Um ciclone extratropical está prestes a se formar nas proximidades dos litorais do Uruguai e do Rio Grande do Sul, desencadeando chuvas intensas acompanhadas de tempestades na região Sul do Brasil, além de ventos extremamente fortes próximo à costa. Esse processo de ciclogênese terá início na quinta-feira, 02 de novembro, com rajadas de vento significativas no estado gaúcho, soprando do quadrante Leste.
Embora seja comum a dúvida sobre a trajetória dos ciclones extratropicais, é importante esclarecer que esses sistemas abrangem vastas áreas, não se restringindo a uma única cidade. Seu campo de vento se estende por centenas ou, em alguns casos, milhares de quilômetros. Um exemplo ilustrativo ocorreu no mês de julho com um ciclone intenso que causou danos significativos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Apesar disso, o centro do ciclone permaneceu distante de São Paulo, que se encontrava cerca de mil quilômetros ao Norte da sua posição.
Outro ponto fundamental a ser destacado é que a intensidade de um ciclone não é determinada pela sua proximidade à costa, mas sim pela sua pressão atmosférica. A pressão atmosférica mais baixa no centro de um ciclone está diretamente relacionada à sua intensidade.
Neste caso, o novo ciclone extratropical deverá apresentar pressão atmosférica relativamente baixa à medida que se afasta da costa. Entretanto, em seu estágio inicial, quando ainda estiver próximo ao litoral, provocará ventos fortes, mas não tão intensos quanto os ocorridos em julho.
De acordo com a MetSul Meteorologia, a trajetória projetada para esse ciclone extratropical se inicia com a sua formação nas costas do Rio Grande do Sul e do Uruguai. A partir de sexta-feira, 03 de novembro, a baixa pressão estará situada sobre o Leste do Rio Grande do Sul, aprofundando-se durante o dia e se aproximando da costa.
O território gaúcho, em média, experimentará rajadas de vento variando de 50 km/h a 80 km/h, podendo atingir até 80 km/h a 100 km/h, especialmente nas áreas litorâneas e na Lagoa dos Patos. Os impactos do vento forte incluem quedas de árvores, postes e danos estruturais, com possibilidade de interrupções no fornecimento de energia elétrica, particularmente nas áreas abastecidas pela CEEE Equatorial.
Adicionalmente, a região costeira deverá enfrentar uma agitação marítima significativa, com risco de ressaca do mar. Isso decorre dos ventos muito intensos sobre o oceano, alcançando velocidades entre 120 km/h e 150 km/h em alto mar, gerando um swell considerável. A navegação em embarcações menores na costa e em águas interiores, como o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos, é fortemente desaconselhada, dada a combinação de ventos fortes e águas agitadas, incluindo um mar agitado no oceano.
No sábado, 04 de novembro, o ciclone permanecerá sobre o Atlântico, próximo aos litorais do Rio Grande do Sul e do Uruguai, tornando-se ainda mais intenso, com pressão estimada entre 980 hPa e 985 hPa de acordo com diversos modelos. Posteriormente, o sistema se afastará do continente no sentido Leste-Sudeste, à medida que um centro de alta pressão com ar mais frio assumirá a região sul do Brasil, trazendo consigo a chegada do sol.
No domingo, 05 de novembro, o ciclone já estará distante, mas ainda deixará o Sul e o Leste do Rio Grande do Sul com ventos fortes, devido à diferença de pressão entre o centro de baixa pressão no continente e o centro de alta pressão no oceano.