Não é a primeira vez que Márcia Fleck Valduga, moradora de Santa Tereza, lida com uma enchente. Normalmente, os móveis que estão na parte inferior do seu imóvel são colocados na parte superior, uma vez que, segundo ela, a água nunca chegou ao nível do segundo andar. Porém, nesta ocasião, o Rio Taquari alcançou um nível alarmante, deixando a sua família completamente ilhada.
A professora da rede pública estadual de Bento Gonçalves estava em casa, junto com os seus pais, quando ocorreu a enchente. Com a rapidez que as águas subiram, a família, desta vez, não conseguiu salvar muita coisa. Pelo contrário, grande parte dos móveis foram completamente danificados ou levados pela água. Eles só conseguiram sair de sua residência com a ajuda do Corpo de Bombeiros, por meio de bote, uma vez que estavam ilhados.
"A água nunca invadiu a parte de cima da casa. Dessa vez ela invadiu. Tudo foi muito rápido. A gente saiu de dentro da casa com a ajuda dos bombeiros, porque a água já estava pela metade da cintura. Muito difícil, a gente perdeu tudo. Não temos mais nada, somente a casa e um caso que ficou embaixo dos escombros", relata.
Se não bastasse, Márcia teve o seu empreendimento - uma papelaria no Centro - totalmente devastado pela enchente. "Perdi a minha papelaria, os móveis, o que eu tinha de material, tudo. Foi tudo levado pela água. Da mesma forma que colocamos na parte de cima como sempre fizemos, e nunca tinha invadido a parte de cima, e dessa vez atingiu metros acima do normal", lamenta.
A professora, natural de Roca Sales, reside em Santa Tereza há 51 anos. Os seus pais, por sua vez, vivem há muito mais tempo na cidade. A família nunca tinha presenciado tal fato. "Nunca aconteceu o que aconteceu desta vez. Para nós é um filme de terror, abala completamente nosso emocional. Eu já não tenho mais lágrimas, pois acho que já chorei o que tinha de chorar", comenta Márcia.
Um fôlego para dar a volta por cima
Márcia tem presenciado a grande quantidade de doações que o município recebeu nos últimos dias. Particularmente, a professora recebeu um PIX anônimo, que a deixou muito surpresa. Conforme a moradora, a ajuda da comunidade dos municípios vizinhos têm sido um incentivo para não perder as esperanças e para reconstruir a sua vida e a vida de seus pais, que lutaram muito para conquistar cada móvel que foi perdido na enchente.
"O povo está sendo muito solidário. A gente só tem a agradecer muito a essas pessoas. São anjos que apareceram em nossas vidas. Não tem palavras que a gente possa dizer o quanto a gente quer agradecer", comenta Márcia bastante emocionada.
Como ajudar Santa Tereza:
O município conseguiu angariar uma quantidade muito significativa de doações, as quais vieram de diversas partes do Estado. Agora, o que a cidade mais precisa é mão de obra para a lavagem das casas e das estradas, para a retirada dos escombros, logística na distribuição de doações, bem como outras ações que possam vir a somar na reconstrução de Santa Tereza.