Na manhã desta quarta-feira, 28 de maio, moradores do Vale dos Vinhedos, nas cidades de Bento Gonçalves e Garibaldi, foram surpreendidos pela presença de uma densa espuma branca ao longo de vários trechos dos arroios que cortam a região. A cena chamou a atenção pela intensidade da formação espumosa, que cobriu grandes extensões dos cursos d’água, levantando sérias preocupações ambientais.
As primeiras aparições da espuma foram vistas na localidade de Garibaldina, em Garibaldi, e chegou até o Arroio Pedrinho, em Bento Gonçalves. Segundo relatos de moradores, o fenômeno não é inédito, mas tem se tornado mais frequente em dias de chuva, quando o volume de água aumenta nos mananciais. A principal suspeita da comunidade é de que empresas estejam aproveitando os períodos chuvosos para descartar resíduos nos arroios, camuflando a prática ilegal com o aumento do fluxo hídrico. “É revoltante. Sempre que chove forte aparece essa espuma. Parece que sabem que vai chover e se aproveitam disso para liberar esgoto ou produtos químicos nos arroios”, desabafou um morador que preferiu não se identificar.
A situação foi oficialmente denunciada pela Associação Ativista Ecológica (AAECO). Por meio de seu secretário, Gilnei Rigotto, a entidade protocolou uma representação junto ao Ministério Público de Bento Gonçalves, solicitando investigação urgente sobre a possível poluição dos cursos d’água.
Segundo Rigotto, a espuma é um forte indicativo da presença de tensoativos — substâncias presentes em detergentes, sabões e efluentes industriais. “Essa espuma não é natural. Precisamos de respostas e responsabilização urgente. Os mananciais do Vale dos Vinhedos estão sendo tratados como valas de despejo”, afirmou.
A Prefeitura de Garibaldi, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), foi até o local e realizou uma vistoria. Os técnicos constataram que houve o lançamento irregular de efluente líquido contendo alta concentração de tensoativos e surfactantes — substâncias químicas frequentemente presentes em produtos de limpeza — como causa da formação da espuma.
O despejo ilegal gerou grande volume de espuma, gerando preocupação quanto aos possíveis impactos ambientais e aos riscos à saúde pública. A empresa responsável pelo descarte foi identificada e possui licenciamento ambiental ativo junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM). Os responsáveis foram formalmente notificados e poderão ser responsabilizados conforme determina a legislação ambiental vigente.
Durante a ação, foram coletadas amostras tanto do efluente quanto da água do arroio, que serão encaminhadas para análise laboratorial. Os exames visam detectar a presença de metais pesados e outras substâncias potencialmente nocivas.