Desde a 0h27min desta sexta-feira, 22, o verão oficialmente começou no Brasil, marcando o início de uma estação que promete temperaturas acima da média histórica, de acordo com o relatório climático produzido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Após um ano que já foi caracterizado por ondas de calor atípicas, a expectativa é que o fenômeno El Niño intensifique as mudanças climáticas ao longo da estação, que se estenderá até 20 de março de 2024.
O El Niño, que altera a distribuição da temperatura da água no Oceano Pacífico, pode resultar em alterações mais intensas no clima brasileiro. A previsão aponta que a Região Norte do país poderá registrar temperaturas com valores até 1ºC acima da média histórica entre janeiro e março. Em relação às chuvas, alguns estados, como Acre, Roraima, Amapá e sudoeste do Amazonas, podem ter volumes próximos ou acima da média no trimestre, enquanto outras regiões, como a maior parte do Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins, podem enfrentar um período de seca.
Na Região Nordeste, a expectativa é de temperaturas acima da média, especialmente nos estados do Maranhão, Piauí e norte da Bahia. Em termos de chuva, há previsão de volumes próximos ou abaixo da média no centro-norte da região, enquanto no centro-sul, devido ao padrão de águas mais aquecidas do Atlântico Sul, podem ocorrer chuvas mais volumosas.
No Centro-Oeste, a tendência é de calor intenso em todos os estados, com valores acima de 1ºC da média histórica. A previsão também indica chuvas próximas ou acima da média em praticamente toda a região, exceto no oeste de Mato Grosso, que deve ter um volume ligeiramente abaixo da média.
Na Região Sudeste, as temperaturas devem permanecer elevadas em todos os estados, com valores acima de 0,5ºC da média. A expectativa é de maior volume de chuva, principalmente em Minas Gerais, onde ela pode ser mais frequente e intensa.
No Sul, é esperado calor próximo ou ligeiramente acima do normal no Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. Em outras áreas do último estado, há a possibilidade de valores na média ou abaixo dela. As chuvas devem ser mais intensas no Rio Grande do Sul, principalmente na parte sul do estado, enquanto em outras áreas da região, ocorrerão chuvas irregulares, com totais próximos ou pouco abaixo da média.
Impactos na Safra
O Inmet destaca os impactos do El Niño na safra de verão 2023/24. Nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia, a chuva ficou abaixo da média em outubro e novembro, resultando em níveis de água no solo muito baixos, o que não favorece as fases iniciais dos cultivos de verão. A previsão é que os níveis continuem baixos nos próximos meses, com déficit hídrico e aumento da evapotranspiração devido às altas temperaturas.
No Brasil Central, a retomada da chuva em dezembro favoreceu o retorno do plantio e desenvolvimento dos cultivos de primeira safra, com exceção do norte de Minas Gerais, onde o cenário ainda não é tão favorável.
Para a Região Sul, os volumes de chuva previstos devem manter elevados os níveis de água no solo, embora a probabilidade de excedente hídrico seja menor em algumas localidades. Com a diminuição da chuva em relação aos meses anteriores, a expectativa é retomar a semeadura das culturas de primeira safra em regiões que estão com atraso.