O Aliança pelo Brasil, novo partido de Jair Bolsonaro, realizou a sua convenção de lançamento, nesta quinta-feira (21), com um forte discurso religioso e de oposição a movimentos de esquerda. O evento ocorreu em um hotel de luxo, em Brasília, a poucos metros do Palácio da Alvorada, residência do presidente da República.
A advogada Karina Kufa, que será uma das dirigentes do novo partido, apresentou oficialmente o programa do Aliança pelo Brasil. O documento que orienta o pensamento político-ideológico da legenda é dividido em cinco tópicos: 1) Respeito a Deus e à religião; 2) Respeito à memória, à identidade e à cultura do povo brasileiro; 3) Defesa da vida, da legítima defesa, da família e da infância; 4) Garantia da ordem, da representação política e da segurança; e 5) Defesa do livre mercado, da propriedade privada e do trabalho.
Em outro trecho, o programa aborda o combate a ideologias como nazismo, socialismo, comunismo e "globalismo". Esta última tem sido atacada por grupos de direita nos últimos anos, e é definida como uma ação para retirar a soberania dos países. "A ideologia do Aliança pelo Brasil aborda temas como a defesa dos valores religiosos, da "família tradicional" e do porte de armas. Um dos trechos do programa – bastante aplaudido pelos presentes – fala que a “laicidade do Estado jamais significou ateísmo obrigatório”.
A convenção confirmou que Jair Bolsonaro será o presidente do Aliança Pelo Brasil e Flávio ocupará a primeira vice-presidência. Entre os outros integrantes da comissão executiva está Jair Renan, o filho mais novo de Bolsonaro, que ainda não havia iniciado a vida pública.
Karina Kufa será a tesoureira do partido, e Gonzaga o secretário-geral. Os demais membros da executiva são: Luiz Belmonte, segundo vice-presidente; Antonio Gomes, primeiro secretário-adjunto; Marcelo Costa, segundo-tesoureiro; Joel Novaes da Fonseca, Sérgio Rocha Cordeiro, Tércio Arnon, Miguel Grilo, Carlos Eduardo Guimarães, Lígia Oliveira e Stefanie Araújo.
Com exceção de Bolsonaro e Flávio, nenhum dos outros componentes da executiva exerce mandato federal. Parte disso se deve ao fato de que os deputados federais que pretendem migrar do PSL para o Aliança deverão ainda passar por uma batalha judicial para poderem trocar de partido sem terem seus mandatos ameaçados.
Calibre de revólver será o número do Aliança Pelo Brasil
Durante transmissão ao vivo no Facebook, nesta quinta-feira, 21, o presidente Jair Bolsonaro comentou a criação da nova sigla Aliança pelo Brasil: novo partido de Bolsonaro. Ele disse que aguarda a definição da Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para saber se poderá fazer a coleta das assinaturas necessárias para a criação da sigla por meio eletrônico. “Se for via eletrônica, em um mês a gente consegue as 500 mil assinaturas [exigidas pela Justiça Eleitoral]. Caso não seja possível, demora mais, e não ficará pronto tão rápido. No meu entender, em um ano ou um ano e meio”, opinou.
O número do novo partido de Bolsonaro para as urnas também foi confirmado: 38. “Tínhamos poucas opções, mas acho que o número 38 é o mais fácil de gravar”, disse o presidente. O número da Aliança pelo Brasil é - de certa forma - uma referência ao calibre de revólver número 38 e, inclusive, Bolsonaro defendeu na live que o partido é favorável à posse e ao porte de armas de fogo como meio de legítima defesa. “Mas não para todo mundo. Desde que tenha alguns pré-requisitos”, garantiu. Durante a convenção do partido, uma escultura feita da logo do Aliança pelo Brasil com balas de diferentes calibres esteve em exposição.