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Safra da uva deste ano deve ter quebra de 25% e uvas com mais qualidade

De acordo com especialista da Embrapa, fatores climáticos favoreceram a maior qualidade do produto, mas a chuva na floração e a forte estiagem devem ocasionar perdas na produtividade.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Notícias de Bento
21/01/2020 às 14h16 Atualizada em 19/02/2020 às 11h15
Safra da uva deste ano deve ter quebra de 25% e uvas com mais qualidade
Divulgação

A Safra da Uva 2020 deve ser marcada por uma uva de qualidade superior e, ao mesmo tempo, uma quebra de 25% na produtividade. Esta é a previsão feita pelo o pesquisador na área de Fisiologia Vegetal da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos. As condições climáticas no ano passado, principalmente no período de maturação, foram alguns dos fatores dessa sazonalidade na produção. 

Segundo Henrique dos Santos, as uvas finas para vinho vêm de um clima mediterrâneo, onde não chove no período de maturação. Elas se mantêm com a umidade que armazenaram no solo no período de chuva. O pesquisador revela que o tempo seco no mês de dezembro favoreceu a maturação, no entanto, a significativa restrição de chuva, somado ao alto índice de chuvas no bimestre outubro/novembro acarretaram perdas na produtividade. 

Nestes dois meses, segundo o pesquisador, houve uma média de 50% a mais de chuva em relação ao previsto para o período. “Só em outubro choveu 259 mm, em novembro, 159 mm. Se pegar a soma da normal do bimestre, o normal teria que ser 296 mm. Choveu nestes dois meses 418 mm. Esse período chuvoso pegou o período de floração da uva, sobretudo as uvas precoces. A chuva na floração tem um impacto na produtividade. Eu diria que esse fator chuva impactou em toda a região uma média em torno de 10%”, ressalta Santos. 

Restrição de chuva em dezembro:

A forte estiagem no período de maturação também afetou a produtividade. “Em dezembro, tivemos uma restrição de chuva de 74%. Choveu 37 mm, enquanto o normal é 144 mm. Se eu pegar o impacto neste período, afetou, de modo geral, o tamanho das bagas e o número de bagas por cacho, mas favoreceu maturação”, explica o pesquisador. 

No entanto, dentro deste fator, deve-se considerar a profundidade de solo onde está localizado o parreiral. Dependendo da profundidade, a estiagem pode ocasionar maiores prejuízos. “Temos na região uma variação de profundidade de solo. Temos muitas plantas que estão quase em cima da pedra. Nesse período da estiagem, ou seja, tivemos uma condição climática, meteorológica adequada, com a restrição de chuva para a maturação, mas se não tem o solo que armazenou a água até aquele período para manter a planta até o final, ela vai sentir e vai realmente impactar negativamente. Por isso estimamos uma quebra na produtividade em torno de 25%”, finaliza o pesquisador. 

Sindicatos de Bento divergem em relação as perdas na safra

Para os representantes dos sindicatos que envolvem a produção da uva, existe uma divergência em relação às perdas no período. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves (STR-BG), Cedenir Postal, a expectativa da safra de uva para indústria era em torno de 580 a 650 milhões de quilos de uva, porém, devido à quebra, esse número não será atingido.


Além dos fatores citados pelo pesquisador, Cedenir acrescentou que o frio tardio também ajudou na quebra da safra da uva. “O inverno chegou tarde, era metade de julho e ainda não tinha feito frio. Com esse frio tardio, a brotação foi desuniforme, e tivemos, não todas as variedades, mas uma grande parte delas problemas na brotação e, por consequência, menos uva/cachos nos parreirais”, explica o presidente. 

O presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider, por sua vez, rebate o percentual e afirma que se trata apenas de uma safra “comum”. “Quando houve a poda, no mês de julho e início de agosto, houve um inverno frio e seco, queimou as gemas e não houve a brotação de algumas variedades, ocasionando uma redução em torno de 5% a 10%. O segundo motivo de perda foi no mês de outubro/novembro, neste período chuvoso, que houve a dificuldade muito grande de fazer o tratamento fitossanitário. Na terceira perda, na estiagem, acredito que seja de 5% de uvas precoces. Porém os fatores ocasionaram perdas em determinadas variedades, e não em todas”, comenta Schneider.

Elson Schneider ainda salienta que as perdas não foram tão significativas para causar alarde. “Somando todos os fatores são 30% de quebra em relação à safra passada. Só que em comparação à safra passada, houve um aumento de produção em torno de 15%. Isso significa que daqui a pouco nós tenhamos uma perda na safra de 15%”, esclarece o presidente.

Apesar das perdas que, segundo Schneider, não são tão significativas, o presidente do sindicato comemora a safra com a qualidade da uva superior em relação aos anos anteriores. “É uma safra que podemos dizer que é normal, mas com melhor qualidade. O que queremos, quantidade ou qualidade? Todo mundo preza pela qualidade. A princípio vamos ter uma safra de maior qualidade, e que interfere direto no suco, no espumante, nos vinhos, que é a qualidade superior”, ressalta o presidente. 

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