Segunda, 19 de Maio de 2025
12°C 26°C
Bento Gonçalves, RS
Publicidade

Reforma da Previdência deve manter privilégios a políticos

Deputados federais e senadores vão continuar com a possibilidade de reaposentadoria, fazendo com que permaneçam nos regimes previdenciários aos quais se encontrem vinculados.

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Geraldo Magela/Agência Senado/Divulgação
10/03/2019 às 17h46 Atualizada em 10/08/2019 às 14h30
Reforma da Previdência deve manter privilégios a políticos
Divulgação

Considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao trabalhador comum, a reaposentação é prática comum entre parlamentares. Pelo menos 15 deputados federais e dois senadores que encerraram seus mandatos no final de janeiro se reaposentaram com vencimentos maiores após o exercício de mais alguns anos no Congresso. O acréscimo chega a R$ 18 mil – mais de três vezes o teto do INSS. As informações são do jornal Gazeta do Povo.

Em outubro de 2016, por 7 votos a 4, o Supremo vetou a possibilidade de revisão do benefício para aposentados que continuassem a trabalhar e contribuir para a Previdência Social. Muitos solicitavam na Justiça um novo benefício, incluindo no cálculo as contribuições realizadas após a aposentadoria. Cerca de 180 mil processos aguardavam a decisão do STF.

Essa mesma reaposentação está prevista expressamente na Lei 9.506/1997, que extinguiu o Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), a partir de fevereiro de 1999, e criou o Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC). O artigo 7º dessa lei prevê que o ex-segurado poderá reinscrever-se no plano quando titular de novo mandato. Ele terá revisto o valor da aposentadoria ao término do exercício de novo mandato.

A proposta de reforma da Previdência apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro mantém o privilégio da reaposentadoria para os parlamentares. O texto diz que “será admitida a reinscrição” do ex-segurado de regime de previdência aplicável aos titulares de mandato eletivo que vier a ser titular de novo mandato. A proposta prevê que os ex-segurados poderão permanecer nos regimes previdenciários aos quais se encontrem vinculados.

Aposentadoria e emprego novo

O ex-deputado Paulo Bauer (PSDB-SC), após oito anos no mandato de senador, teve acrescentados R$ 8,7 mil (9/35 avos da remuneração máxima) na sua aposentadoria. Antes, ele havia exercido quatro mandatos na Câmara. O ato do presidente da Câmara foi publicado no mesmo dia em que saiu a nomeação de Bauer para o cargo de secretário especial para o Senado Federal na Casa Civil, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, em 15 de fevereiro.

Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) aposentou-se inicialmente em janeiro de 2005, após três mandatos na Câmara. Mas foi novamente eleito em 2007, cumprindo mais três mandatos. Agora, com a reaposentadoria, teve um acréscimo de R$ 16,4 mil na sua renda (17/35 avos). Beto Mansur (MDB-SP) exerceu dois mandatos na Câmara, mas renunciou em 1997 para assumir a prefeitura de Santos (SP). Retornou à Câmara em 2007 e completou mais três mandatos. Conseguiu agora um reforço de R$ 18,3 mil na sua aposentadoria (19/35 avos).

Ato do presidente Rodrigo Maia também alterou a aposentadoria do ex-deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), concedida originalmente pelo IPC. A sua renda corresponderia a 79,2% do subsídio de parlamentar (R$ 26,7 mil) mais 20/30 avos desse salário. Seriam R$ 46 mil, mas foi respeitado o limite remuneratório constitucional de R$ 33,7 mil. Entre os reaposentados estão ex-deputados de expressão como Bonifácio de Andrada, José Carlos Aleluia, Benito Gama e Heráclito Fortes.

Também houve também novas aposentadorias na Câmara – 21 até a última quinta-feira (21). Entre os deputados, a maior remuneração ficou com Nelson Marquezelli (PTB-SP) – R$ 33,7 mil; seguido de Arnaldo Faria de Sá (PP-SP), com R$ 32,4 mil; José Sarney Filho (PV-MA), com R$ 31,8 mil; e Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), com R$ 29,9 mil.

