O sonho do morador do bairro Vila Nova, de Bento Gonçalves, Sebastião da Rosa, de 53 anos, de voltar a andar será concretizado em breve. Por meio da ajuda da comunidade, cerca de R$ 25 mil foram arrecadados dos R$ 30 mil necessários para adquirir a prótese. Há oito dias, Sebastião já está utilizando uma prótese provisória e realizando sessões de fisioterapia para se adaptar ao equipamento, o qual vai lhe proporcionar voltar a cuidar de sua filha, que possui autismo de grau severo, depois de mais de dois anos.
Sebastião, há dois anos, teve uma queda quando estava auxiliando sua filha, rompendo todos os ligamentos do joelho. Depois de mais de 70 dias no hospital, o seu membro inferior direito foi acometido por uma trombose, sendo obrigado a amputá-lo.
Sem sua perna, o morador de Bento Gonçalves não conseguiu mais ajudar a sua filha, que tem autismo de grau severo, e que necessita de suporte substancial, uma vez que apresenta muitas dificuldades em seu cotidiano. O desejo de Seu Sebastião era voltar a andar para justamente ter a sua filha novamente por perto, para poder cuidá-la.
Com a ajuda de diversas pessoas, o montante necessário para adquirir a prótese quase foi atingido. Dos R$ 30 mil necessários, R$ 25 mil foram angariados somente por meio de doações da comunidade. Hoje, a sua esposa está promovendo uma rifa para ajudar na arrecadação do montante do restante para cobrir a despesa da prótese.
Sebastião está realizando sessões de treinamento toda a semana, sobretudo para recuperar os músculos. Segundo ele, serão mais dois meses de reforço muscular para, então, fazer uso de sua prótese permanente. “Vai depender conforme o meu desempenho para me acostumar com a prótese. Daqui uns 30 a 40 dias quero estar caminhando bem. Estou lutando para isso”, explica.
O morador do bairro Vila Nova emociona-se ao falar do auxílio que recebeu através de doações da comunidade em geral, ponderando a sua gratidão a todas as pessoas que o ajudaram de alguma forma.
“Não tenho nem palavras, é a coisa maior do mundo para mim. Eu achava que nunca mais ia conseguir. Quando amputei minha perna o mundo desabou sobre minha cabeça. Quando fui fazer essa avaliação e veio o valor de R$ 30 mil, não tinha condições financeiras para pagar. Ganho um pouco mais que um salário mínimo, e ainda pago o terreno onde eu moro, como é que vou fazer dívida no banco? Não tinha condições. Sou muito grato às pessoas à vida inteira. Se não fosse o coração das pessoas eu nunca conseguiria”, enaltece, Sebastião.
Além disso, Sebastião se diz muito feliz em ter o seu sonho realizado e, sobretudo, conseguir, em breve, ajudar novamente a sua filha e tê-la ao seu lado mais uma vez para cuidá-la e ajuda-la no seu cotidiano. “Acredito que se deve pelo trabalho bem feito que a gente faz perante à comunidade, pelo conhecimento das pessoas e que, por onde passamos, mostramos bom caráter, um bom serviço que fazia sempre. Quem cuida de uma criança autista é uma pessoa privilegiada. As pessoas olham com um carinho muito especial pelo trabalho que a gente faz”, relata.
Sebastião vai seguir com seus treinamentos para se acostumar o mais rápido possível com a prótese para, então, ter uma nova vida e pode contar com sua filha novamente ao seu lado, a qual o faz persistir em lutar para voltar a caminhar normalmente.