A “Dressa”, tradicional trança de palha de trigo herdada dos imigrantes italianos, foi oficialmente declarada Patrimônio Cultural Imaterial de Bento Gonçalves. A decisão foi aprovada na sessão ordinária da Câmara de Vereadores desta segunda-feira (15), com a aprovação do Projeto de Lei Ordinária nº 84/2025, de autoria do Executivo Municipal.
A dressa tem raízes profundas na cultura italiana, trazida pelos colonos que chegaram ao Rio Grande do Sul há 150 anos. Feita manualmente com palha de trigo, a trança era confeccionada em encontros comunitários e familiares, onde mulheres e crianças se reuniam para trançar, cantar e compartilhar histórias. Mais do que um objeto artesanal, a dressa simboliza união, fé e prosperidade, sendo utilizada, muitas vezes, para enfeitar casas, igrejas e celebrações religiosas.
Tradicionalmente, a dressa era confeccionada em períodos de colheita, quando a comunidade se reunia em mutirão para celebrar os frutos do trabalho no campo. A trança de trigo, além de seu valor estético, carregava também um significado espiritual: acreditava-se que trazer a dressa para dentro de casa ou para a lavoura representava proteção e fartura.
Atualmente, a prática resiste entre os descendentes de imigrantes italianos, sendo preservada em festas comunitárias, grupos culturais e encontros de valorização da herança italiana. O reconhecimento como patrimônio cultural fortalece a preservação dessa tradição e garante maior visibilidade ao artesanato local.
No ano em que se comemoram os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, o reconhecimento da dressa como patrimônio é simbólico: reafirma o compromisso de Bento Gonçalves, a Capital do Vinho, em manter vivas as memórias, costumes e expressões culturais de seus antepassados.
Segundo a justificativa do projeto, a medida busca preservar, valorizar e transmitir às novas gerações um dos símbolos mais fortes da identidade cultural do município.