos agentes, o patrulhamento em praças e locais públicos”, enfatiza o secretário. 

A grande maioria dos moradores aprova as ações da Prefeitura, mas necessitam de mais atenção nos outros fatores que estão atrapalhando - e que irão atrapalhar - o uso da Praça. “Achamos que a revitalização está sendo ótima, mas se não tiver manutenção e segurança, não terá sentido. Precisamos nos sentir bem vindos aqui e ter um ambiente saudável, pois moramos em apartamento e a Praça acaba se tornando o nosso quintal,” completa Graziely.