
Depois de mais de cinco horas de tensão e apreensão, o vereador Moacir Camerini (PDT) teve seu mandato cassado na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves. Esta é a primeira vez na história política da Capital do Vinho que um parlamentar tem a cassação de seu mandato. A sessão extraordinária realizada na tarde da sexta-feira, 20, durou mais de cinco horas.
O embasamento da acusação foi o relatório de conclusão da CPI das Fake News, que apontou que o vereador Camerini utilizou estrutura física e funcional da Câmara para a criação e a manutenção de perfis falsos nas redes sociais. Segundo a comissão processante, o intuito do vereador, de acordo com a denúncia, era disseminar conteúdos falsos e difamatórios contra autoridades e colegas parlamentares.
A expectativa da defesa de Moacir Camerini, de responsabilidade do advogado Márcio Medeiros Félix, contava com a mudança de quatro vereadores que estavam indecisos, pois, até o momento, o vereador do PDT tinha apenas o seu voto e o do vereador Agostinho Petroli (MDB). A estratégia acabou não funcionando. Apenas o vereador suplente Pastor Edilson Marques votou a favor de Camerini.
Antes da confirmação da cassação de Camerini, mais um suspense. O vereador Neri Mazzocchin (Progressistas) tentou abster-se de votar. Segundo ele, não havia uma justificativa forte para a cassação de seu colega, mas ele também não queria votar contra a medida. Após alguns minutos de tensão e espera, o presidente Rafael Pasqualotto (Progressistas) considerou nulo o voto de Mazzocchin, que agora pode ter até a perda de seu mandato solicitado por quebra de decoro parlamentar, conforme determina o Regimento Interino da Câmara.
No final, por 12 votos a 3, Moacir Camerini teve o mandato cassado. O vereador já está afastado e não participa das duas últimas sessões desta segunda-feira, 23. Em seu lugar, assume o suplente José Gava (PDT), que votou a favor da cassação de Camerini, seguindo orientação do próprio partido do vereador.
Histórico de embates com a administração de Guilherme Pasin
Moacir Camerini, nos últimos anos, foi o principal opositor do governo de Guilherme Pasin. Fazendo críticas duras e ofensivas contra atual administração, tornou-se o alvo dos apoiadores do prefeito. Após a confusão com seus ex-assessores, enfrentou as denúncias de seus ex-funcionários em relação a criação de notícias falsas (Fake News) contra autoridades, políticos e vereadores. Após seis meses de apuração, criação de CPI e Comissão Processante, Camerini perdeu seu mandato muito mais pela difícil relação que tinha com seus colegas de parlamento, do que pelas próprias fake News.
Segundo o vereador do PDT, o caminho agora será a justiça para tentar reaver o mandato, já que na esfera política não há o que fazer. O advogado Márcio Félix afirmou que vai sentar com o vereador para definir as estratégias a serem tomadas. Uma delas vai ser realizada nesta segunda-feira, 23, quando Camerini deve entrar com um pedido de cassação contra o presidente Rafael Pasqualotto.