O prazo final para cidadãos italianos residentes no Estado enviarem o envelope com a votação do referendo constitucional da Itália encerra nesta quinta-feira, 1º de dezembro, às 16h. Os italianos vão às urnas neste domingo, 4 dezembro ,para decidir sobre a reforma que trata, entre outros pontos, da redução do Senado. O Rio Grande do Sul tem 56 mil eleitores com descendência italiana.
A orientação do cônsul-geral da Itália em Porto Alegre, Nicola Occhipinti, para quem ainda não entregou o documento nos Correios, é de que faça a entrega manual, pois há risco de que a correspondência não chegue a tempo no consulado da capital gaúcha até o prazo final. A ministra das Reformas Constitucionais da Itália, Maria Elena Boschi, esteve no Brasil em setembro e, na época, revelou que uma derrota no referendo sobre a reforma política aprovada pelo Parlamento bloquearia as transformações em curso para tornar o país mais apto a enfrentar os desafios que estão surgindo.
Na consulta popular marcada para 4 de dezembro, os italianos deverão escolher se aprovam ou não a reforma comandada por ela e que altera o funcionamento do Legislativo e a organização do Estado. Segundo Maria Elena, os políticos não podem ter medo de fracassar diante de referendos populares, numa referência ao que ocorreu no Reino Unido em junho, quando os britânicos votaram contra a proposta do então primeiro-ministro David Cameron e optaram pela saída da nação da União Europeia (UE), o chamado Brexit.
Reformas na Constituição italiana vêm sendo discutidas desde os anos 1980. A atual proposta foi apresentada no início do governo do primeiro-ministro Matteo Renzi. Uma das principais alterações afeta o Senado, que não poderia mais dar voto de desconfiança ao governo. O número de senadores cairia de 330 para cem, e eles seriam eleitos indiretamente pela Câmara para representar as regiões — hoje são escolhidos de forma direta pelo povo. A organização do país em comunas, províncias e regiões também seria afetada, com a extinção das províncias. Após dois anos de debates e seis votações no Parlamento, o texto final foi aprovado em abril.