Pais de alunos autistas estão reclamando da falta de professores na Escola Municipal de Ensino Fundamental Especial Caminhos do Aprender, localizada no bairro São Bento, que atende crianças e jovens surdos e autistas. Mesmo com a presença de monitoras para atendimento, alguns pais optam por deixar seus filhos em casa por não haver profissionais capacitados para atendê-los.
Caroline Buske Manto, mãe de um dos alunos autistas que frequentam a escola, afirma que desde o início das aulas, que começaram no dia 21 de fevereiro, a instituição de ensino não possui professores para atender os autistas. Ela comenta que prefere deixar o seu filho em casa, mesmo possuindo o atendimento das monitoras. “Optei por manter ele em casa até que resolva essa situação, pois ele precisa de uma referência para saber como se comportar. Se ele for para a escola e ficar ocioso, acaba que não sabe mais quem deve obedecer e fica agitado, agressivo”, explica a mãe.
De acordo com a mãe, em visita a escola, a direção afirmou que faltavam três professores e que havia ele e mais duas crianças aos cuidados das monitoras. “Com certeza elas fazem o melhor que podem, porém não é um atendimento específico. Estou indignada por se tratar de uma escola especial, onde os alunos são autistas e têm enorme necessidade de manter uma rotina”, ressalta Caroline.
Essa é a primeira vez que a mãe enfrenta esse problema com o seu filho, de 15 anos, e que está desde 2017 na escola. “É a primeira vez, mas sempre houve falta de monitores e também uma grande rotatividade desses profissionais”, comenta a mãe.
Segundo a diretora da escola, Isabel Caon, todas as escolas municipais estão enfrentando o mesmo problema. Ela afirma que a situação logo será normatizada e que os alunos podem frequentar normalmente a escola, pois o atendimento nunca foi cessado. “Ainda tem falta de professores, mas não é por isso que não vamos atender os alunos, a gente deu um jeito”, confirmou a diretora da escola Caminhos do Aprender.
Smed quer contratar especialistas em Educação Inclusiva
A Secretária Municipal de Educação, Iraci Luchese Vasques, afirmou que na quarta-feira, 6 de março, uma professora da escola que estava há anos na escola pediu transferência, passando a faltar três professores para os autistas. Mesmo assim, ela explica que todos os alunos possuem atendimentos. “Nos autistas, faltam três professores, mas todos eles são atendidos e todos eles possuem o seu monitor particular, pois cada criança tem o seu monitor. Não há ninguém sem atendimento”, afirma a secretária.
Segundo Iraci, as crianças autistas normalmente estão em uma escola regular, porém essas crianças que estão na escola Caminhos do Aprender se tratam dos casos mais delicados, em que a dificuldade para o aprendizado é muito maior. Ela comenta que no início das aulas, o monitor é fundamental para os alunos autistas e possuem uma importância maior em relação ao professor. “A aprendizagem deles ocorre muito delicadamente. A falta do professor faz falta, mas nesse momento que ele está começando as aulas, o monitor é mais importante que o professor, pois o monitor está presente o tempo inteiro com ele”, ressalta Iraci Luchese.
De acordo com a secretária de educação, a expectativa é que os profissionais sejam repostos até o dia 18 deste mês. Os professores que vão repor o quadro de profissionais da escola deverão vir por meio de contratos-temporários. Para os autistas, Iraci afirma que a secretaria busca profissionais que possuem especialização em educação inclusiva. “Para esse tipo de situação, são professores com AEE, especialista em educação inclusiva. Buscamos esse tipo de profissional, que geralmente faz uma pós-graduação nesta área da AEE, que é um atendimento especializado da inclusão”, afirma.
Nas demais escolas, a falta de professores se situa apenas na parte diversificada, que contém a musicalidade, educação para pensar e motricidade. Iraci espera que até o dia 18, todos os quadros de professores das escolas municipais estejam completos.