O Dia do Luto acontece nesta quinta-feira (19/6), uma data simbólica que convida a sociedade a refletir sobre as perdas e a importância do acolhimento. Em um país onde a morte ainda é um tabu e o luto ainda é muitas vezes silenciado antes da hora, a data também se torna um chamado urgente à empatia.
Especialista em luto e saúde mental materna, a psicóloga Daniela Bittar, colunista do Portal Além da Perda e uma das organizadoras do Grupo Colcha, iniciativa referência no apoio ao luto perinatal, explica que a dor da perda de um bebê, por exemplo, muitas vezes é invisibilizada pela sociedade, o que aprofunda o sofrimento das famílias. “O luto não é nosso inimigo. Ele é o amigo que vai abraçar a possibilidade dessa transformação. Uma mãe se mistura visceralmente com o filho durante a gestação. A existência dele se consolida nela, mesmo que ele não nasça com vida”, afirma.
Segundo Daniela, a dor da perda é profunda e permanente. “Não há um tempo específico para o luto acabar – ele caminha junto com o amor”, reforça. No caso do luto perinatal, frases como “você é nova, vai ter outros filhos” ou “foi melhor assim” devem ser evitadas. “A mãe quer falar sobre o filho. É preciso chamá-lo pelo nome, lembrar das datas importantes, incluí-lo na árvore genealógica. Quando a sociedade silencia essa dor ou tenta substituí-la, ela fere ainda mais quem já está ferido”, pontua.
Nesse contexto, a sanção da Lei nº 1.640/2022 representa um avanço importante no Brasil ao instituir a Política Nacional de Atenção à Saúde Mental e aos Direitos das Famílias Enlutadas por Perda Gestacional ou Neonatal. A norma estabelece diretrizes para humanizar o atendimento nos hospitais, incluindo o acolhimento psicológico, espaços adequados para despedida, e o direito ao registro de nascimento e óbito, inclusive nos casos de natimortos. Também assegura o direito de sepultar ou cremar o bebê, reconhecendo os vínculos afetivos e a importância dos rituais de despedida. Garantias como essas fazem uma diferença imensurável para quem sofre – e reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas ao cuidado emocional dessas famílias.
Muitas mães ainda enfrentam sentimentos de culpa impulsionados por julgamentos sociais e pela busca por explicações que nem sempre existem. “E se eu tivesse feito diferente?” é uma pergunta comum que revela a tentativa de racionalizar o inaceitável. Para esses casos, o apoio psicológico pode ser decisivo – e, em situações mais graves, é fundamental buscar tratamento especializado para lidar com o trauma.
Para ajudar mães e famílias nesse processo, Daniela elenca cinco passos importantes para enfrentar o luto perinatal:
Iniciativas como o Grupo Colcha e o próprio Portal Além da Perda, desenvolvido pelo Grupo Zelo, têm se mostrado fundamentais nesse acolhimento. O portal reúne artigos, vídeos, entrevistas e histórias reais sobre a vivência do luto, com uma abordagem sensível e respeitosa sobre o tema.
Com atuação nacional, o Grupo Zelo vem reforçando nos últimos anos seu compromisso com o cuidado integral às famílias, promovendo acolhimento, escuta e respeito para quem enfrenta o momento mais delicado da vida: a despedida. “Sabemos que nenhuma estrutura é capaz de reparar a dor de uma perda, mas acreditamos que o acolhimento pode transformar esse momento em algo mais humano, digno e respeitoso. Por isso, investimos em iniciativas como o Portal Além da Perda, que busca informar, apoiar e oferecer um espaço de escuta qualificada para quem sofre”, afirma Roberto Toledo, diretor de operações do Grupo Zelo.