As poucas chuvas que caíram sobre Bento Gonçalves ao longo das últimas semanas não foram suficientes para amenizar o impacto causado na principal fonte de água do município. De acordo com a gerência local da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), a barragem São Miguel, de onde vêm 75% do total utilizado no abastecimendo da cidade, está quatro metros abaixo do seu nível de extravasamento.
Sua capacidade máxima é de 12 metros, ou seja, ela opera atualmente com dois terços de sua funcionalidade plena. Para se ter um controle ainda mais preciso, o monitoramento diário – além das tradicionais réguas – tem sido feito por meio de equipamentos de telemetria que foram instalados recentemente na estrutura.
Há cerca de 20 dias, quando o NB Notícias desmentiu os boatos que circulavam sobretudo no WhatsApp, falando de um iminente racionamento, a barragem havia baixado três metros até então, situação que agora piorou. "De fato, não nos dá tranquilidade, porque baixou ainda mais ao invés de recuperar. Foram poucos dias de chuva e isso não foi suficiente. Estamos na mesma situação alarmante, que ainda não exige racionamento, mas sim um consumo consciente", afirma Marciano Dal Pizzol, gerente da unidade de Bento.Os outros 25% ainda são captados no arroio Barracão, que passa por um trabalho de desassoreamento para ampliar a possibilidade de captação para até 2,5 metros de profundidade, em pontos onde antes não passava de 30cm.
Segundo Dal Pizzol, a Corsan tem trabalhado no sentido de minimizar as perdas, já que não tem sido possível, em virtude da estiagem, aumentar o volume tratado. Hoje, essas perdas contablizam de 25% a 30% de toda água pronta para o consumo dos moradores. Esse desperdício, conforme a companhia, ocorre por uma série de fatores que estão sendo acompanhados de perto pelas equipes: aparelhos de medição antigos, que apontam um gasto menor do que o real; vazamentos nas tubulações; e a pressão elevada em determinadas áreas, o que provoca rompimentos nas redes.
DICAS PARA O USO CONSCIENTE DE ÁGUA:
– Não mantenha a torneira ligada na hora de escovar os dentes. Isso pode evitar um gasto até dez vezes maior de água. Na hora de enxaguar a boca, você também pode utilizar um copo;
– Reaproveite a água utilizada no cozimento de vegetais (depois de esfriar) para regar suas plantinhas;
– Explore ao máximo a capacidade dos ciclos das máquinas de lavar roupa e louça, evitando colocar poucas peças por vez;
– Reutilize a água da máquina de lavar na limpeza de pisos e calçadas;
– Na hora de lavar a louça manualmente, retire completamente os restos de comida antes de esfregá-la. Tente sempre enxaguar todos os utensílios de uma só vez. Escolha produtos biodegradáveis e nunca despeje o óleo de cozinha usado na pia, pois é um grande poluente das águas;
– Crie o hábito de tomar banhos mais curtos e, quando possível (nos dias mais quentes), desligue o chuveiro ao ensaboar o corpo ou lavar os cabelos;
– Opte por regar o jardim no início da manhã ou no fim da tarde, que são períodos de menor evaporação da água;
– No mercado (e na internet), pesquise e conheça os produtos que utilizam menos água em seu processo de fabricação;
– Para determinadas tarefas domésticas, como a higienização de fogões, bancadas e vidros, por exemplo, utilize produtos de limpeza que dispensem a necessidade de água;
– Precisa mesmo lavar o carro? Então deixe a mangueira de lado e use um balde;
– Se você tiver espaço em casa (não precisa ser muito!), instale uma cisterna para captar e armazenar água da chuva. Há, inclusive, opções em tamanhos menores;
– Fique atento a eventuais vazamentos nas tubulações. Apenas para se ter uma ideia: um pequeno buraco de 2mm em um cano pode representar uma perda de até 3.200 litros de água por dia;
– Em residências ou empresas, aposte em dispositivos mais modernos para evitar os desperdícios. Exemplos não faltam: bacias sanitárias com descarga reduzida ou dupla; arejadores para torneiras e chuveiros; restritores de vazão; equipamentos com sensor de movimento ou acionamento por pressão, entre outros;
– Espalhe as boas práticas junto a familiares, colegas de trabalho e vizinhos, principalmente no caso de residir em condomínios, onde novas soluções coletivas podem ser apresentadas.