Uma quadrilha que utilizava mensagens de áudio e vídeo para extorquir dinheiro de residentes de Bento Gonçalves foi desmantelada pela Polícia Civil. Os criminosos exibiam armas de grosso calibre e ameaças de morte em vídeos para intimidar suas vítimas. A operação bem-sucedida foi liderada pela 1ª Delegacia de Polícia, sob o comando do delegado Renato Nobre Bias. Uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira, 1º de setembro, na sede do órgão, apresentou os detalhes da operação e os prejuízos estimados em R$ 10 mil às vítimas.
As investigações tiveram início nos primeiros meses de 2023, após relatos iniciais de extorsão e ocorrências registradas por vítimas dos criminosos. A Polícia Civil analisou informações para compreender o modus operandi dos estelionatários. Os crimes teriam ocorrido até meados de abril, começando em 8 de março, quando ocorreram disparos de arma de fogo em frente a uma revenda de automóveis. Os vídeos ameaçadores foram enviados aos proprietários de estabelecimentos comerciais e posteriormente viralizaram em grupos de WhatsApp, desencadeando ações semelhantes.
Segundo o delegado Renato Nobre, para identificar os membros do grupo, a Polícia Civil interceptou 13 linhas telefônicas, elaborou diversos relatórios, conduziu oitivas e apresentou representações judiciais para quebra de sigilo telefônico e bancário dos suspeitos. Além disso, foram registradas 60 ocorrências de estelionato na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). O inquérito, com mais de 750 páginas, será encaminhado à Justiça.
No total, 10 pessoas estavam envolvidas no esquema, sendo que duas delas foram mortas, possivelmente, por facções criminosas. As causas desses homicídios estão sob investigação em outros inquéritos policiais, com a suspeita de que tenham sido represálias devido à utilização de nomes de facções criminosas nessa prática criminosa. Três bandidos faziam as extorsões de dentro do Presídio do Apanhador, em Caxias do Sul. Após o golpe, as companheiras dos presos recebiam e distribuíam os valores. Já os outro quatro integrantes eram responsáveis em buscar informações sobre novas vítimas.
Ainda, segundo o delegado, os alvos das extorsões sempre eram pessoas de alto poder aquisitivo. Pelo menos duas pessoas pagaram valores em dinheiro para os criminosos, totalizando em torno de R$ 10 mil. “Há informações e áudios em que os criminosos indicavam locais da cidade para irem filmar casas e carros de luxo na cidade. Posteriormente, com o apoio de outras pessoas, eles conseguiam buscar mais informações dos proprietários para consolidar o golpe”, explicou o delegado.
Após todas as diligências realizadas, a Polícia conseguiu indiciar oito pessoas pelo crime de estelionato. Dessas, três já estão presos no Presídio do Apanhador, em Caxias do Sul, além de suas companheiras, e outras duas pessoas que seguem em liberdade, pois tiveram o pedido de prisão negado pela justiça.