Inspirada em um recente anúncio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), sobre a construção de pequenos túneis para a passagem de animais na Rota do Sol (ERS-486), em Itati, a Associação Ativista Ecológica (Aaeco) está se mobilizando para a instalação de estrutura semelhante sob a BR-470, no trecho que vai da zona urbana de Bento Gonçalves ao distrito de São Valentim. O pedido de um estudo técnico será encaminhado por meio de ofício, provavelmente na próxima semana, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), já que a rodovia que corta o município é federal.
O objetivo, segundo o secretário-geral da entidade, Gilnei Rigotto, é reduzir o número de atropelamentos de bichos que, ao tentar atravessar a pista, acabam sendo atingidos por veículos que trafegam no local – por outro lado, a medida também pode justamente garantir mais segurança aos motoristas, evitando acidentes ocasionados por estes indesejados encontros.
A sugestão da Aaeco é que a passagem subterrânea seja implantada em um ponto do KM 211 da BR-470, próximo de onde há um acesso para algumas empresas. Ali, em uma área de cerca de 50 metros , Rigotto diz que são frequentes os flagrantes de animais mortos. "Eu, por exemplo, já cheguei a ver vários tamanduás-mirins, graxains, gato-mourisco, preás, iraras, entre outros", conta.
A intenção é que, a partir desta indicação inicial da associação, outros locais lindeiros à rodovia também sejam avaliados pelos órgãos responsáveis. "Nossa fauna está morrendo e ninguém faz nada", lamenta Rigotto.
Como será na ERS-486
Na ERS-486, as estruturas, no total de seis, serão implantadas no trecho da Reserva Biológica Estadual Mata Paludosa. "Os túneis serão formados com peças pré-moldadas afixadas sobre uma laje de concreto. Adicionalmente, cada um dos seis pontos contará com cercas-guia na faixa de domínio, a fim de direcionar o deslocamento dos animais para as passagens”, detalha o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Daer, Richard Polo.
A ação na Rota do Sol decorre de um levantamento, determinado por uma ação civil pública, que apontou que três espécies de anfíbios existentes no local integram o grupo de animais ameaçados de extinção: a perereca-castanhola (Itapotihyla langsdorffii), a perereca-risadinha (Ololygon rizibilis) e a perereca-macaca (Phyllomedusa distincta). As obras devem demorar 20 dias, com bloqueio apenas parcial da estrada.