Atualmente, muitos jovens têm se questionado antes de optar pela carreira docente. Seus pais, ao contrário do que ocorria em décadas passadas, nem sempre sonham com essa profissão para os filhos. O fato reflete na diminuição dos cursos de licenciatura em distintas universidades. Assim, emerge a pergunta: Afinal de contas, vale a pena ser docente nos dias atuais? Esta carreira é promissora? Antes de nos debruçarmos sobre a resposta às questões postas, faz-se mister refletir sobre alguns aspectos que consideramos relevantes para dar sustentação à nossa reflexão.
Em primeiro lugar, ao admitirmos que o Brasil não tem uma boa posição no ranking mundial de valorização docente, precisamos nos questionar se a desvalorização do professor ocorre em nível mundial, ou se esse fenômeno é mais localizado. Junto com esses questionamentos, cremos que deve vir outro, não menos importante: que fatores contribuem para esta desvalorização? Pois bem, aqui encontramos alguns pontos que merecem atenção: a política econômica; as políticas públicas de valorização docente; o olhar da sociedade sobre a profissão docente; o olhar do próprio docente sobre a sua carreira, etc.
Em segundo lugar e, como consequência do primeiro ponto de reflexão, é necessário que nos questionemos sobre como recuperar o prestígio de uma carreira. Aqui vários fatores estão envolvidos, entretanto, um deles chama a atenção: o autoprestígio. E como ele ocorre? Segundo vários especialistas da área, a palavra-chave é profissionalização! O que é a profissionalização da ação docente? Trata-se de encarar os saberes da profissão docente em três dimensões principais, segundo o autor português Antonio Nóvoa: a dimensão do conhecimento, a dimensão pedagógica e a dimensão política. A primeira refere-se aos saberes específicos da sua área. A segunda articula-se em torno dos procedimentos prático-metodológicos da docência, ou seja, da sua atuação em sala de aula. E a dimensão política, longe de estar relacionada à militância partidária, está ligada às crenças e valores dos docentes, pois ensinamos também e muito pelo nosso exemplo.
A pesquisadora e professora Maria Isabel Cunha resume esses saberes da seguinte forma, abordando como os docentes aprendem, e como e o que ensinam aos estudantes: a) por meio da formação profissional para o magistério; b) pelo currículo e materiais institucionais; c) através da experiência e prática pedagógica; d) com o conhecimento disciplinar; e) pelos seus saberes pessoais e histórias de vida. Por fim, a autora completa dizendo que é necessário gostar de pessoas.
Mas, e o salário dos professores? Ele vale a pena? Em primeiro lugar, queremos desafiar você a realizar uma pequena pesquisa sobre os salários dos professores das redes públicas municipais da sua região. Busque o plano de carreira e faça as contas! Observe, com atenção, que existem regimes de 20h e de 40h semanais. Provavelmente você encontrará salários mais altos do que os do comércio, que tem um regime de 44h semanais. Alguns municípios pagam mais do que outros. Agora pesquise a rede particular e faça os cálculos. Pense também na carreira universitária e pesquise qual é o salário de um docente do ensino superior na rede pública e na rede privada.
Você provavelmente notará que, assim como em outras profissões, é necessário (re)planejar constantemente a carreira. Pense onde você quer chegar com a carreira docente e, então, responda à nossa pergunta inicial: a carreira docente vale a pena? Ter o privilégio de acompanhar o desenvolvimento de outras pessoas e poder ver que a educação é capaz de transformar as suas vidas e a sua realidade, é uma experiência que poucas carreiras oferecem. Se vale a pena? Em nossa opinião vale a pena sim, e muito!