Eles fizeram da matemática uma diversão em seu dia-a-dia, e a consequência de muito empenho, treinamento e do apoio na escola e em casa resultaram em grandes frutos. Os alunos da Escola Estadual Mestre Santa Bárbara, Ana Júlia Marini, de 14 anos, moradora do bairro Licorsul, Vinícius Pauleto da Campo, de 14 anos, que reside em Santa Maria-RS, e Pedro Salini Butteli, de 18 anos, morador do bairro Humaitá, conquistaram medalhas nas Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - OBMEP de 2018. Os três jovens participaram da cerimônia de premiação no início do mês, que ocorreu em Porto Alegre.
Os três alunos são claros exemplos do resultado do trabalho de incentivo ao estudo fomentado pela escola, somado ao apoio incondicional dos familiares em casa, tão importante quanto a ajuda dos professores ao longo da vida acadêmica. Ana e Vinícius, ambos atualmente do 8º ano, conquistaram a medalha de prata no nível 2 da OBMEP, enquanto Pedro, que concluiu o seu primeiro semestre cursando Medicina Veterinária na UFSM, levou para casa a medalha de bronze no nível 1 da olimpíada.
Segundo os alunos, a paixão pela matemática começou desde cedo, sobretudo pela facilidade em lidar com o conteúdo. Hoje, os três jovens não hesitam em afirmar que a matemática é a melhor e principal disciplina para eles na escola. “Sempre tive bastante facilidade, foi por causa disso que comecei a gostar mais de matemática”, afirma Ana. “Desde cedo sempre gostei muito de matemática, e tinha bastante facilidade. Em casa começaram a me ensinar, pois eu queria aprender desde cedo, primeiro a fazer o básico e aos poucos evoluindo nas matérias”, completa Vinícius.
Pedro, que passou em segundo lugar no ENEM (atrás somente de seu irmão gêmeo, Victor) para ingressar à faculdade no curso de Medicina Veterinária, afirma que sempre teve facilidade na disciplina e que procurava o conteúdo além do que era visto em aula para conhecer melhor conteúdos de seu interesse na matemática. “Minha mãe sempre gostou de matemática, e ela nunca me assustava. Ela sempre dizia: ‘entendam que a matemática não é um bicho de sete cabeças, é só mesmo ter uma boa base e estudar sempre, pois se tem uma falha, essa falha vai se agravando ao passar dos anos.’ E sempre foi assim, aprender bem a base para depois passar para o próximo conteúdo”, ressalta Pedro.
Os alunos tiveram uma preparação intensa na escola, a qual fomentou o estudo e o treinamento para ajudar os alunos nas Olimpíadas em busca das medalhas. Além da preparação, os alunos afirmam que o apoio e o incentivo das pessoas aos seus arredores também foram fundamentais para a conquista da medalha. “Uma coisa que ajuda muito é o apoio das pessoas, da professora, na ajuda de fazer as atividades, na família para se preparar antes para você conseguir conquistar essa medalha”, comenta Vinícius. “Para a OBMEP, as pessoas vieram falar que se eu quisesse eu conseguiria, e isso foi o que mais me ajudou para eu conseguir a medalha”, também disse Ana.
Para Pedro, dois fatores são fundamentais para ter sucesso nas provas: muito treinamento e adquirir gosto pela matemática. “Por ser uma olimpíada, tem que ter treino, bastante treino e a pessoa precisa se interessar pela matemática. A OBMEP não é uma matemática aplicada para nosso cotidiano, é a matemática para você entender como ela funciona, como os números se comportam. Estudar para a OBMEP é estudar a teoria da matemática, estudar como ela sai do abstrato para o real. Sem treinamento, não funciona. É preciso treinar, estudar e gostar da matemática. Não é difícil, é só se empenhar que a medalha vem”, explica Pedro.
O incentivo da família e da escola, sobretudo pelo apoio acadêmico oferecido pela instituição de ensino, foram fundamentais para que o resultado no final da olimpíada fosse positivo para Pedro. “A escola une o todo, engloba todas as esferas, familiar, nós mesmo, pois é preciso nossa vontade, mas a escola é como se fosse a cola que gruda tudo isso para que nós tenhamos sucesso na prova”.
Colhendo frutos: além das medalhas, alunos ganham bolsa de estudos do PIC
Além das medalhas, os alunos contemplados nas olimpíadas têm a oportunidade de conquistar uma bolsa de estudos do Programa de Iniciação Científica Júnior (PIC), como é o caso de Ana e Vinícius. Ambos estão se preparando, através do programa, para mais uma prova da Olimpíada de 2019, com aulas no Instituto Federal de Bento Gonçalves (IFRS).
A professora de matemática do Mestre Santa Bárbara, Jucele Glowacki, salienta sobre as oportunidades ofertadas pela escola, como é o caso das olimpíadas: “Não sou só eu, é o conjunto dos professores, de todas as áreas. Mas principalmente pela parte da iniciação científica, pois é um além da sala de aula. Como temos alunos de diversas realidades, precisamos adaptar nosso conteúdo, e a olimpíada é uma oportunidade para esses alunos que gostam de matemática e ir além do conhecimento em sala de aula. Sempre buscamos valorizar os alunos e dar essa chance”, explica a professora.
Ela afirma também que, devido aos bons resultados destes alunos, dentro da sala de aula cria-se um ambiente de competição saudável, e que incentiva os demais alunos a buscarem bons resultados e, por consequência, se dedicarem ainda mais nos estudos. Além disso, Jucele afirma que a participação dos pais no dia-a-dia acadêmico dos filhos é fundamental para estimular os estudos. “A família dos três são bem presentes. Quando fomos a Porto Alegre, as famílias também foram e é bem isso que deve ser feito, que a família possa incentivar, mostrar que o filho consegue, não assustar por se tratar de matemática”, exclama Jucele.
A escola Mestre Santa Bárbara também foi homenageada com um certificado pela OBMEP pelo número de participantes nas olimpíadas de 2018. A diretora da escola, Margarida Mendes Protto, afirma que as conquistas dos alunos não são só méritos deles, mas também de todos os professores pelos quais eles passaram até então na escola. “Para nós é um orgulho. Nós nos sentimos realizados pelo trabalho que está sendo bem feito pelos professores, pois essa conquista é mérito deles e dos professores desde as séries iniciais até o ensino médio. Nós da escola Mestre sempre procuramos propiciar oportunidades, pois é no espaço escolar que eles aprendem, que eles conseguem ver para onde eles vão, para qual rumo eles vão tomar. Ficamos muito felizes em ver eles se destacando”, explica a diretora.