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Para delegado, morte de crianças Yanomami em área de garimpo pode ter sido acidental

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Carlos Veras (PT-PE), decidiu encerrar a audiência pública ocorrida nes...

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Câmara de Notícias
24/11/2021 às 20h55
Para delegado, morte de crianças Yanomami em área de garimpo pode ter sido acidental
Indígenas participaram da audiência pública, que foi encerrada sem conclusão após princípio de tumulto - (Foto: Antonio Araujo/Câmara dos Deputados)

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Carlos Veras (PT-PE), decidiu encerrar a audiência pública ocorrida nesta quarta-feira (24) com a presença do ministro da Justiça Anderson Torres, em razão de um início de tumulto envolvendo deputados governistas e lideranças indígenas presentes na comissão. Torres foi convidado para falar sobre a morte de duas crianças Yanomami em 12 de outubro passado, supostamente vítimas de dragas instaladas por garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami em Roraima.

A confusão aconteceu logo após a fala do deputado Coronel Chrisóstomo (PSL-RO), ao afirmar que as crianças não morreram em razão do garimpo ilegal – teria sido um acidente, segundo ele – e que o governo Bolsonaro vem investindo na melhoria de vida dos povos indígenas. “Os Yanomami em situação de vulnerabilidade não são deixados para trás. Esse é o governo Bolsonaro”, afirmou.

A audiência não foi conclusiva sobre o tema central, uma vez que o delegado Gilberto Kirsch Júnior, da Polícia Federal, responsável pelo inquérito sobre a morte das crianças, disse que a investigação ainda está em andamento. Ele, no entanto, reforçou a tese de que pode ter ocorrido um acidente. Segundo o delegado, a mãe de uma das crianças mortas não conseguiu relacionar o ocorrido com a presença das dragas no rio onde as crianças morreram.

“Essas crianças estavam usando carotes de combustível cortados ao meio como embarcação. E esses carotes viraram e essas crianças vieram a morrer afogadas”, disse o delegado.

Garimpo ilegal
Os deputados da oposição, no entanto, cobraram do ministro da Justiça mais informações sobre a situação dos garimpos ilegais, em especial no estado de Roraima. “O ritmo desse avanço da mineração ilegal é preocupante. Segundo a Hutukara Associação Yanomami, há mais de 20 mil garimpeiros na região. Existe alguém por trás que está financiando, acobertando, inclusive, os pousos das aeronaves, e abastecimento para que haja funcionamento e atividade desse garimpo ilegal”, disse a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR).

O ministro Anderson Torres, no entanto, disse que o problema do aumento dos garimpos ilegais em Roraima está relacionado com a crise na Venezuela. “Nós estamos vivendo em Roraima um problema gravíssimo, decorrente do problema na Venezuela. O problema dos nossos irmãos venezuelanos que estão entrando no Brasil, e a grande maioria entra legalmente, mas muitos entram ilegalmente, desesperados, e isso tem trazido um problema gravíssimo para Roraima e para os Yanomamis”, disse.

Já o deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) rebateu a fala do ministro e cobrou do governo ações concretas para combater o garimpo ilegal em terras indígenas. “Culpar a Venezuela não é razoável e não vai resolver os nossos problemas. A Venezuela tem os problemas dela lá. Os nossos, nós estamos debatendo aqui”, disse.

Aumento da violência
O deputado Helder Salomão (PT-ES), que pediu a audiência, contestou informações ditas pelo ministro da Justiça de que os investimentos na proteção aos indígenas estariam crescendo durante a atual gestão. Segundo ele, este é o momento mais grave do garimpo ilegal no Brasil e de violência contra povos indígenas.

Salomão citou relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja Católica, segundo o qual 2020 foi o pior ano em conflitos com os povos indígenas desde 1985. “De acordo com esse documento, no que tange aos territórios invadidos, houve um aumento de 102,85% nos conflitos. Calcula-se que mais de 81 mil famílias tiveram suas terras invadidas em 2020 e 58 mil famílias destas são indígenas”, observou.

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