O governo do Rio Grande do Sul decretou, nesta segunda-feira (19), emergência em saúde pública devido ao crescimento expressivo de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente em crianças menores de cinco anos. O decreto, assinado pelo governador Eduardo Leite, será publicado no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira (20) e terá validade de 120 dias.
A medida visa o fortalecimento da rede hospitalar para enfrentar a alta demanda provocada pela circulação simultânea de vírus respiratórios, como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e covid-19.
Dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) indicam que, até 19 de maio, foram registradas 4.099 internações por SRAG em 2024 no Estado. Entre essas, 305 evoluíram para óbito, sendo dez mortes entre crianças com menos de cinco anos.
Entre os vírus mais incidentes, a gripe (influenza) apresentou aumento significativo. Os casos subiram de 9, na Semana Epidemiológica 14 (31 de março a 5 de abril), para 116 na Semana 18, representando um crescimento superior a 1.100%. Em 2024, a influenza já causou 526 hospitalizações e 43 mortes no Estado.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é outro agente de preocupação. Neste ano, já foram 495 internações, sendo 471 em crianças pequenas – o que corresponde a 95% do total.
Com a publicação do decreto, as unidades de saúde que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) deverão priorizar ações emergenciais, com foco na ampliação de leitos clínicos e de terapia intensiva voltados ao atendimento de casos de síndromes respiratórias.
A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, destacou que a medida busca evitar o esgotamento da capacidade do sistema de saúde, principalmente na infraestrutura pediátrica, pressionada também pela epidemia de dengue que atinge o Estado.
Para mitigar os impactos da sazonalidade, o governo lançou neste mês a Operação Inverno Gaúcho com Saúde, com investimento de R$ 20,8 milhões. O recurso será aplicado na Atenção Primária e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Do total, R$ 13,65 milhões serão destinados às Unidades Básicas de Saúde (UBS) para ampliação de horário, contratação de profissionais e compra de insumos, incluindo vacinas. Os repasses variam entre R$ 20 mil e R$ 100 mil, conforme o porte populacional.
As UPAs receberão R$ 7,15 milhões, com repasses entre R$ 70 mil e R$ 150 mil por município, conforme a média de atendimentos registrada em 2024. Os valores serão pagos entre 30 de maio e 30 de junho.