O número de atendimentos à mulher em casos de violência cresceu consideravelmente em Bento Gonçalves. Porém, apesar do número de atendimentos assustar, ele mostra algo positivo em uma análise profunda da atual situação. A coragem e o emponderamento das mulheres cresceram expressivamente para denunciar os casos de violência de seus companheiros, o que tem ajudado as entidades a auxiliar cada vez mais as mulheres a buscarem e exercerem os seus devidos direitos.
Segundo a titular da Coordenadoria dos Direitos da Mulher, Regina Zanetti, o número de atendimentos em Bento Gonçalves cresceu 35% de 2017 para 2018. No ano de 2017, foram realizados aproximadamente 820 atendimentos. Já no ano passado, o número ultrapassou os 1.200 atendimentos. Para Regina, o aumento se deve pelo fato que as mulheres estão se encorajando mais em denunciar as agressões de seus companheiros. “O que percebemos é que a mulher tem se encorajado mais em denunciar. Não que a violência aumentou, mas a violência está sendo retirada dos locais mais obscuros das residências”, explica Regina.
A Coordenadoria dos Direitos da Mulher e o Centro de Referência da Mulher que Vivencia Violência (REVIVI) são entidades localizadas em Bento Gonçalves criadas em 2007 que têm como objetivo combater a violência doméstica e promover a cultura de denunciar agressões contra mulher. “Através deste trabalho conscientizamos as mulheres sobre os seus direitos, levamos ao conhecimento delas que existe uma rede de apoio, já conseguimos e pretendemos continuar assim evitando que as violências domésticas se agravem”, comenta.
Porém, o trabalho realizado pelas entidades depende, sobretudo, da participação da sociedade visando diminuir a violência contra a mulher. “É um trabalho de formiguinha, mas que a sociedade tem que se conscientizar que ela faz parte disso, ela tem que estar junto no combate, orientando os seus filhos, as escolas orientando os seus alunos a não violência contra a mulher”, ressalta Regina.
Ambas as entidades trabalhos no atendimento das mais diversas situações e de todos os tipos de violência que permeiam a sociedade como física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. A coordenadoria e o Centro Revivi também auxiliam nos casos de reincidência, muito comuns na sociedade. “Temos que fortalecer essa mulher para se emponderar dessa violência. Nós sabemos que existe o ciclo da violência que parte da questão da tensão, vai a agressões físicas e termina na ‘lua de mel’, que é o tudo bem, eu vou mudar. E a mulher tem essa vontade de permanecer com o companheiro na esperança que ele mude. Essa reincidência, esse retorno ao agressor é também uma dependência efetiva e muitas vezes financeira. Muitas mulheres não têm como manter os seus filhos e ficam nesse ciclo de violência”, explica a coordenadora.