Até o final deste mês, o Sesc de Bento Gonçalves acolhe a "Exposição Rolê Coolture Trip", com fotografias de Bruna Ferreira evidenciando a cena Hip-Hop na cidade. Financiado pelo Fundo Municipal de Cultura, o projeto, contudo, não ficará restrito aos limites do município: nos próximos meses, as imagens também circularão por São José do Rio Preto (Casa de Criar), Esteio (Ache – Casa da Cultura Hip Hop), Montevidéu (Casa de Cultura Afrouruguaya), voltando a Bento em fevereiro de 2020, onde serão apresentadas na Livraria & Café Dom Quixote.
Junto às fotos, também estão expostos 29 rádios do coletivo Nest Panos, representando um dos tradicionais elementos da cultura urbana. Alguns dos equipamentos são verdadeiras relíquias, e também dividem espaço com outros mais modernos, em modelos importados e nacionais. "Os rádios portáteis sempre deram essa liberdade de levar o som para qualquer lugar. Isso começou lá fora, mas, quando a febre veio para o Brasil,eles começaram a ser fabricados aqui também", explica Bruna. O grupo tem em sua coleção mais de 100 exemplares.
A escolha dos pontos por onde a mostra passará levou em conta critérios que, à primeira vista, podem parecer estar em dois extremos distintos, mas que na verdade se complementam: ao mesmo tempo em que há locais simbólicos, com uma movimentação semelhante à que se vê por aqui, há outros em que o trabalho ainda será como uma "novidade". "Sempre pensamos em lugares com os quais temos uma identificação, mas é importante também ir a outros diferentes. Quando a pessoa tem um pré-conceito, ela acaba evitando. Mas se estivermos onde ela frequenta, a gente acaba atingindo essa pessoa sem querer, e pode gerar uma simpatia. A ocupação desses espaços mais 'tradicionais' traz uma credibilidade maior", afirma Bruna.
A fotógrafa destaca ainda que, apesar de conseguir encaixar propostas em alguns editais públicos, o coletivo tem promovido por conta própria a maioria de suas atividades. Um exemplo é a Maratona Urbana, que ocorre a cada dois meses e envolve, principalmente, crianças e jovens nos bairros. "Nosso trabalho é forte, significativo. Isso tem ajudado a romper algumas barreiras", conclui.