Após de cinco anos do atropelamento que vitimou a advogada Eliana Boniatti, ocorrido em fevereiro de 2012, Robson Poloni de Oliveira, motorista que provocou o crime, foi condenado a 10 anos e cinco meses de reclusão em regime fechado, após julgamento realizado nesta sexta-feira, 14, em Bento Gonçalves, que durou cerca de 10 horas. Apesar da condenação, Oliveira segue em liberdade, aguardando o resultado do recurso da sentença, a ser impetrado por seu advogado de defesa. A condenação por homicídio doloso em um crime de trânsito é uma decisão inédita no município.
O julgamento foi marcado por muita emoção de parte a parte. Atuando na acusação estavam o promotor Eduardo Lumertz e o advogado assistente, Adroaldo Dal Mass, os quais defenderam a condenação do réu por homicídio doloso. Representando a defesa, o advogado Luiz Gustavo Puperi, que sustentou a tese de que o acidente deveria ser classificado como crime de trânsito. Eduardo Jaconi e Maria Letícia Cordeiro foram ouvidos como testemunhas de acusação. Muito emocionados, ambos contaram de forma detalhada como foi o acontecido e as consequências provocadas pela imprudência do motorista. O réu, ouvido por ambas as partes, também demonstrou-se muito abalado com a situação, disse que estava arrependido do acontecido e chorou durante seu depoimento.
Após esgotarem-se as argumentações de parte a parte, os integrantes do júri popular acataram a manifestação do Ministério Público, promovendo a condenação do réu pelos crimes de homicídio com dolo eventual e duas lesões corporais, de natureza grave e leve, das vítimas Eduardo Jaconi e Maria Letícia Cordeiro, que também foram atropeladas no local.
O promotor Eduardo Lumertz afirmou que analisará com mais calma a sentença para verificar se é necessário recurso para aumentar a pena ou não. “Se tratando de crimes em que a pessoa assume o risco de matar outras, com certeza a pena aplicada foi a mais adequada do que as previstas no Código Brasileirode Trânsito”, afirma o promotor.
O advogado assistente de acusação, Adroaldo Dal Mass, afirma que a sentença é um alerta para todos os motoristas. “Duas coisas aconteceram aqui, primeiro, porque foi feito justiça, segundo, é um recado do conselho de sentença, que é integrado pela sociedade, que manda aos motoristas. O nosso trânsito no Brasil e em Bento Gonçalves é uma carnificina. É preciso que mais decisões venham nesse sentido quando na rua, no trânsito, pessoas agem no volante como aconteceu a cinco anos atrás nesse caso lamentável”, ressalta o advogado.
O advogado de defesa, dr. Luiz Gustavo Puperi, preferiu não se pronunciar sobre o resultado do julgamento. Ambas as partes possuem cinco dias para recorrer da decisão.