Senadores de pijama

Dois ex-senadores se reaposentaram neste mês. Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) foi deputado estadual, federal, e aposentou-se em 1987, ao assumir o mandato de governador. Teve o benefício suspenso em fevereiro de 1995, quando voltou ao Senado para cumprir mais três mandatos. A aposentadoria foi restabelecida no início de fevereiro deste ano, com acréscimo de R$ 15,4 mil.

O ex-senador Edison Lobão exerceu dois mandatos como deputado federal e meio mandato no Senado. Aposentou-se em 1991, com renda de R$ 13 mil, quando assumiu o governo do Maranhão. Teve a aposentadoria suspensa em fevereiro de 1995, no seu retorno ao Senado para mais seis legislaturas. Sem conseguir se reeleger, teve o benefício restabelecido em fevereiro deste ano, com valor atualizado para R$ 25 mil. Recebeu também pensão de R$ 30,4 mil como ex-governador até novembro do ano passado. O benefício foi extinto pelo Supremo Tribunal Federal.

José Agripino Maia (DEM-RN) aposentou-se em fevereiro deste ano com renda de R$ 32,9 mil. Também se aposentaram Romero Jucá (MDB-RR), com R$ 23 mil; José Pimentel (PT-CE), com R$ 23 mil; e Armando Monteiro (PTB-PE), com R$ 19,3 mil.

Os parlamentares que tiveram acréscimos na aposentadoria

Em R$

Miro Teixeira (REDE-RJ)                                    19.293

Beto Mansur (MDB-SP)                                    18.328

Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP)                    16.399

Lúcia Vânia (PSDB-GO)                                    13.505

Paulo Bauer (PSDB-SC)                                    8.681

Bonifácio de Andrada (DEM-MG)                  7.717

João Alberto Souza (MDB-MA)                       7.717

Freire Júnior (MDB-TO)                                    4.823

José Carlos Aleluia (DEM-BA)                        3.858

Benito Gama (PTB-BA)                                    3.858

César Antônio de Souza (PSD-SC)               3.858

Heráclito Fortes (DEM-PI)                                3.858

Augusto Carvalho (SD-DF)                            3.858

Valdir Colatto (MDB-SC)                                3.858

Airton Sandoval (MDB-SP)                             964

As maiores aposentadorias concedidas

Em R$

Nelson Marquezelli (PTB-SP)                        33.763

Arnaldo Faria de Sá (PP-SP)                        32.460

José Sarney Filho (PV-MA)                            31.833

Raimundo G. de Matos (PSDB-CE)             29.904

Lobbe Neto (PSDB-SP)                                  28.939

Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA)        28.602

Nelson Meurer (PP-PR)                                  28.071

Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR)                        28.071

Luiz Sérgio (PT-RJ)                                          27.010

Jovair Arantes (PTB-GO)                             26.045

Jaime Martins (PROS-MG)                           23.151

Paulo Feijó (PR-RJ)                                        23.151

Carlos Melles (DEM-MG)                             23.151

Osmar Serraglio (PP-PR)                             23.151

Pedro Ribeiro (PR-CE)                                  23.151

José Mentor (PT-SP)                                    19.293

Pauderney Avelino (DEM-AM)                   16.399

Ronaldo Benedet (MDB-SC)                      15.434

Marcos Montes (PSD-MG)                          15.434

Pedro Chaves (MDB-GO)                            12.540

Luiz Carlos Ramos (PR-RJ)                            7.717

Fontes: Câmara dos Deputados e Senado Federal

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Bento Gonçalves, RS
15°
Tempo nublado
Mín. 12° Máx. 26°
15° Sensação
1.79 km/h Vento
90% Umidade
100% (7.98mm) Chance chuva
07h04 Nascer do sol
07h04 Pôr do sol
Terça
17° 13°
Quarta
13° 10°
Quinta
15°
Sexta
21°
Sábado
° °
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,67 +0,00%
Euro
R$ 6,33 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 628,379,70 +0,93%
Ibovespa
139,187,39 pts -0.11%
Enquete
Nenhuma enquete cadastrada