Está definido o projeto para construção da Usina de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) de Bento Gonçalves. Nesta terça-feira, 8 de maio, o Comitê Gestor das Parcerias Público-Privadas (PPP) se reuniu para avaliar e decidir, a partir das propostas apresentadas pelas empresas, o projeto que será utilizado como estrutura do modelo de usina. O modelo definido é o que usa o sistema de Pirólise, considerado um dos meios mais eficientes e ecologicamente corretos para o tratamento do lixo.
Na ocasião, foram abertos e analisados os cadernos referentes à modelagem jurídica, nos quais os dois candidatos concorrentes atenderam aos requisitos solicitados. Entretanto, de acordo com questões técnicas, a empresa Planex S/A - Consultoria de Planejamento e Execução, de Minas Gerais, foi definida como o empreendimento mais apto para a execução.
A proposta escolhida foi formatada no modelo de usina de pirólise, que servirá de base para formulação do edital. “Dentro do mês de maio, concluiremos a construção do edital de acordo com o projeto da Planex, para que, ainda em junho, realizemos uma audiência e uma consulta pública para que a população possa se manifestar e opinar sobre o assunto”, explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Bertolini Pasin. “O documento deve ser lançado em julho e após processo licitatório, em agosto já teremos a empresa que irá executar o projeto”, complementa.
A empresa terá de 8 a 12 meses para concluir a obra, tendo como previsão de inauguração ainda no primeiro semestre de 2019. Participaram da reunião o sub-procurador geral do Município, Gustavo Schramm, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Silvio Bertolini Pasin e o adjunto da pasta, Wagner Melo, o secretário de Administração e Governo, Ênio De Paris e o adjunto da pasta, Ivan Toniazzi, representantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, Daniel Amadio e Nestor Stefani, e ainda representantes da secretaria de Finanças, Amanda Somenzi e Elisiane Schenatto.
Saiba mais sobre o sistema de Pirólise
A pirólise é uma reação de decomposição térmica, ou seja, que ocorre por meio da exposição a altas temperaturas. A palavra vem do grego pyrós (fogo) + lýsis (dissolução), e num sentido amplo é caracterizado como a ruptura de uma estrutura molecular original, a decomposição ou a alteração de um composto pela ação do calor em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio.
O uso da pirólise na indústria é amplo, como para produção de carvão vegetal, reprocessamento de pneus para obtenção de óleos e gases combustíveis e na fabricação de fibra de carbono. O processo também é utilizado no tratamento do lixo antes do descarte e para a obtenção de biocombustíveis.
Sob o ponto de vista energético, o processo de pirólise para o lixo é autossustentável, pois a decomposição química causada pelas altas temperaturas na ausência de oxigênio produz mais energia do que consome, e pode ser utilizado com o lixo doméstico selecionado e moído, lixo de processamento de plásticos e lixo industrial. Para que o processo ocorra é necessário fornecer calor ao reator pirolítico, o principal elemento dos processos químicos. Ele é composto por três zonas específicas por onde passa toda a matéria orgânica: zona de secagem, de pirólise e de resfriamento.
Estudos indicam que a pirólise é um dos meios mais eficientes e ecologicamente corretos para o tratamento do lixo, pois além da possibilidade da extração de diversos subprodutos como sulfato amônia, alcatrão, álcoois e óleo combustível, os equipamentos impedem a liberação de substâncias nocivas na atmosfera, diminuem a geração de poluentes como o metano e gás carbônico – principais agentes do efeito estufa – e podem representar futuramente uma alternativa aos aterros sanitários e à incineração do lixo.
O processo é realizado em três etapas:
Na primeira etapa - zona de secagem – é fornecido calor externo ao reator e as altas temperaturas alteram as propriedades moleculares da matéria depositada.
A segunda etapa - é a zona de pirólise, onde ocorrem reações químicas como a fusão, volatilização e oxidação – a passagem de uma substância do estado líquido ou sólido para o estado de gás ou vapor, também chamado de plasma. Desta etapa podem ser retirados alguns subprodutos.
O processo é finalizado na terceira etapa – zona de resfriamento – onde são recolhidas cinzas residuais e também são coletados outros subprodutos, como o bio-óleo.