A força de um ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul na segunda-feira (28) provocou o colapso de parte da plataforma marítima de Atlântida, uma das estruturas turísticas mais conhecidas do Litoral Norte do Estado. Cerca de 25 metros da plataforma foram destruídos, em um trecho que já estava interditado desde 2023 devido a problemas estruturais.
De acordo com o presidente da Associação dos Usuários da Plataforma (Asuplama), José Luis Rabadan, a interdição ocorreu após laudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indicarem o risco iminente de desabamento por danos em uma viga.
A plataforma, com mais de 50 anos de existência, é símbolo do balneário de Atlântida e um ponto de encontro de pescadores e turistas. A estrutura já apresentava sinais de desgaste, como rachaduras e corrosão, e aguardava a liberação de verbas e autorizações para obras de reforma e recuperação.
O ciclone extratropical provocou ventos superiores a 100 km/h em diversas cidades do Estado. Em Imbé, rajadas chegaram a 133 km/h, segundo medição do Ceclimar. A intensidade dos ventos causou quedas de árvores, postes e destelhamentos em municípios como Capão da Canoa, Tramandaí, Osório e Viamão.
A Defesa Civil do Estado segue monitorando a situação, com alerta para possíveis novas rajadas intensas e ressaca no litoral. Em Capão da Canoa, foi decretada situação de calamidade pública.
Desde o desabamento parcial, a plataforma de Atlântida permanece totalmente interditada, sem prazo definido para reabertura. Técnicos da prefeitura e da Asuplama estudam os danos e avaliam a possibilidade de reconstrução.
Antes da interdição, a plataforma recebia cerca de 30 mil visitantes por ano, servindo também como ponto de observação da fauna marinha, especialmente em períodos de migração de baleias.
Em 2023, um laudo técnico da UFRGS apontou falhas em uma das vigas principais da plataforma, o que motivou o fechamento de parte da estrutura. O custo estimado para recuperação total era de aproximadamente R$ 5,7 milhões, mas os entraves burocráticos entre o município, órgãos federais e a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) impediram o avanço das obras.
O episódio reascende o debate sobre a vulnerabilidade das estruturas costeiras diante de eventos climáticos extremos e cobra uma resposta efetiva do poder público para preservar o patrimônio histórico e turístico da região.