A arquitetura hoteleira desempenha um papel essencial na criação de ambientes acolhedores, que harmonizam funcionalidade e estética para proporcionar experiências memoráveis aos hóspedes. Um projeto de hotelaria envolve desde o estudo do terreno e da legislação até o planejamento da operação e da experiência do hóspede. “Ele envolve desde o estudo do terreno e da legislação até o planejamento da operação e da experiência do hóspede”, explica a arquiteta Renata Tosi, do escritório SONIAMARIA ARQUITETURA.
Projetar espaços comerciais para hotéis é uma tarefa complexa que exige tanto considerações técnicas quanto criativas, passando pela disposição dos quartos, áreas públicas, materiais de acabamento e elementos de design que reflitam a identidade do estabelecimento.
Um projeto arquitetônico de hotel é a descrição detalhada de toda a estrutura física e operacional do empreendimento. “Um hotel geralmente é composto por áreas de hospedagem, áreas comuns, áreas de serviços e áreas de lazer e eventos”, destaca a arquiteta.
As variações regionais são significativas: em destinos de praia, as áreas externas e de lazer ganham protagonismo; em regiões de negócios, o destaque vai para as salas de eventos e localização estratégica; já em locais históricos, a preservação do patrimônio pode definir e valorizar o projeto.
O projeto de hotel é um documento técnico e descritivo que serve como guia para a construção e operação. O processo passa por várias etapas fundamentais:
Análise do terreno e entorno
Definição do conceito (business, resort, boutique, etc.)
Estudo de viabilidade econômica
Planejamento espacial e zoneamento técnico
Desenvolvimento do projeto arquitetônico e complementares
Alinhamento com a operação hoteleira e perfil do público-alvo
A arquitetura hoteleira também está diretamente ligada à estratégia empresarial. É fundamental analisar fatores como taxa de ocupação, posicionamento de marca, segmento de público (turismo, negócios, luxo, econômico) e estrutura operacional. Esses elementos impactam diretamente no dimensionamento das áreas de serviço e na longevidade do empreendimento.
As pesquisas de mercado são indispensáveis para definir o conceito do hotel e entender o perfil do hóspede. O projeto deve dialogar com o público-alvo — viajantes de negócios, famílias, turistas internacionais, casais ou mochileiros. “Cada perfil exige soluções diferentes de conforto, lazer e operação”, explica Renata Tosi.
A personalização é uma das maiores tendências do setor hoteleiro. Ela pode ser feita através da arquitetura de interiores, que reflete a identidade local, do uso de tecnologia (como check-in digital e automação nos quartos) e da criação de espaços flexíveis — salas multiuso, áreas de convivência e ambientes que conectam cultura, gastronomia e paisagismo.
Embora a classificação por estrelas tenha perdido parte de sua relevância frente às avaliações online, ainda é importante para balizar investimentos e definir padrões de conforto e serviços. “Definir a faixa de atuação ajuda a evitar frustrações tanto para gestores quanto para clientes”, ressalta a arquiteta.
Entre as principais tendências do setor estão:
Sustentabilidade — já não apenas uma tendência, mas um requisito essencial para reduzir desperdícios e promover a eficiência energética.
Hospitalidade híbrida — integração entre hotel, coworking, eventos e lazer.
Design biofílico — valorização da conexão com a natureza.
Tecnologia e automação — uso de inteligência artificial, autoatendimento e experiências personalizadas.
Acessibilidade universal — garantindo inclusão para todos os hóspedes.
Segurança e flexibilidade — projetos que preveem rotas de fuga, prevenção contra incêndio e adaptação de espaços.
A acessibilidade é um pilar essencial na arquitetura de hotéis. A NBR 9050/2020 define as regras básicas para circulação e acessos, prevendo largura mínima de 1,20m (ideal 1,50m) e inclinação de rampas de até 5%.
Hotéis devem dispor de 5% dos quartos acessíveis, com móveis e banheiros adaptados, vãos de portas de no mínimo 80cm e sinalização tátil e visual. “Informações em Braille, contraste visual e piso tátil são fundamentais para garantir que o hotel seja realmente inclusivo”, complementa Renata.
A arquitetura hoteleira vai muito além do design — ela molda experiências, conexões e memórias. Um bom projeto de hotel alia beleza, conforto, sustentabilidade e eficiência operacional, resultando em empreendimentos mais humanos, funcionais e lucrativos.