
Em uma iniciativa considerada inédita no país, o governo do Rio Grande do Sul decidiu ampliar a função das guaritas de salva-vidas instaladas nas praias do litoral gaúcho. Além de atuar na prevenção de afogamentos, esses pontos passarão a servir como locais de acolhimento para mulheres vítimas de violência, especialmente durante o período de maior fluxo de turistas no veraneio.
A ação integra a Operação Verão Total e envolve uma articulação entre a Secretaria da Mulher, a Secretaria da Segurança Pública e o Corpo de Bombeiros Militar. Ao todo, 930 guarda-vidas que atuam na temporada receberão treinamento específico para realizar o primeiro atendimento, com foco na escuta qualificada, orientação e encaminhamento das vítimas aos canais formais de denúncia.
As guaritas participantes da iniciativa serão identificadas com adesivos informativos, sinalizando o local como um espaço seguro. Os materiais trarão informações sobre os serviços disponíveis e os canais oficiais de denúncia, além de um QR Code que permite acesso direto à Delegacia Online da Mulher, facilitando o registro da ocorrência de forma discreta e imediata.
Segundo a secretária da Mulher, Fábia Richter, o principal objetivo é oferecer um ambiente de confiança. “O acolhimento será feito com empatia e sem julgamentos. A ideia é que a mulher se sinta segura para buscar ajuda, mesmo em um momento de lazer, como a praia”, afirmou.
A iniciativa também contará com um sistema de georreferenciamento, que permitirá localizar com precisão as guaritas de acolhimento por meio do site da Operação Verão Total. A medida busca agilizar o atendimento e ampliar o acesso à rede de proteção.
O vice-governador Gabriel Souza, responsável pela coordenação da operação, destacou que ambientes de lazer não estão livres de episódios de violência. “O veraneio é um período de grande circulação de pessoas e, infelizmente, situações de violência contra a mulher também podem ocorrer nesses contextos. É fundamental que o Estado esteja presente e preparado para agir”, disse.
Para a secretária-adjunta da Segurança Pública, delegada Adriana Regina da Costa, a ação representa um avanço ao aproximar as vítimas dos mecanismos oficiais de proteção. “Estamos ampliando o acesso das mulheres aos canais formais de denúncia, reduzindo barreiras e oferecendo alternativas de acolhimento em locais estratégicos”, afirmou.
Atualmente, o Rio Grande do Sul possui 16 balneários, sendo 12 no Litoral Norte e quatro no Litoral Sul. Nesta primeira etapa, o adesivo que identifica a guarita como ponto seguro será instalado na estrutura mais movimentada de cada praia, funcionando como referência inicial para o acolhimento.
A expectativa do governo é que a iniciativa contribua não apenas para o enfrentamento da violência contra a mulher, mas também para a conscientização da sociedade, ao transformar espaços públicos tradicionais em pontos ativos de proteção e cidadania.